De Povos Indígenas no Brasil
(Criou página com '{{Título |Artes}} ==O conceito de arte e os índios== {{#Miniatura: left | Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000 | http://img.socioambiental.org/d/639627-1/cest...')
 
 
(17 revisões intermediárias por 3 usuários não estão sendo mostradas)
Linha 1: Linha 1:
 
{{Título |Artes}}
 
{{Título |Artes}}
==O conceito de arte e os índios==
+
==O conceito de arte e os indígenas==
 
{{#Miniatura: left
 
{{#Miniatura: left
 
| Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000
 
| Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000
| http://img.socioambiental.org/d/639627-1/cesto_baniwa.jpg
+
| https://img.socioambiental.org/d/639627-1/cesto_baniwa.jpg
 
}}
 
}}
  
Linha 10: Linha 10:
 
O assunto é complexo e, a despeito da inadequação do termo, muitas obras indígenas têm impactado a sensibilidade e/ou a curiosidade do “homem branco” desde o século XVI, época em que os europeus aportaram nas terras habitadas pelos ameríndios. Nesse período, objetos confeccionados por esses povos eram colecionados por reis e nobres como espécimes “raros” de culturas “exóticas” e “longínquas”.
 
O assunto é complexo e, a despeito da inadequação do termo, muitas obras indígenas têm impactado a sensibilidade e/ou a curiosidade do “homem branco” desde o século XVI, época em que os europeus aportaram nas terras habitadas pelos ameríndios. Nesse período, objetos confeccionados por esses povos eram colecionados por reis e nobres como espécimes “raros” de culturas “exóticas” e “longínquas”.
  
Até hoje, uma certa concepção museológica dos artefatos indígenas continua a vigorar no senso comum. Para muitos, essas obras constituem “artesanato”, considerado uma arte menor, cujo artesão apenas repete o mesmo padrão tradicional sem criar nada novo. Tal perspectiva desconsidera que a produção não paira acima do tempo e da dinâmica cultural. Ademais, a plasticidade das obras resulta da confluência de concepções e inquietações coletivas e individuais, apesar de não privilegiar este último aspecto, como ocorre na arte ocidental. Confeccionados para uso cotidiano ou <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/modos-de-vida/rituais">ritual</htmltag>, a produção de elementos decorativos não é indiscriminada, podendo haver restrições de acordo com categorias de sexo, idade e posição social. Exige ainda conhecimentos específicos acerca dos materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção etc.
+
Até hoje, uma certa concepção museológica dos artefatos indígenas continua a vigorar no senso comum. Para muitos, essas obras constituem “artesanato”, considerado uma arte menor, cujo artesão apenas repete o mesmo padrão tradicional sem criar nada novo. Tal perspectiva desconsidera que a produção não paira acima do tempo e da dinâmica cultural. Ademais, a plasticidade das obras resulta da confluência de concepções e inquietações coletivas e individuais, apesar de não privilegiar este último aspecto, como ocorre na arte ocidental. Confeccionados para uso cotidiano ou [[Rituais | ritual]], a produção de elementos decorativos não é indiscriminada, podendo haver restrições de acordo com categorias de sexo, idade e posição social. Exige ainda conhecimentos específicos acerca dos materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção etc.
  
<div class="well col-md-4">
+
{{Button-link
{{Lead |A <htmltag tagname="a" href="http://www.socioambiental.org/inst/baniwa/index_html" target="_blank">Arte Baniwa</htmltag>, marca criada por índios Baniwa do alto rio Negro (AM), é um exemplo bem sucedido dessa empreitada.}}
+
|A <htmltag href="http://www.socioambiental.org/inst/baniwa/index_html" tagname="a" target="_blank">Arte Baniwa</htmltag>, marca criada por indígenas Baniwa do alto rio Negro (AM), é um exemplo bem sucedido dessa empreitada.
</div>
+
|
 +
|
 +
|
 +
}}
  
 
As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singularidade à produção ameríndia, diferenciando-a da arte ocidental, assim como da produção africana ou asiática. Entretanto, não se trata de uma “arte indígena”, e sim de “artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na sua maneira de se expressar e de conferir sentido às suas produções.
 
As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singularidade à produção ameríndia, diferenciando-a da arte ocidental, assim como da produção africana ou asiática. Entretanto, não se trata de uma “arte indígena”, e sim de “artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na sua maneira de se expressar e de conferir sentido às suas produções.
  
Os suportes de tais expressões transcendem as peças exibidas nos museus e feiras (cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas, mantos, cocares...), uma vez que o corpo humano é pintado, escarificado e perfurado; assim como o são construções rochosas, árvores e outras formações naturais; sem contar a presença crucial da dança e da música. Em todos esses casos, a ordem estética está vinculada a outros domínios do pensamento, constituindo meios de comunicação – entre homens e mulheres, entre povos e entre mundos – e modos de conceber, compreender e refletir a ordem social e <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/c/no-brasil-atual/modos-de-vida/mitos-e-cosmologia">cosmológica</htmltag>.
+
Os suportes de tais expressões transcendem as peças exibidas nos museus e feiras (cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas, mantos, cocares...), uma vez que o corpo humano é pintado, escarificado e perfurado; assim como o são construções rochosas, árvores e outras formações naturais; sem contar a presença crucial da dança e da música. Em todos esses casos, a ordem estética está vinculada a outros domínios do pensamento, constituindo meios de comunicação – entre homens e mulheres, entre povos e entre mundos – e modos de conceber, compreender e refletir a ordem social e [[Mitos e cosmologia | cosmológica]].
  
 
Nas relações entre os povos, os artefatos também são objeto de troca, inclusive com o “homem branco”. Ultimamente, o comércio com a sociedade envolvente tem apontado uma alternativa de geração de renda por meio da valorização e divulgação de sua produção cultural.
 
Nas relações entre os povos, os artefatos também são objeto de troca, inclusive com o “homem branco”. Ultimamente, o comércio com a sociedade envolvente tem apontado uma alternativa de geração de renda por meio da valorização e divulgação de sua produção cultural.
Linha 28: Linha 31:
  
 
==Panorama da diversidade==
 
==Panorama da diversidade==
 
+
<div class="list-group pull-left">
<table class="table table-responsive table-hover">
+
{{Info-image
        <tr>
+
|Mairawê Kaiabi. Foto: Rosely Alvim Sanches/ISA, 2002
            <td>
+
|https://img.socioambiental.org/d/286426-1/arte_bakairi.jpg|Motivo gráfico que os [[Povo:Bakairi | Bakairi]] (MT) utilizam na fabricação de uma máscara do ritual yakuygâde. Retangular e entalhada em madeira, a máscara representa espíritos tutores relativos ao mundo aquático.
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286426-1/arte_bakairi.jpg" rel="lightbox[g2image]" title="Desenho de Odil Apacano, s/d."><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286428-3/arte_bakairi.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_bakairi" title="arte_baka
+
|img-contain
            Motivo gráfico que os Bakairi (MT) utilizam na fabricação de uma máscara do ritual yakuygâde.Retangular e entalhada em madeira, a máscara representa espíritos tutores relativos ao mundo aquático. Desenho de Odil Apacano, s/d." /></htmltag></div>
+
}}
            </td>
+
{{Info-image
            <td>Motivo gráfico que os <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/bakairi">Bakairi</htmltag> (MT) utilizam na fabricação de uma máscara do ritual yakuygâde. Retangular e entalhada em madeira, a máscara representa espíritos tutores relativos ao mundo aquático.</td>
+
|Foto: Vladimir Kozak, s/d.
        </tr>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286429-1/arte_karaja.jpg|Esta tatuagem facial faz parte do segundo ritual de iniciação dos [[Povo:Karajá | Karajá]] (MT/ TO), que se dá quando a menina está por volta dos 11 anos.
        <tr>
+
|img-contain
            <td>
+
}}
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286429-1/arte_karaja.jpg" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Vladimir Kozak, s/d. "><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286430-3/arte_karaja.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_karaja" title="Esta tatuagem facial faz parte do segundo ritual de iniciação dos Karajá (MT/ TO), que se dá quando a menina está por volta dos 11 anos. Foto: Vladimir Kozak, s/d. " /></htmltag></div>
+
{{Info-image
            </td>
+
|Foto: Jusssara Gruber/1999.  
            <td>Esta tatuagem facial faz parte do segundo ritual de iniciação dos <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/karaja">Karajá</htmltag> (MT/ TO), que se dá quando a menina está por volta dos 11 anos.</td>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286431-1/arte_tikuna.JPG|Hilda Tomás do Carmo, índia [[Povo:Tikuna | tikuna]] (AM), mostra o desenho que representa a “festa da moça nova”.
        </tr>
+
|img-contain
        <tr>
+
}}
            <td>
+
{{Info-image
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286431-1/arte_tikuna.JPG" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Jusssara Gruber/1999. "><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286432-3/arte_tikuna.JPG?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_tikuna" title="Hilda Tomás do Carmo, índia Tikuna (AM), mostra o desenho que representa a “festa da moça nova”. Foto: Jusssara Gruber/1999. " /></htmltag></div>
+
|Foto: Vladimir Kozak, s/d.
            </td>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286435-1/arte_karaja_2.jpg| A cerâmica [[Povo:Karajá | Karajá]] é arte exclusiva das mulheres.
            <td>Hilda Tomás do Carmo, índia <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/ticuna">tikuna</htmltag> (AM), mostra o desenho que representa a “festa da moça nova”.</td>
+
|img-contain
        </tr>
+
}}
        <tr>
+
{{Info-image
            <td>
+
|Foto: Claude Lévi-Strauss, 1935.
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286435-1/arte_karaja_2.jpg" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Vladimir Kozak, s/d."><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286436-3/arte_karaja_2.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_karaja_2" title="A cerâmica karajá é arte exclusiva das mulheres. Foto: Vladimir Kozak, s/d." /></htmltag></div>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286437-1/arte_kadiweu.JPG|Desenhos minuciosos e simétricos, traçados com tinta obtida da mistura do suco do jenipapo com pó de carvão, marcam, até hoje, a pintura corporal dos [[Povo:Kadiwéu | Kadiwéu]].
            </td>
+
|img-contain
            <td> A cerâmica Karajá é arte exclusiva das mulheres.</td>
+
}}
        </tr>
+
{{Info-image
        <tr>
+
|Coleção FFLCH/USP, 1935.
            <td>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286439-1/arte_kadiweu_2.jpg|Entre os [[Povo:Kadiwéu | Kadiwéu]] (MS), também são as mulheres que decoram a cerâmica. Elas utilizam padrões que seguem um repertório rico, mas fixo, de formas preenchidas com variadas cores.
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286437-1/arte_kadiweu.JPG" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Claude Lévi-Strauss, 1935."><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286438-3/arte_kadiweu.JPG?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_kadiweu" title="Desenhos minuciosos e simétricos, traçados com tinta obtida da mistura do suco do jenipapo com pó de carvão, marcam, até hoje, a pintura corporal dos Kadiwéu. Foto: Claude Lévi-Strauss, 1935." /></htmltag></div>
+
|img-contain
            </td>
+
}}
            <td>Desenhos minuciosos e simétricos, traçados com tinta obtida da mistura do suco do jenipapo com pó de carvão, marcam, até hoje, a pintura corporal dos <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/kadiweu">Kadiwéu</htmltag>. '''
+
{{Info-image
            '''</td>
+
|Foto: Jussara Gruber, 1979.
        </tr>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286441-1/arte_ticuna.jpg|As máscaras Tikuna, que guardam características essenciais do sobrenatural, "dançam" no pátio da aldeia.
        <tr>
+
|img-contain
            <td>
+
}}
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286439-1/arte_kadiweu_2.jpg" rel="lightbox[g2image]" title="Coleção FFLCH/USP, 1935. "><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286440-3/arte_kadiweu_2.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_kadiweu_2" title="Entre os Kadiwéu (MS) também são as mulheres que decoram a cerâmica. Elas utilizam padrões que seguem um repertório rico, mas que são fixos, de formas preenchidas com variadas cores. Coleção FFLCH/USP, 1935. " /></htmltag></div>
+
{{Info-image
            </td>
+
|Foto: Philippe Erikson, s/d.
            <td>Entre os Kadiwéu (MS), também são as mulheres que decoram a cerâmica. Elas utilizam padrões que seguem um repertório rico, mas fixo, de formas preenchidas com variadas cores.</td>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286443-1/arte_matis.JPG|As máscaras [[Povo:Matis | Matis]] (AM) representam os espíritos mariwin, cujo papel consiste em bater nas crianças com o objetivo de endurecer, disciplinar e torná-las mais ativas e vigorosas.
        </tr>
+
|img-contain
        <tr>
+
}}
            <td>
+
{{Info-image
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286441-1/arte_ticuna.jpg" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Jussara Gruber, 1979."><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286442-3/arte_ticuna.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_ticuna" title="As máscaras tikuna, que guardam características essenciais do sobrenatural, dançam no pátio da aldeia. Foto: Jussara Gruber, 1979. " /></htmltag></div>
+
|Foto: Michel Pellanders, s/d.
            </td>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286445-1/arte_xikrin.JPG|Entre os [[Povo:Xikrin | Xikrin]], a qualidade de pintura é considerada atributo inerente à natureza feminina.
            <td>As máscaras Tikuna, que guardam características essenciais do sobrenatural, "dançam" no pátio da aldeia.</td>
+
|img-contain
        </tr>
+
}}
        <tr>
+
{{Info-image
            <td>
+
|Foto: Isabelle Vidal Giannini, 1996.
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286443-1/arte_matis.JPG" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Philippe Erikson, s/d."><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286444-3/arte_matis.JPG?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_matis" title="As máscaras dos Matis (AM) representam os espíritos mariwin, cujo papel tradicional é bater nas crianças para estimular sua crença. Foto: Philippe Erikson, s/d." /></htmltag></div>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286447-1/arte_xikrin_2.jpg|No ritual de nominação dos Xikrin do Cateté, as meninas são, por meio da pintura corporal e da elaborada arte plumária, literalmente transformadas em pássaros.
            </td>
+
|img-contain
            <td>As máscaras <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/matis">Matis</htmltag> (AM) representam os espíritos mariwin, cujo papel consiste em bater nas crianças com o objetivo de endurecer, disciplinar e torná-las mais ativas e vigorosas.</td>
+
}}
        </tr>
+
{{Info-image
        <tr>
+
|Foto: Pedro Martinelli, 2000.
            <td>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286449-1/arte_baniwa.JPG|Índio [[Povo:Baniwa | Baniwa]] do alto Içana (Amazonas) coloca etiqueta com a logomarca “arte baniwa” num urutu de arumã, cestaria que é comercializada em São Paulo.
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" title="Foto: Michel Pellanders, s/d. " rel="lightbox[g2image]" href="http://img.socioambiental.org/d/286445-1/arte_xikrin.JPG"><htmltag tagname="img" width="180" height="180" title="Entre os Xikrin, a qualidade de pintura é considerada atributo inerente à natureza feminina. Foto: Michel Pellanders, s/d. " alt="arte_xikrin" src="http://img.socioambiental.org/d/286446-4/arte_xikrin.JPG?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" /></htmltag></div>
+
|img-contain
            </td>
+
}}
            <td>Entre os <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/xikrin-kayapo">Xikrin</htmltag>, a qualidade de pintura é considerada atributo inerente à natureza feminina.</td>
+
{{Info-image
        </tr>
+
|Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984.
        <tr>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286451-1/arte_wayana.JPG|A maruana, roda-de-teto com pinturas que representam lagartas sobrenaturais, está presente em todas casas [[Povo:Wayana | Wayana]]. Desenho de Yeyé.
            <td>
+
|img-contain
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" href="http://img.socioambiental.org/d/286447-1/arte_xikrin_2.jpg" rel="lightbox[g2image]" title="Foto: Isabelle Vidal Giannini, 1996. "><htmltag tagname="img" width="180" height="180" src="http://img.socioambiental.org/d/286448-3/arte_xikrin_2.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" alt="arte_xikrin_2" title="No ritual de nominação dos Xikrin do Cateté, as meninas são, por meio da pintura corporal e da elaborada arte plumária,literalmente transformadas em pássaros. Foto: Isabelle Vidal Giannini, 1996. " /></htmltag></div>
+
}}
            </td>
+
{{Info-image
            <td>No ritual de nominação dos Xikrin do Cateté, as meninas são, por meio da pintura corporal e da elaborada arte plumária, literalmente transformadas em pássaros.</td>
+
|Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984.
        </tr>
+
|http://img.socioambiental.org/d/286453-1/arte_wayana_2.jpg|Esta peça de cestaria dos Wayana (PA) guarda o motivo kaikui, a onça pintada que representa simbolicamente os guerreiros.
        <tr>
+
|img-contain
            <td>
+
}}
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" title="Foto: Pedro Martinelli, 2000." rel="lightbox[g2image]" href="http://img.socioambiental.org/d/286449-1/arte_baniwa.JPG"><htmltag tagname="img" width="180" height="180" title="Índio baniwa do alto Içana (Amazonas) coloca etiqueta com a logomarca “arte baniwa” num urutu de arumã, cestaria que é comercializada em São Paulo. Foto: Pedro Martinelli, 2000." alt="arte_baniwa" src="http://img.socioambiental.org/d/286450-4/arte_baniwa.JPG?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" /></htmltag></div>
+
{{Info-image
            </td>
+
|Foto: Aparecida Vilaça, 1995.  
            <td>Índio <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/baniwa">Baniwa</htmltag> do alto Içana (Amazonas) coloca etiqueta com a logomarca “arte baniwa” num urutu de arumã, cestaria que é comercializada em São Paulo.'''
+
|http://img.socioambiental.org/d/286455-1/arte_wari.jpg|O towa, instrumento de percussão dos [[Povo:Wari' | Wari']] (RO), é feito de argila revestida de caucho de seringueira.
            '''</td>
+
|img-contain
        </tr>
+
}}
        <tr>
+
</div>
            <td>
+
[[Categoria:Artes]]
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" title="Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984." rel="lightbox[g2image]" href="http://img.socioambiental.org/d/286451-1/arte_wayana.JPG"><htmltag tagname="img" width="180" height="180" title="A maruana, roda-de-teto com pinturas que representam lagartas sobrenaturais, está presente em todas casas wayana. Desenho de Yeyé. Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984." alt="arte_wayana" src="http://img.socioambiental.org/d/286452-3/arte_wayana.JPG?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" /></htmltag></div>
 
            </td>
 
            <td>A maruana, roda-de-teto com pinturas que representam lagartas sobrenaturais, está presente em todas casas <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/wayana">Wayana</htmltag>. Desenho de Yeyé.'''
 
            '''</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>
 
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" title="Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984. " rel="lightbox[g2image]" href="http://img.socioambiental.org/d/286453-1/arte_wayana_2.jpg"><htmltag tagname="img" width="180" height="180" title="Esta peça de cestaria dos Wayana (PA) guarda o motivo kaikui, a onça pintada que representa simbolicamente os guerreiros. Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984. " alt="arte_wayana_2" src="http://img.socioambiental.org/d/286454-3/arte_wayana_2.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" /></htmltag></div>
 
            </td>
 
            <td>Esta peça de cestaria dos Wayana (PA) guarda o motivo kaikui, a onça pintada que representa simbolicamente os guerreiros.</td>
 
        </tr>
 
        <tr>
 
            <td>
 
            <div class="side-left"><htmltag tagname="a" title="Foto: Aparecida Vilaça, 1995." rel="lightbox[g2image]" href="http://img.socioambiental.org/d/286455-1/arte_wari.jpg"><htmltag tagname="img" width="180" height="180" title="O towa, instrumento de percussão dos Wari´ (RO), é feito de argila revestida de caucho de seringueira. Foto: Aparecida Vilaça, 1995." alt="arte_wari" src="http://img.socioambiental.org/d/286456-3/arte_wari.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" /></htmltag></div>
 
            </td>
 
            <td>O towa, instrumento de percussão dos <htmltag tagname="a" target="_self" href="http://pib.socioambiental.org/pt/povo/wari">Wari´</htmltag> (RO), é feito de argila revestida de caucho de seringueira.</td>
 
        </tr>
 
   
 
</table>
 
 
 
'''
 
'''
 
<p style="display: none;"><htmltag tagname="a" title="Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000" rel="lightbox[g2image]" href="http://img.socioambiental.org/d/639627-1/cesto_baniwa.jpg"><htmltag tagname="img" width="250" height="250" title="Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000" alt="cesto_baniwa" src="http://img.socioambiental.org/d/639628-3/cesto_baniwa.jpg?g2_GALLERYSID=TMP_SESSION_ID_DI_NOISSES_PMT" /></htmltag>
 

Edição atual tal como às 10h08min de 8 de janeiro de 2024

Artes

O conceito de arte e os indígenas

Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000
Cestaria de arumã baniwa. Foto: Beto Ricardo, 2000

Arte é uma categoria criada pelo homem ocidental. E, mesmo no Ocidente, o que deve ou não deve ser considerado arte está longe de ser um consenso. O que não dizer da aplicação desse termo em manifestações plásticas de povos que nem ao menos possuem palavra correspondente em suas respectivas línguas?

O assunto é complexo e, a despeito da inadequação do termo, muitas obras indígenas têm impactado a sensibilidade e/ou a curiosidade do “homem branco” desde o século XVI, época em que os europeus aportaram nas terras habitadas pelos ameríndios. Nesse período, objetos confeccionados por esses povos eram colecionados por reis e nobres como espécimes “raros” de culturas “exóticas” e “longínquas”.

Até hoje, uma certa concepção museológica dos artefatos indígenas continua a vigorar no senso comum. Para muitos, essas obras constituem “artesanato”, considerado uma arte menor, cujo artesão apenas repete o mesmo padrão tradicional sem criar nada novo. Tal perspectiva desconsidera que a produção não paira acima do tempo e da dinâmica cultural. Ademais, a plasticidade das obras resulta da confluência de concepções e inquietações coletivas e individuais, apesar de não privilegiar este último aspecto, como ocorre na arte ocidental. Confeccionados para uso cotidiano ou ritual, a produção de elementos decorativos não é indiscriminada, podendo haver restrições de acordo com categorias de sexo, idade e posição social. Exige ainda conhecimentos específicos acerca dos materiais empregados, das ocasiões adequadas para a produção etc.

A Arte Baniwa, marca criada por indígenas Baniwa do alto rio Negro (AM), é um exemplo bem sucedido dessa empreitada.


As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singularidade à produção ameríndia, diferenciando-a da arte ocidental, assim como da produção africana ou asiática. Entretanto, não se trata de uma “arte indígena”, e sim de “artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na sua maneira de se expressar e de conferir sentido às suas produções.

Os suportes de tais expressões transcendem as peças exibidas nos museus e feiras (cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas, mantos, cocares...), uma vez que o corpo humano é pintado, escarificado e perfurado; assim como o são construções rochosas, árvores e outras formações naturais; sem contar a presença crucial da dança e da música. Em todos esses casos, a ordem estética está vinculada a outros domínios do pensamento, constituindo meios de comunicação – entre homens e mulheres, entre povos e entre mundos – e modos de conceber, compreender e refletir a ordem social e cosmológica.

Nas relações entre os povos, os artefatos também são objeto de troca, inclusive com o “homem branco”. Ultimamente, o comércio com a sociedade envolvente tem apontado uma alternativa de geração de renda por meio da valorização e divulgação de sua produção cultural.

Outras leituras

Para saber mais sobre o assunto, ver o artigo de Lúcia Hussak van Velthen, “Em outros tempos e nos tempos atuais: arte indígena”, no catálogo Artes Indígenas - Mostra do Redescobrimento, Fundação Bienal de SP (2000), e o livro Grafismo Indígena: Estudos de Antropologia Estética, organizado por Lux Vidal, Edusp/Nobel (2001)

Panorama da diversidade

Mairawê Kaiabi. Foto: Rosely Alvim Sanches/ISA, 2002
Motivo gráfico que os Bakairi (MT) utilizam na fabricação de uma máscara do ritual yakuygâde. Retangular e entalhada em madeira, a máscara representa espíritos tutores relativos ao mundo aquático.
Foto: Vladimir Kozak, s/d.
Esta tatuagem facial faz parte do segundo ritual de iniciação dos Karajá (MT/ TO), que se dá quando a menina está por volta dos 11 anos.
Foto: Jusssara Gruber/1999.
Hilda Tomás do Carmo, índia tikuna (AM), mostra o desenho que representa a “festa da moça nova”.
Foto: Vladimir Kozak, s/d.
A cerâmica Karajá é arte exclusiva das mulheres.
Foto: Claude Lévi-Strauss, 1935.
Desenhos minuciosos e simétricos, traçados com tinta obtida da mistura do suco do jenipapo com pó de carvão, marcam, até hoje, a pintura corporal dos Kadiwéu.
Coleção FFLCH/USP, 1935.
Entre os Kadiwéu (MS), também são as mulheres que decoram a cerâmica. Elas utilizam padrões que seguem um repertório rico, mas fixo, de formas preenchidas com variadas cores.
Foto: Jussara Gruber, 1979.
As máscaras Tikuna, que guardam características essenciais do sobrenatural, "dançam" no pátio da aldeia.
Foto: Philippe Erikson, s/d.
As máscaras Matis (AM) representam os espíritos mariwin, cujo papel consiste em bater nas crianças com o objetivo de endurecer, disciplinar e torná-las mais ativas e vigorosas.
Foto: Michel Pellanders, s/d.
Entre os Xikrin, a qualidade de pintura é considerada atributo inerente à natureza feminina.
Foto: Isabelle Vidal Giannini, 1996.
No ritual de nominação dos Xikrin do Cateté, as meninas são, por meio da pintura corporal e da elaborada arte plumária, literalmente transformadas em pássaros.
Foto: Pedro Martinelli, 2000.
Índio Baniwa do alto Içana (Amazonas) coloca etiqueta com a logomarca “arte baniwa” num urutu de arumã, cestaria que é comercializada em São Paulo.
Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984.
A maruana, roda-de-teto com pinturas que representam lagartas sobrenaturais, está presente em todas casas Wayana. Desenho de Yeyé.
Foto: Lúcia Hussak Van Velthen, 1984.
Esta peça de cestaria dos Wayana (PA) guarda o motivo kaikui, a onça pintada que representa simbolicamente os guerreiros.
Foto: Aparecida Vilaça, 1995.
O towa, instrumento de percussão dos Wari' (RO), é feito de argila revestida de caucho de seringueira.