Mudanças entre as edições de "Povo:Jenipapo-Kanindé"
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O nome Payaku designa uma etnia numerosa que, no século XVI, habitava toda a faixa sublitorânea dos atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará. | O nome Payaku designa uma etnia numerosa que, no século XVI, habitava toda a faixa sublitorânea dos atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará. | ||
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Sua população, que em 1982 era de 96 pessoas, chegou a 180 em dezembro de 1997 e em 2010 alcançava 302 pessoas, segundo a Funasa. | Sua população, que em 1982 era de 96 pessoas, chegou a 180 em dezembro de 1997 e em 2010 alcançava 302 pessoas, segundo a Funasa. | ||
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Os Payaku falam unicamente o português, não havendo registros de sua língua original, que talvez se assemelhasse à dos antigos Tarairiú, povos da caatinga que habitavam o Nordeste do Brasil. | Os Payaku falam unicamente o português, não havendo registros de sua língua original, que talvez se assemelhasse à dos antigos Tarairiú, povos da caatinga que habitavam o Nordeste do Brasil. | ||
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Em 1707 os Payaku foram aldeados por missionários jesuítas no rio Choró, em Aquirás, próximo de onde vivem hoje. Em 1764 a Aldeia dos Paiacús passou a chamar-se Monte-Mor-o-Velho, nome que perdurou até 1890. Na sede da aldeia criou-se a vila de Guarani(1890-1943), hoje município de Pacajus. Os Jenipapo e os Canindé foram aldeados entre 1731 e 1739 no rio Banabuiú, reunidos na Aldeia da Palma e depois em Monte-Mor-o-Novo-d'América (1764-1858), atual município de Baturité. | Em 1707 os Payaku foram aldeados por missionários jesuítas no rio Choró, em Aquirás, próximo de onde vivem hoje. Em 1764 a Aldeia dos Paiacús passou a chamar-se Monte-Mor-o-Velho, nome que perdurou até 1890. Na sede da aldeia criou-se a vila de Guarani(1890-1943), hoje município de Pacajus. Os Jenipapo e os Canindé foram aldeados entre 1731 e 1739 no rio Banabuiú, reunidos na Aldeia da Palma e depois em Monte-Mor-o-Novo-d'América (1764-1858), atual município de Baturité. | ||
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Sua economia está baseada na agricultura, pesca e coleta. Plantam mandioca o ano todo e no período das chuvas cultivam milho, feijão, batata-doce, jerimum, maxixe e hortaliças. A coleta de caju, murici, manga, coco e outras frutas é sazonal. Os homens fazem trançados de cipó e palha de carnaúba, na forma de cestos, chapéus e caçuás (cestos longos para cargas), além de tarrafas e redes de pesca. As mulheres são exímias rendeiras e fazem louça de barro. | Sua economia está baseada na agricultura, pesca e coleta. Plantam mandioca o ano todo e no período das chuvas cultivam milho, feijão, batata-doce, jerimum, maxixe e hortaliças. A coleta de caju, murici, manga, coco e outras frutas é sazonal. Os homens fazem trançados de cipó e palha de carnaúba, na forma de cestos, chapéus e caçuás (cestos longos para cargas), além de tarrafas e redes de pesca. As mulheres são exímias rendeiras e fazem louça de barro. | ||
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Quase não há casamentos interétnicos, apesar da convivência com os regionais. O casamento preferencial se dá entre primos (cruzados ou paralelos) e a maioria nasceu e se criou na Lagoa da Encantada. O êxodo populacional é pequeno e a entrada de pessoas de fora na localidade raramente acontece. | Quase não há casamentos interétnicos, apesar da convivência com os regionais. O casamento preferencial se dá entre primos (cruzados ou paralelos) e a maioria nasceu e se criou na Lagoa da Encantada. O êxodo populacional é pequeno e a entrada de pessoas de fora na localidade raramente acontece. | ||
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Ainda não há obras que tratem exclusivamente dos Jenipapo-Kanindé/Payaku, a não ser o Censo da Lagoa Encantada, relatório de pesquisa de Maria Sylvia Porto Alegre, e a dissertação de mestrado, em preparação, de sua aluna Roselane Gomes Bezerra. Trabalhos recentes, de âmbito regional, como "Aldeias indígenas e povoamento do nordeste no final do século XVIII", da primeira autora, e "Documentos para a história indígena no Nordeste", da mesma com colaboradores, incluem informações sobre esse grupo. Fazem-no também outros trabalhos mais antigos, como o capítulo que Robert Lowie escreveu sobre os Tarairiu para o "Handbook of South American Indians", o artigo "Tapuias do Nordeste"de Pompeu Sobrinho, os livros "Os aborígenes do Ceará" de Carlos Studard Filho, "Algumas origens do Ceará" de Antonio Bezerra e a "História da Companhia de Jesus no Brasil", de Serafim Leite. | Ainda não há obras que tratem exclusivamente dos Jenipapo-Kanindé/Payaku, a não ser o Censo da Lagoa Encantada, relatório de pesquisa de Maria Sylvia Porto Alegre, e a dissertação de mestrado, em preparação, de sua aluna Roselane Gomes Bezerra. Trabalhos recentes, de âmbito regional, como "Aldeias indígenas e povoamento do nordeste no final do século XVIII", da primeira autora, e "Documentos para a história indígena no Nordeste", da mesma com colaboradores, incluem informações sobre esse grupo. Fazem-no também outros trabalhos mais antigos, como o capítulo que Robert Lowie escreveu sobre os Tarairiu para o "Handbook of South American Indians", o artigo "Tapuias do Nordeste"de Pompeu Sobrinho, os livros "Os aborígenes do Ceará" de Carlos Studard Filho, "Algumas origens do Ceará" de Antonio Bezerra e a "História da Companhia de Jesus no Brasil", de Serafim Leite. | ||
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− | + | * BEZERRA, Roselane Gomes. O despertar de uma etnia : o jogo do (re)conhecimento da identidade indígena Jenipapo-Kanindé. Fortaleza : UFCE, 1999. (Dissertação de Mestrado) | |
− | < | + | * PINHEIRO, Joceny (Org.). Ceará, terra da luz, terra dos índios : história, presença, perspectivas. Fortaleza : MPF ; Funai, 2002. 166 p. |
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Edição atual tal como às 21h32min de 23 de janeiro de 2021
A Lagoa Encantada, onde habitam os Jenipapo-Kanindé, é o espaço sagrado onde se depositam suas histórias e mitos. O ambiente ecológico formado por ela e a mata circundante é central na cosmologia e unidade grupal. A memória dos antepassados, a "raiz de índio", a "terra dos índios", "o mato", o pertencimento a "uma família só" são sempre evocados.
Nome, população e localização
O nome Payaku designa uma etnia numerosa que, no século XVI, habitava toda a faixa sublitorânea dos atuais estados do Rio Grande do Norte e Ceará.
Hoje, o grupo que ficou mais conhecido como Jenipapo-Kanindé são descendentes dos Payaku que viviam na mesma região. Habitam a Lagoa da Encantada, no município cearense de Aquirás. Possuem títulos individuais dos terrenos onde vivem, mas a terra é compartilhada coletivamente. Em 1997 a Funai começou o processo de demarcação da terra indígena Lagoa Encantada [para informações atuais veja à direita em "Terras habitadas"].
Sua população, que em 1982 era de 96 pessoas, chegou a 180 em dezembro de 1997 e em 2010 alcançava 302 pessoas, segundo a Funasa.
Paiacú ou Baiacú é o nome de um peixe dotado de glândula venenosa, comum no litoral nordestino. O nome Payaku permaneceu na memória dos mais velhos e dos líderes do grupo mas, até o final da década de 1980, os índios costumavam atender apenas pela alcunha de "cabeludos da Encantada", modo como eram chamados por seus vizinhos não-indígenas.
A denominação Jenipapo-Kanindé, até então desconhecida por eles, foi-lhes aplicada com base em pesquisas históricas pouco aprofundadas, confundindo-os com antigos povos vizinhos, quando o grupo começou a participar dos movimentos indígenas. Mas o grupo adotou essa designação e é como Jenipapo-Kanindé que se auto-designam.
Os Payaku falam unicamente o português, não havendo registros de sua língua original, que talvez se assemelhasse à dos antigos Tarairiú, povos da caatinga que habitavam o Nordeste do Brasil.
Histórico do contato
Até o século XVIII, os Payaku habitavam os rios Açu, Apodi, Jaguaribe, Banabuiú e Choró. Por sua vez, os Jenipapo e Kanindé, semelhantes aos Tarairiú em língua e cultura, tal como os Payaku, viviam nas várzeas do Apodi, Jaguaribe e Choró. Como outros povos não-Tupi, eles ficaram conhecidos pela denominação genérica de "tapuias do Nordeste".
Fontes históricas registram que, no Ceará, os primeiros contatos dos portugueses com estes povos ocorreram entre 1603 e 1608. Arredios e resistentes à colonização, eles sofreram violências, foram escravizados e perderam progressivamente suas terras. Rebelaram-se seguidamente até serem submetidos e quase totalmente dizimados, no decorrer da chamada "Guerra dos Bárbaros", entre 1680 e 1730.
Em 1707 os Payaku foram aldeados por missionários jesuítas no rio Choró, em Aquirás, próximo de onde vivem hoje. Em 1764 a Aldeia dos Paiacús passou a chamar-se Monte-Mor-o-Velho, nome que perdurou até 1890. Na sede da aldeia criou-se a vila de Guarani(1890-1943), hoje município de Pacajus. Os Jenipapo e os Canindé foram aldeados entre 1731 e 1739 no rio Banabuiú, reunidos na Aldeia da Palma e depois em Monte-Mor-o-Novo-d'América (1764-1858), atual município de Baturité.
Aspectos socio-economicos
Sua economia está baseada na agricultura, pesca e coleta. Plantam mandioca o ano todo e no período das chuvas cultivam milho, feijão, batata-doce, jerimum, maxixe e hortaliças. A coleta de caju, murici, manga, coco e outras frutas é sazonal. Os homens fazem trançados de cipó e palha de carnaúba, na forma de cestos, chapéus e caçuás (cestos longos para cargas), além de tarrafas e redes de pesca. As mulheres são exímias rendeiras e fazem louça de barro.
Quase não há casamentos interétnicos, apesar da convivência com os regionais. O casamento preferencial se dá entre primos (cruzados ou paralelos) e a maioria nasceu e se criou na Lagoa da Encantada. O êxodo populacional é pequeno e a entrada de pessoas de fora na localidade raramente acontece.
Nota sobre as fontes
Ainda não há obras que tratem exclusivamente dos Jenipapo-Kanindé/Payaku, a não ser o Censo da Lagoa Encantada, relatório de pesquisa de Maria Sylvia Porto Alegre, e a dissertação de mestrado, em preparação, de sua aluna Roselane Gomes Bezerra. Trabalhos recentes, de âmbito regional, como "Aldeias indígenas e povoamento do nordeste no final do século XVIII", da primeira autora, e "Documentos para a história indígena no Nordeste", da mesma com colaboradores, incluem informações sobre esse grupo. Fazem-no também outros trabalhos mais antigos, como o capítulo que Robert Lowie escreveu sobre os Tarairiu para o "Handbook of South American Indians", o artigo "Tapuias do Nordeste"de Pompeu Sobrinho, os livros "Os aborígenes do Ceará" de Carlos Studard Filho, "Algumas origens do Ceará" de Antonio Bezerra e a "História da Companhia de Jesus no Brasil", de Serafim Leite.
Fontes de informação
- BEZERRA, Roselane Gomes. O despertar de uma etnia : o jogo do (re)conhecimento da identidade indígena Jenipapo-Kanindé. Fortaleza : UFCE, 1999. (Dissertação de Mestrado)
- PINHEIRO, Joceny (Org.). Ceará, terra da luz, terra dos índios : história, presença, perspectivas. Fortaleza : MPF ; Funai, 2002. 166 p.