De Povos Indígenas no Brasil
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A sobrevivência dos homens e a manutenção da vida em sociedade, no que diz respeito, por exemplo, à obtenção dos alimentos e a proteção contra doenças, depende das relações travadas com esses espíritos da floresta. Dessa maneira, a natureza, para os Yanomami, é um cenário do qual não se separa a intervenção humana.
 
A sobrevivência dos homens e a manutenção da vida em sociedade, no que diz respeito, por exemplo, à obtenção dos alimentos e a proteção contra doenças, depende das relações travadas com esses espíritos da floresta. Dessa maneira, a natureza, para os Yanomami, é um cenário do qual não se separa a intervenção humana.
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==Parceiros na preservação ambiental==
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Apesar de não serem "naturalmente ecologistas", os indígenas têm consciência da sua dependência – não apenas física, mas sobretudo cosmológica – em relação ao meio ambiente. Em função disso, desenvolveram formas de manejo dos recursos naturais que têm se mostrado fundamentais para a preservação da cobertura florestal no Brasil.
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Trata-se de um fato visível nas regiões onde o desmatamento tem avançado com maior rapidez, como nos estados do Mato Grosso, Rondônia e sul do Pará. Em levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), por exemplo, as Terras Indígenas aparecem como verdadeiros oásis de florestas.
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É fato que muitos povos indígenas, como os [[Povo:Surui Paiter | Suruí]], [[Povo:Cinta larga | Cinta-Larga]] e os <htmltag href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kayapo" tagname="a" target="_self">Kayapó</htmltag>, tenham se atrelado ativamente a formas predatórias de exploração dos recursos naturais hoje em vigor na Amazônia, fazendo alianças principalmente com empresas madeireiras. Todavia, é preciso reconhecer que eles o fizeram submetidos a pressões concretas, contínuas, ilegais e como sócios menores desses negócios.
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Hoje e no futuro, é preciso procurar mecanismos para potencializar as chances de os indígenas equacionarem favoravelmente o domínio de terras extensas com baixa demografia. Um desses mecanismos são as ainda incipientes formas de articulação de projetos indígenas com estratégias não-indígenas de uso sustentado de recursos naturais, sejam públicas ou privadas.
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|https://img.socioambiental.org/d/287092-1/meio_xingu.JPG|Vista aérea do posto Diauarum: cerrado e floresta de transição ([[Povo:Xingu | Alto Xingu]] – MT). Foto: Abril Imagens, 1999.}}
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|https://img.socioambiental.org/d/287097-1/meio_arawete.jpg|A volta da caçada na floresta amazônica ([[Povo:Araweté | Araweté]] – PA). Foto: Eduardo Viveiros de Castro, s/d.}}
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|https://img.socioambiental.org/d/294900-1/meio_ambiente.jpg|Voltando da roça entre a savana e os campos alagados ([[Povo:Galibi Marworno | Galibi Marworno]] – AP). Foto: Vincent Carelli, s/d.}}
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|https://img.socioambiental.org/d/294902-1/meio_ambiente_riobranco.JPG|Aldeia Rio Branco em Itanhaém: Mata Atlântica ([[Povo:Guarani | Guarani]] – SP). Foto: José Novaes, s/d.}}
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[[Categoria:Meio ambiente]]
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[[Categoria:Modos de vida]]

Edição das 13h30min de 1 de fevereiro de 2024

Povos indígenas e meio ambiente

Diferentes concepções de "natureza"

Muitas vezes somos levados a pensar que as sociedades indígenas que vivem nas florestas tropicais são povos isolados, intocados, e que vivem “em harmonia” com os seus ambientes.A dificuldade em se compreender as concepções e as práticas indígenas relacionadas ao “mundo natural” e a tendência em aprisionar estes modos de vida extremamente complexos e elaborados na imagem idealizada de uma relação harmônica homem-natureza são exemplos de etnocentrismo.

A visão dos indígenas como homens "naturais", defensores inatos da natureza, deriva de uma concepção de natureza que é própria ao mundo ocidental moderno: a natureza como algo que deve permanecer intocado, alheio à ação humana. Mas o que os povos indígenas têm a dizer sobre o assunto é bem diferente.

Rio Xingu.
Rio Xingu.

As concepções indígenas de “natureza” variam bastante, pois cada povo tem um modo particular de conceber o meio ambiente e de compreender as relações que estabelece com ele. Porém, se algo parece comum a todos eles, é a idéia de que o “mundo natural” é antes de tudo uma ampla rede de inter-relações entre agentes, sejam eles humanos ou não-humanos. Isto significa dizer que os homens estão sempre interagindo com a “natureza” e que esta não é jamais intocada. Os Yanomami, por exemplo, utilizam a palavra urihi para se referir à "terra-floresta": entidade viva, dotada de um "sopro vital" e de um "princípio de fertilidade" de origem mítica. Urihi é habitada e animada por espíritos diversos, entre eles os espíritos dos pajés yanomami, também seus guardiões.

A sobrevivência dos homens e a manutenção da vida em sociedade, no que diz respeito, por exemplo, à obtenção dos alimentos e a proteção contra doenças, depende das relações travadas com esses espíritos da floresta. Dessa maneira, a natureza, para os Yanomami, é um cenário do qual não se separa a intervenção humana.


Parceiros na preservação ambiental

Apesar de não serem "naturalmente ecologistas", os indígenas têm consciência da sua dependência – não apenas física, mas sobretudo cosmológica – em relação ao meio ambiente. Em função disso, desenvolveram formas de manejo dos recursos naturais que têm se mostrado fundamentais para a preservação da cobertura florestal no Brasil.

Trata-se de um fato visível nas regiões onde o desmatamento tem avançado com maior rapidez, como nos estados do Mato Grosso, Rondônia e sul do Pará. Em levantamento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), por exemplo, as Terras Indígenas aparecem como verdadeiros oásis de florestas.

É fato que muitos povos indígenas, como os Suruí, Cinta-Larga e os Kayapó, tenham se atrelado ativamente a formas predatórias de exploração dos recursos naturais hoje em vigor na Amazônia, fazendo alianças principalmente com empresas madeireiras. Todavia, é preciso reconhecer que eles o fizeram submetidos a pressões concretas, contínuas, ilegais e como sócios menores desses negócios.

Hoje e no futuro, é preciso procurar mecanismos para potencializar as chances de os indígenas equacionarem favoravelmente o domínio de terras extensas com baixa demografia. Um desses mecanismos são as ainda incipientes formas de articulação de projetos indígenas com estratégias não-indígenas de uso sustentado de recursos naturais, sejam públicas ou privadas.


Panorama da Diversidade

Vista aérea do posto Diauarum: cerrado e floresta de transição ([[Povo:Xingu | Alto Xingu]] – MT). Foto: Abril Imagens, 1999.Vista aérea do posto Diauarum: cerrado e floresta de transição ( Alto Xingu – MT). Foto: Abril Imagens, 1999.
A volta da caçada na floresta amazônica ([[Povo:Araweté | Araweté]] – PA). Foto: Eduardo Viveiros de Castro, s/d.A volta da caçada na floresta amazônica ( Araweté – PA). Foto: Eduardo Viveiros de Castro, s/d.
Vista da aldeia do Meruri no cerrado ([[Povo:Bororo | Bororo]] – MT). Foto: Luís Donisete B. Grupioni, s/d.Vista da aldeia do Meruri no cerrado ( Bororo – MT). Foto: Luís Donisete B. Grupioni, s/d.
Serra da Bodoquena: vegetação de cerrado e mata calcária ([[Povo:Kadiwéu | Kadiwéu]] – MS). Foto: Correio do Estado, s/d.Serra da Bodoquena: vegetação de cerrado e mata calcária ( Kadiwéu – MS). Foto: Correio do Estado, s/d.
Voltando da roça entre a savana e os campos alagados ([[Povo:Galibi Marworno | Galibi Marworno]] – AP). Foto: Vincent Carelli, s/d.Voltando da roça entre a savana e os campos alagados ( Galibi Marworno – AP). Foto: Vincent Carelli, s/d.
Aldeia Rio Branco em Itanhaém: Mata Atlântica ([[Povo:Guarani | Guarani]] – SP). Foto: José Novaes, s/d.Aldeia Rio Branco em Itanhaém: Mata Atlântica ( Guarani – SP). Foto: José Novaes, s/d.