De Povos Indígenas no Brasil
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==Isolados: histórico==
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<htmltag tagname="h1">Isolados: histórico</htmltag>
===1986 > ONGs discutem a situação dos isolados===
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==1986 > ONGs discutem a situação dos isolados==
  
 
A preocupação com a situação de risco desses grupos fez com que, em outubro de 1986, fosse organizado pelo <htmltag tagname="a" target="_blank" href="http://www.cimi.org.br/">Conselho Indigenista Missionário - CIMI</htmltag> e pela Operação Anchieta - Opan (hoje Operação Amazônia Nativa), um encontro sobre Índios Isolados e de contato recente. Participaram também várias ONGs, entre elas a UNI, o Cedi, o CTI, a CPI-SP e outras, além da Funai, num total de 23 participantes.
 
A preocupação com a situação de risco desses grupos fez com que, em outubro de 1986, fosse organizado pelo <htmltag tagname="a" target="_blank" href="http://www.cimi.org.br/">Conselho Indigenista Missionário - CIMI</htmltag> e pela Operação Anchieta - Opan (hoje Operação Amazônia Nativa), um encontro sobre Índios Isolados e de contato recente. Participaram também várias ONGs, entre elas a UNI, o Cedi, o CTI, a CPI-SP e outras, além da Funai, num total de 23 participantes.
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O comunicado criticava também a atitude da Funai, pelo abandono desses índios: "não é de se estranhar, portanto, que a Funai esteja anunciando seu Plano Especial para atração dos últimos grupos indígenas isolados, o que nos parece ser o objetivo de facilitar a implantação dos novos planos governamentais (PDA, Calha Norte etc). Manifestamos, por isso, nossa legítima preocupação pelo destino dos povos indígenas que ainda resistem bravamente na Amazônia". Nesse encontro, foi feito o mapeamento dos grupos isolados no Brasil e elaborada uma pauta com as conclusões do Encontro para ser veiculada entre as entidades indigenistas.  
 
O comunicado criticava também a atitude da Funai, pelo abandono desses índios: "não é de se estranhar, portanto, que a Funai esteja anunciando seu Plano Especial para atração dos últimos grupos indígenas isolados, o que nos parece ser o objetivo de facilitar a implantação dos novos planos governamentais (PDA, Calha Norte etc). Manifestamos, por isso, nossa legítima preocupação pelo destino dos povos indígenas que ainda resistem bravamente na Amazônia". Nesse encontro, foi feito o mapeamento dos grupos isolados no Brasil e elaborada uma pauta com as conclusões do Encontro para ser veiculada entre as entidades indigenistas.  
  
===1987 > Sertanistas da Funai se reúnem e criam a Coordenadoria de Índios Isolados===
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==1987 > Sertanistas da Funai se reúnem e criam a Coordenadoria de Índios Isolados==
  
 
Em junho de 1987, ocorreu o Primeiro Encontro Nacional de Sertanistas, promovido pela Funai e organizado pelo sertanista Sidney Possuelo, para discutir a questão dos índios isolados. Os participantes debateram e avaliaram a difícil situação dos povos contatados e decidiram que a nova política da Funai seria de contatá-los apenas se estivessem em risco e não mais para liberar a área para projetos de infra-estrutura, como ocorria até então.
 
Em junho de 1987, ocorreu o Primeiro Encontro Nacional de Sertanistas, promovido pela Funai e organizado pelo sertanista Sidney Possuelo, para discutir a questão dos índios isolados. Os participantes debateram e avaliaram a difícil situação dos povos contatados e decidiram que a nova política da Funai seria de contatá-los apenas se estivessem em risco e não mais para liberar a área para projetos de infra-estrutura, como ocorria até então.
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Esse órgão da Funai foi dirigido por Sydney Possuelo, com alguns intervalos, até o início de 2006, quando Possuelo foi demitido do cargo pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. A partir de então, a CGII passou a ser coordenada pelo sertanista Marcelo Santos, que já tinha feito parte do órgão. Foi depois coordenada por Elias Biggio e atualmente é coordenada por Carlos Travassos.
 
Esse órgão da Funai foi dirigido por Sydney Possuelo, com alguns intervalos, até o início de 2006, quando Possuelo foi demitido do cargo pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. A partir de então, a CGII passou a ser coordenada pelo sertanista Marcelo Santos, que já tinha feito parte do órgão. Foi depois coordenada por Elias Biggio e atualmente é coordenada por Carlos Travassos.
  
Esta coordenação atende também, desde dezembro de 2009, os povos recém contatatos e por isso é denominada hoje de Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC). A CGIIRC conta com doze Frentes de Proteção Etnoambiental:  Vale do Javari (AM), Purus (AM), Juruena (AM, PA, MT),  Envira (AC), Yanomami (RR), Madeira (AM, RO), Guaporé (RO),  Uru-Eu-Wau-Wau (RO), Cuminapanema (PA, AP), Médio Xingu (PA), Madeirinha (MT) e Awa-Guajá (MA).== Onde estão os isolados ==
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Esta coordenação atende também, desde dezembro de 2009, os povos recém contatatos e por isso é denominada hoje de Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC). A CGIIRC conta com doze Frentes de Proteção Etnoambiental:  Vale do Javari (AM), Purus (AM), Juruena (AM, PA, MT),  Envira (AC), Yanomami (RR), Madeira (AM, RO), Guaporé (RO),  Uru-Eu-Wau-Wau (RO), Cuminapanema (PA, AP), Médio Xingu (PA), Madeirinha (MT) e Awa-Guajá (MA).
 
 
As informações apresentadas a seguir são parte do trabalho de <htmltag tagname="a" target="_blank" href="http://www.socioambiental.org/prg/mon.shtm">Monitoramento das Terras Indígenas</htmltag> que o <htmltag tagname="a" target="_blank" href="http://www.socioambiental.org/">Instituto Socioambiental</htmltag> realiza desde 1983. Essa pesquisa possibilitou organizar a relação das terras reconhecidas para ocupação dos isolados, e também as terras que, embora demarcadas e homologadas para outros povos, abrigam grupos isolados, assim como as referências de índios isolados nas diversas regiões da Amazônia e sobre um pequeno grupo na região de Goiás/Noroeste de Minas Gerais. Estas informações são provenientes da relação elaborada no Encontro de 1986, atualizada permanentemente por pesquisadores e confrontadas com a lista elaborada pela Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC-Funai).
 
 
 
<table class="table table-responsive table-hover">
 
    <caption>Isolados em TIs reconhecidas para eles
 
    </caption>
 
        <tr>
 
            <th class="header">Terras Indígenas</th>
 
            <th class="header">Estado</th>
 
            <th class="header">Situação Jurídica</th>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3915">Alto Tarauacá</htmltag>
 
            obs: Xinane e Igarapé D'ouro</td>
 
            <td>AC      </td>
 
            <td>Homologada Registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/5101"><span>Cabeceiras dos Rios Muru e Boiaçu</span></htmltag></td>
 
            <td>AC</td>
 
            <td>Em identificação</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3810">Hi Merimã</htmltag></td>
 
            <td>AM</td>
 
            <td>Homologada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4924">Igarapé Taboca do Alto Tarauacá</htmltag></td>
 
            <td>AC</td>
 
            <td>Com restrição de uso</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/5202">Ituna/Itatá</htmltag></td>
 
            <td>PA</td>
 
            <td>Com restrição de uso</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4712">Jacareuba/Katawixi</htmltag>
 
            obs.: quase integralmente dentro do Parque Nacional Mapinguari e com uma pequena parte dentro da Resex Ituxi</td>
 
            <td>AM</td>
 
            <td>Com restrição de uso</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4144">Kawahiva do Rio Pardo</htmltag></td>
 
            <td>MT</td>
 
            <td>Declarada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3920">Massaco</htmltag></td>
 
            <td>RO</td>
 
            <td>Homologada registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3964">Piripkura</htmltag>
 
            obs.: chamados de Piripicura pelos índios Gavião da TI Igarapé Lourdes, esses índios se localizam na área entre os rios Branco e Madeirinha, afluentes do Roosevelt/MT. Já foram contatados dois índios, e parece existir mais um grupo sem contato de cerca 17 pessoas.</td>
 
            <td>MT</td>
 
            <td>Com restrição de uso</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" href="https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/5360">Pirititi</htmltag></td>
 
            <td>RR</td>
 
            <td><span style="color: rgb(34, 34, 34); font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">Com restrição de uso</span></td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3983">Riozinho do Alto Envira</htmltag></td>
 
            <td>AC</td>
 
            <td>Declarada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4570">Tanaru</htmltag></td>
 
            <td>RO</td>
 
            <td>Com restrição de uso</td>
 
        </tr>
 
</table>
 
 
 
 
<table class="table table-responsive table-hover">
 
    <caption>
 
    TIs reconhecidas para outros índios, também habitadas por índios isolados
 
    </caption>
 
        <tr>
 
            <th class="header">Terras indígenas</th>
 
            <th class="header">Isolados</th>
 
            <th class="header">Estado</th>
 
            <th class="header">Situação Jurídica</th>
 
        </tr> 
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/5001">Apiaká do Pontal e Isolados</htmltag>
 
            (Apiaká)</td>
 
            <td>Em 1984, o antropólogo Eugenio Wenzel, que viveu mais de 15 anos com os índios Apiaká , informou que havia notícias sobre a existência de um grupo de Apiaká que, depois de viver em contato com a sociedade regional e sofrer massacres no período da borracha no início do século 20, fugiu, afastando-se das margens dos rios maiores. Localiza-se na região dos rios Ximari e Matrinxã, entre os rio Teles Pires e Juruena, no município de Apiacás/MT e Apui/AM.</td>
 
            <td> MT e AM</td>
 
            <td>Identificada e aprovada pela Funai</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3575">Alto Turiaçu</htmltag>
 
            (Ka'apor e Tembé)</td>
 
            <td>Guajá isolados, no igarapé Jararaca</td>
 
            <td> MA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3594">Arara do Rio Branco</htmltag></td>
 
            <td> </td>
 
            <td> MT</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3600">Araribóia</htmltag>
 
            (Guajajara)</td>
 
            <td>Guajá isolados</td>
 
            <td> MA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3603">Aripuanã</htmltag> 
 
            (Cinta Larga)</td>
 
            <td> </td>
 
            <td> MT/RO</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3645">Caru</htmltag>
 
            (Guajajara)</td>
 
            <td>Isolados Guajá no Oeste da TI</td>
 
            <td> MA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3717">Kampa e Isolados do Rio Envira</htmltag>
 
            (Ashaninka)</td>
 
            <td>No Igarapé Xinane e Imbuia</td>
 
            <td> AC</td>
 
            <td>Homologada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3728">Kaxinawá do Rio Humaitá</htmltag></td>
 
            <td> </td>
 
            <td> AC</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3731">Kayapó</htmltag></td>
 
            <td>Isolados Pituiaro, do grupo Kayapó</td>
 
            <td> PA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4999">Kaxuyana-Tunayana</htmltag></td>
 
            <td>3 referências de isolados</td>
 
            <td> AM/PA</td>
 
            <td>Identificada e aprovada pela Funai</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3733">Koatinemo</htmltag> 
 
            (Asurini)</td>
 
            <td>Isolados</td>
 
            <td> PA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3952">Menkragnoti</htmltag></td>
 
            <td>Isolados Mengra Mrari, grupo kayapó, que se separou dos Gorotire em 1938.</td>
 
            <td> PA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3752">Mamoadate</htmltag>
 
            (Yaminawa e Manchineri)</td>
 
            <td>Isolados Masko, no verão circulam entre os rios Mamoadate e cabeceiras do Rio Purus. São chamados de Masho-Piro, no Peru.</td>
 
            <td> AC</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3849">Rio Paru d'Este
 
            </htmltag></td>
 
            <td>Wayana e Aparai</td>
 
            <td>PA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3970">Rio Tea</htmltag></td>
 
            <td>Isolados Maku</td>
 
            <td>AM</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_blank" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3869">Tenharim/Marmelos </htmltag>
 
            (Tenharim)</td>
 
            <td>Os Tenharim dizem que existem parentes seus  isolados nas  cabeceiras do Rio Marmelos, no extremo sul da área.</td>
 
            <td>AM</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3951">Trombetas/Mapuera </htmltag>
 
            (Wai Wai)</td>
 
            <td>Isolados Karafawyana</td>
 
            <td>RR/AM/PA</td>
 
            <td>Homologada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3885">Tumucumaque</htmltag>
 
            (Tiriyó, Katxuyana, Wayana e Apalai)</td>
 
            <td> </td>
 
            <td>PA/AP</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3891">Uru Eu Wau Wau</htmltag></td>
 
            <td>Há pelo menos três grupos isolados.</td>
 
            <td>RO</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3895">Vale do Javari</htmltag> </td>
 
            <td>Vários grupos isolados: no Igarapé Nauá, Ig. Alerta, Ig. Urucubaca, Ig. Inferno, Ig. Lambança, Ig. São Salvador, Ig. Cravo, Rio Itaquaí e Rio Ituí.</td>
 
            <td>AM</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3902">Waimiri Atroari</htmltag></td>
 
            <td>Isolados Piriutiti dentro e fora da TI.</td>
 
            <td>RR/PA</td>
 
            <td>Homologada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/3646">Xikrin do Catete</htmltag>
 
            (Xikrin)</td>
 
            <td>Segundo a antropóloga Isabelle Giannini, os Xikrin dizem que ao norte da TI, na região do Rio Cinzento, vivem índios iguais aos que encontraram em 1987 em suas terras, um grupo de Araweté isolados.</td>
 
            <td> PA</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td><htmltag tagname="a" target="_self" href="http://ti.socioambiental.org/pt-br/#!/pt-br/terras-indigenas/4016">Yanomami</htmltag>
 
            (Yanomami)</td>
 
            <td>''Moxi hatëtëma thëpë'', nome atribuído por alguns Yanomami a esses isolados.</td>
 
            <td> AM/RR</td>
 
            <td>Homologada e registrada</td>
 
        </tr>
 
   
 
</table>
 
 
 
 
<table style="width: 550px; margin: auto;" class="tablesorter">
 
    <caption>
 
    <h3> Referências de índios isolados fora de TIs reconhecidas</h3>
 
    </caption>
 
    <thead>
 
        <tr>
 
            <th class="header">'''Povo'''</th>
 
            <th class="header">'''Localidade'''</th>
 
        </tr>
 
    </thead>
 
   
 
        <tr>
 
            <td>Arama/Inauini  </td>
 
            <td>Os Jamamadi do Purus e uma familia katukina que mora no igarapé Kanamari deram informações sobre a presença de um grupo isolado na região do Inauini. Em outubro de 1985, alguns desses índios teriam aparecido no outro lado do igarapé, em frente à moradia da família katukina, no município de Pauini/AM.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados Avá-Canoeiro</td>
 
            <td>Na região do Noroeste de Goiás.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados Awá-Guajá</td>
 
            <td>Fala-se da existência de pequenos grupos nas serras que formam o rio Farinha e Lageado (oeste do Maranhão). Em 1998, o sertanista Wellington Figueiredo fez o resgate de uma família awá no limite da Terra Indígena Awá e a reserva Biológica do Gurupi (região do Igarapé Mão de Onça). Em 2006, na estada do sertanista no PIN Juriti, o homem que faz parte do grupo que ele mesmo resgatou veio lhe cobrar que fossem buscar seu irmão que lá teria permanecido (dados de agosto de 2006).</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados na Cabeceira do rio Cuniá</td>
 
            <td>A Funai criou um GT com objetivo de realizar expedições de localização e monitoramento de índios isolados na cabeceira do rio Cuniá, no Amazonas no período de 09/07/2013 a 22/08/2013  (DOU, 18/07/2013)</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados do rio Liberdade</td>
 
            <td>Há anos os Metuktire dizem que existem Kaiapó "brabo" na região do Rio Liberdade, onde encontraram vestígios desses índios. Parece ser o mesmo grupo que foi visto pelos Metuktire na Cachoeira Von Martius, poucas horas do rio Liberdade. Foram vistos três índios de cabelos compridos que flecharam os Metuktire, com uma flecha igual a dos Kaiapó (dia 25/10/1990). Nos municípios de Luciara e Vila Rica/MT e talvez em São Felix do Xingu. Segundo o antropólogo Gustaaf Verswijver, que tem trabalhado com os Kayapó, hoje perambulam entre a região do rio Liberdade que cada dia tem sofrido mais desmatamento e a TI Mekragnoti (dados de novembro de 2005).</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados do Rio Muqui</td>
 
            <td>A Rio Muqui teve restrição de uso da Funai até o ano 2000 e, com a ocupação e desmatamento desta área, provavelmente os índios encontram-se na TI Uru-Eu-Wau-Wau.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados do Igarapé Muriru e Pacutinga  </td>
 
            <td>Localizados entre os rios Juruena e Aripuanã, no município de Aripuanã/MT. Os índios Rikbaktsa dizem que já tiveram contato com esse grupo que denominam ''Yakara Waktá'' (moradores do mato). São 20 a 30 índios que se deslocam para o Aripuanã na época seca. Pelos vestígios (alimentação) poderiam ser um subgrupo apiaká. Em 1985, o jesuíta Balduino Loebens, em sobrevôo, localizou suas roças. Esse mesmo missionário disse que, em 1984, um picadeiro da colonizadora Cotriguaçu encontrou esses índios. Segundo o antropólogo Rinaldo Arruda, o grupo foi visto na TI Escondido, habitado pelos Rikbaktsa.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados do rio Tapirapé</td>
 
            <td>Esses índios vivem nas cabeceiras do rio Tapirapé, afluente da margem esquerda do rio Itacaunas, no município de Senador José Porfírio/PA. Poderia ser o mesmo grupo a que os Xikrin do Cateté se referem ao norte do limite da TI do Cateté, na região da Flona Itacaiunas e Flona Tapirapé.</td>
 
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        <tr>
 
            <td>Isolados Kayapó Pituiaro (Rio Meruré)</td>
 
            <td>Esse grupo kaiapó tem o nome do homem mais velho que o conduziu separadamente quando, em 1950, os Kuben Kran Kren se dispersaram em meio a um ataque dos Kokraimoro. Este grupo perambula entre a região do rio Merure e a área Kuben Kran Ken, município de Altamira/PA. Em agosto de 1977, o antropólogo Gustaaf Verswijver, ao sair da aldeia, num vôo para Santana do Araguaia, avistou uma aldeia dos Pituiaro à margem do rio Merure – um círculo de cinco a seis casas do tipo tradicional kaiapó, encravado numa serra. Verswijver disse, em novembro de 2005, ser impossível a presença desses índios na região do rio Meruré, pois está muito desmatada. Ele acredita que eles podem ter se refugiado na TI Kayapó, no sudeste do Gorotire ou ao sul do Kuben-Kran-Kren.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados Kayapó Pu´ro  </td>
 
            <td>
 
           
 
Esse grupo se formou em 1940, quando 25 índios partidários do chefe Tapiete deixaram a aldeia Mekragnoti, nunca mais retornando. Os Megranoti atuais se referem a esse grupo como os ''Pu´ro''. Segundo o antropólogo Gustaaf Verswijver, em novembro de 2005, eles não se encontram mais na região que está muito desmatada. Verswijver soube pelos Mekrãgnoti da aldeia Pukanu, que dizem ter ouvido de kubens (brancos) que, há uns dois ou três anos, quatro homens desse grupo foram mortos, (provavelmente por madeireiros). Esta é uma notícia preocupante, principalmente porque deve ser um grupo pequeno. Esses sobreviventes parecem estar nos limites norte da TI Mekragnoti.
 
           
 
Em 2005 foi criada nesta região a Estação Ecológica Terra do Meio.
 
            </td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados do Karipuninha</td>
 
            <td>Rieli Franciscato, indigenista da Funai, disse na década de 1990, que moradores da região do rio Karipuninha não têm coragem de subir o rio no rumo de suas cabeceiras, devido aos inúmeros vestígios de índios "brabos" que lá encontram. O rio Karipuninha é afluente da margem esquerda do rio Madeira, a aproximadamente 100 km rio acima a partir de Porto Velho, e suas cabeceiras ficam próximas à divisa de Rondônia e o estado do Amazonas.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Isolados do Bararati </td>
 
            <td>Referência sobre a existência de índios isolados no rio Bararati e margem esquerda do rio Juruena, próximo do limite com o Mato Grosso (municípios de Apuí e Sucurundi/AM - informação da CGII-Funai).</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>
 
            Flona Bom Futuro (Rio Candeias) </td>
 
            <td>A informação sobre a existência de um grupo de isolados motivou uma expedição da equipe da Frente de Contato Guaporé em meados de 1998. A equipe percorreu 90 km na margem direita deste rio, sem resultados concretos. Não foram encontrados vestígios de ocupação indígena na área vistoriada. Porém, ainda falta uma grande área a ser pesquisada. Segundo Gilberto Azanha/CTI, esse grupo está dentro do perímetro da Flona Bom Futuro.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>
 
            Wajãpi isolados do Alto Amapari</td>
 
            <td>A antropóloga Dominique Gallois informou em 1990 que, desde 1987, garimpeiros da Perimetral Norte informam terem encontrado, repetias vezes, vestígios da presença de um grupo isolado na região dos formadores do rio Amapari. De acordo com os Wajãpi do Amapari trata-se dos remanescente do subgrupo "Amapari Wan", que se separou dos demais há cerca de 50 anos. Membros desse mesmo grupo vivem na aldeia Mariry e na aldeia Camopi (Guiana Francesa). A região dos isolados fica dentro do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e às vezes esses índios se deslocam para a Guiana Francesa. Em 2003, os Wajãpi do Camopi acharam uma roça desses índios no rio Muturá.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>Wajãpi isolados do Ipitinga  </td>
 
            <td>Segundo a antropóloga Dominique Gallois, os índios que vivem no Parque Indígena do Tumucumaque, falam desses índios Wajãpi que vivem próximos do Parque, no município de Almeirim, no Pará.</td>
 
        </tr>
 
   
 
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===Contatados e protegidos===
 
 
 
Depois de serem contatados, os povos indígenas ficavam sob a proteção da <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/c/politicas-indigenistas/orgao-indigenista-oficial/funai">Funai</htmltag>, que não dispunha, no entanto, de uma política especial voltada para eles. Assim, com frequência, esses povos acabavam sofrendo com epidemias e invasões em suas terras, além dos inúmeros problemas decorrentes da intensificação do contato e da sedentarização.
 
 
 
A partir da avaliação da situação de extrema fragilidade a que os grupos recém contatados estavam sujeitos, a então Coordenadoria Geral de Índios isolados (CGII) da Funai passou a dispensar assistência diferenciada aos <htmltag tagname="a" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/zoe" target="_self">Zo’é</htmltag>, no Pará; aos <htmltag tagname="a" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kanoe" target="_self">Kanoê</htmltag> e aos <htmltag tagname="a" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/akuntsu" target="_self">Akuntsu</htmltag> de Rondônia, contatados há mais de 10 anos; e a um pequeno grupo <htmltag tagname="a" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/korubo" target="_self">Korubo</htmltag>, localizado no Vale do Javari (AM).
 
 
 
<div class="well">
 
Os Zo’é, grupo tupi-guarani localizado na bacia do Cuminapanema (PA), foram contatados pela Funai em 1989, mas já estabeleciam relações com missionários protestantes norte-americanos  desde 1982. Os Zo'é entraram para a história como um dos últimos povos "intactos" na Amazônia. Os contatos com os não indígenas foram largamente noticiados pela mídia, que, em 1989, divulgou as primeiras imagens deste povo tupi, que até então vivia em situação de isolamento.
 
 
 
 
 
Os primeiros contatos da Funai com os Kanoê também possibilitaram o encontro com outro povo, os Akuntsu. Em 1985 foi instituída oficialmente a frente de atração responsável pelo contato com povos desconhecidos que circulavam pela região de Corumbiara, no sudeste de Rondônia. Embora essas informações já fossem de conhecimento da Funai desde a década de 1970, relatos de 1984 reiteraram a presença de grupos isolados nas matas das reservas legais de fazendas na região, que vinham sendo desmatadas para a comercialização de madeira e a implantação de pecuária. Em 1986 foi desinterditada à área destinada aos contatos com estes grupos.
 
 
 
 
 
Em 1995, a partir da análise de imagens de satélite, os indigenistas Marcelo dos Santos e Altair Algayer conseguiram identificar a área de ocupação dos Kanoê e entrar em contato com eles. Durante as primeiras conversas, os Kanoê informaram aos indigenistas que próximo dali havia um outro grupo indígena que chamavam de Akuntsu. Em seguida, uma outra expedição alcançou as pequenas malocas dos Akuntsu, que somavam então sete pessoas.
 
 
 
 
 
Os Korubo se tornaram famosos na mídia nacional e internacional quando uma parcela de sua população foi contatada, em 1996, por uma expedição promovida pela Funai, e coordenada pelo sertanista Sydney Possuelo. A expedição foi acompanhada por repórteres da revista National Geographic, que transmitiu o evento ao vivo e online para todo o mundo. Conhecidos como "índios caceteiros", por não usarem arcos, os Korubo travam, há décadas, uma guerra contida com a população regional, apesar de tentativas mútuas de aproximação. Este pequeno grupo  contatado contava em 2007 com 26 pessoas e separou-se do grupo original, que permanece isolado.
 
</div>
 
 
 
Em julho de 2006, foi criada a Coordenadoria Geral de Índios Recém Contatados, subordinada à Diretoria de Assistência da Funai e coordenada pelo antropólogo Artur Nobre Mendes. Seu objetivo era a “proteção dos grupos e povos indígenas contatados no passado recente e que vivem em relativo estado de autonomia político-cultural e, ao mesmo tempo, sem o completo domínio das forças sociais dominantes que os circundam”. Compreendia-se, nesse contexto, como recém-contatados, os grupos que estabeleceram contatos permanentes com a sociedade nacional após a criação da Funai, em 1967. Entre outros motivos que levaram à criação dessa coordenação,  estava o fato de que os inúmeros contatos realizados na década de 1970 e meados de 1980 ocorreram em situações de extrema vulnerabilidade desses grupos, particularmente por causa da pressão das frentes de expansão econômica. Como não havia políticas específicas para essas populações, cujas realidades sociais eram bastantes distintas, a vulnerabilidade continuou. Além disso a participação de grupos recém contatados nos programas do governo e nas ações da Funai ficava comprometida frente a melhor articulação de outros povos.
 
 
 
Esta Coordenadoria, entretanto, não foi implementada na época. Foi somente a partir de dezembro de 2009, com a reestruturação da Funai, que o órgão indigenista incluiu no campo de ação da CGII as populações de recente contato. Dessa forma, este órgão passou a ser chamado de Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC).
 
 
 
===Aliança internacional para a proteção dos isolados===
 
 
 
Em novembro de 2005, foi realizado em Belém (PA) o Primeiro Encontro Internacional sobre Índios Isolados que vivem em países Amazônicos e no Gran Chaco, organizado pela Coordenação Geral de Índios Isolados/Funai (CGII), e pelo Centro de Trabalho Indigenista (CTI). O evento contou com a participação de mais de sessenta pessoas. Além dos representantes do Brasil, compareceram delegações do Peru, Colômbia, Equador, Bolívia e Paraguai – cujos casos foram apresentados e discutidos com participantes que representavam 36 instituições_  e países como a Noruega, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, França e Nova Zelândia.
 
 
 
Como resultado final das apresentações e análise dos casos e das sugestões, foi elaborado um documento final, exigindo que os governos dos países onde se encontram esses índios tomem medidas para proteger seus habitats, seus direitos e o respeito à decisão pelo não-contato com os órgãos oficiais, se assim desejarem.
 
 
 
O indigenista Sydney Possuelo – que na época coordenava a CGII – reafirmou sua política de apenas contatar os isolados em caso de grande risco e também a necessidade de respeitar a autonomia e isolamento desses povos. Para justificar a escolha, Possuelo fez um balanço geral da situação de vários povos que foram contatados e se encontram em situações muito difíceis, com seu futuro seriamente ameaçado.
 
<div class="well">
 
<h3>Outras leituras</h3>
 
 
 
Para ler o documento final do encontro, veja a matéria'' ''<htmltag tagname="a" href="http://www.socioambiental.org/nsa/detalhe?id=2150" target="_blank">''Proteção e reconhecimento dos índios isolados''</htmltag>
 
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Edição das 16h38min de 14 de setembro de 2017

Isolados: histórico

1986 > ONGs discutem a situação dos isolados

A preocupação com a situação de risco desses grupos fez com que, em outubro de 1986, fosse organizado pelo Conselho Indigenista Missionário - CIMI e pela Operação Anchieta - Opan (hoje Operação Amazônia Nativa), um encontro sobre Índios Isolados e de contato recente. Participaram também várias ONGs, entre elas a UNI, o Cedi, o CTI, a CPI-SP e outras, além da Funai, num total de 23 participantes.

O comunicado final divulgado no fim do encontro dizia que "a gravidade da situação motivou um encontro de indigenistas, antropólogos, missionários, advogados e representantes da União das Nações Indígenas (UNI) na tentativa de estabelecer formas de atuação na defesa da sobrevivência física e cultural desses povos ameaçados". O documento fala ainda da abertura das estradas a partir de 1970, e de outros projetos de infra-estrutura, alem da mineração e exploração mineral, fatores que levaram esses grupos ao sofrimento e à depopulação decorrente do contato com essas frentes de expansão.

Vários povos com a população reduzida drasticamente por doenças foram transferidos de suas terras, como os Tapayuna, levados do rio Arinos para o rio Xingu e os Panará do rio Peixoto Azevedo, contatados em 1973 para permitir a construção da BR-163. Os remanescentes desses últimos – 87, de uma população de 400 – foram levados para o Parque Indígena do Xingu. Os Cinta-Larga, no Mato Grosso e Rondônia, eram cerca de 5 mil ainda nos anos 60, mas na época do Encontro não passavam de mil indivíduos. Os Waimiri Atroari, forçados ao contato com a abertura da BR-174, que cortava suas terras, tiveram uma redução de cerca de 3 mil para apenas 500 indivíduos.

O comunicado criticava também a atitude da Funai, pelo abandono desses índios: "não é de se estranhar, portanto, que a Funai esteja anunciando seu Plano Especial para atração dos últimos grupos indígenas isolados, o que nos parece ser o objetivo de facilitar a implantação dos novos planos governamentais (PDA, Calha Norte etc). Manifestamos, por isso, nossa legítima preocupação pelo destino dos povos indígenas que ainda resistem bravamente na Amazônia". Nesse encontro, foi feito o mapeamento dos grupos isolados no Brasil e elaborada uma pauta com as conclusões do Encontro para ser veiculada entre as entidades indigenistas.

1987 > Sertanistas da Funai se reúnem e criam a Coordenadoria de Índios Isolados

Em junho de 1987, ocorreu o Primeiro Encontro Nacional de Sertanistas, promovido pela Funai e organizado pelo sertanista Sidney Possuelo, para discutir a questão dos índios isolados. Os participantes debateram e avaliaram a difícil situação dos povos contatados e decidiram que a nova política da Funai seria de contatá-los apenas se estivessem em risco e não mais para liberar a área para projetos de infra-estrutura, como ocorria até então.

Para desenvolver essa política, foi criado um órgão específico dentro da Funai: a Coordenadoria de Índios Isolados (CII), ou Coordenadoria Geral de Índios Isolados (CGII) com Sydney Possuelo à frente, liderando a mudança de política de contato. Em vez das antigas frentes de atração, que contatavam os índios para liberar a área para passagem de estradas, hidrelétricas etc., a CII foi organizada por frentes de proteção etnoambiental, cujo objetivo era proteger o entorno da região habitada pelos isolados e monitorar os acontecimentos e ameaças, além de viabilizar os estudos de identificação e demarcação dessas terras para esses índios, realizados pela Diretoria Fundiária da Funai.

No final da década de 1990, a CGII/Funai assinou um convênio com a ONG Centro de Trabalho Indigenista (CTI) para trabalharem em conjunto na política de proteção aos isolados do Vale do Javari, com recursos da União Européia, que viabilizou a continuidade das atividades na TI Vale do Javari, área que sofre muita pressão de madeireiros.

Esse órgão da Funai foi dirigido por Sydney Possuelo, com alguns intervalos, até o início de 2006, quando Possuelo foi demitido do cargo pelo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes. A partir de então, a CGII passou a ser coordenada pelo sertanista Marcelo Santos, que já tinha feito parte do órgão. Foi depois coordenada por Elias Biggio e atualmente é coordenada por Carlos Travassos.

Esta coordenação atende também, desde dezembro de 2009, os povos recém contatatos e por isso é denominada hoje de Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC). A CGIIRC conta com doze Frentes de Proteção Etnoambiental: Vale do Javari (AM), Purus (AM), Juruena (AM, PA, MT), Envira (AC), Yanomami (RR), Madeira (AM, RO), Guaporé (RO), Uru-Eu-Wau-Wau (RO), Cuminapanema (PA, AP), Médio Xingu (PA), Madeirinha (MT) e Awa-Guajá (MA).