Xerente
- Autodenominação
- Akwê
- Onde estão Quantos são
- TO 3964 (Siasi/Sesai, 2020)
- Família linguística
- Jê
Os 250 anos de contato dos Xerente com não-indígenas não afetaram sua identidade étnica. As rápidas e intensas transformações sociais, políticas e econômicas que atingem a região na qual residem têm proporcionado a esse povo, não sem dificuldades, uma participação ativa nos processos decisórios que os envolvem. No olho do furacão do desenvolvimento econômico do Estado do Tocantins, os Xerente continuam a expressar, por outras vias, o que possuem de mais tradicional: seu ethos guerreiro.
Nome
Os Xerente, autodenominados Akwe, formam com os Xavante (autodenominados A'we), de Mato Grosso, o ramo central das sociedades de língua Jê. Os Xacriabá, atualmente localizados em Minas Gerais, e Acroás (extintos), também são considerados grupos a eles aparentados lingüística e culturalmente. Segundo a versão mais aceita, o nome Xerente lhes foi atribuído por não-índios, visando sua diferenciação dos demais Akwe, particularmente, em relação aos Xavante.
Língua
Os Xerente e os Xavante falam dialetos de uma mesma língua, que pertence à famíla Jê. Os Xerente a mantêm com vitalidade. As crianças até cinco anos só falam a língua indígena. Os adultos a utilizam em todos os contextos da vida cotidiana nas aldeias. Quando conversam com não-índios, falam fluentemente o português.
Localização
O território Xerente - composto pelas Terras Indígenas Xerente e Funil - localiza-se no cerrado do Estado do Tocantins, na banda leste do rio Tocantins, 70 km ao norte da capital, Palmas. A cidade de Tocantínia, localizada entre as duas terras, tem sido, ao longo desse século, palco de tensões entre a população local não-indía e os Xerente. Desde a fundação do Estado do Tocantins, em 1989, seu território é foco das atenções regionais (e nacionais) devido a sua localização estratégica. Encontra-se atualmente rodeado de projetos de desenvolvimento incentivados pelos governos federal e estadual, em parceria com a iniciativa privada.
Dentre eles se destacam: o Prodecer III, a Hidrelétrica do Lageado e a expansão da capital do Estado, Palmas. A Hidrovia Araguaia-Tocantins, em fase de licenciamento ambiental, terá como um de seus canais a margem direita do rio Tocantins, percorrendo os 12 km da fronteira oeste do território Xerente. Tais projetos contam em sua maioria com o apoio do capital internacional (particularmente do japonês), interessados na produção de grãos, principalmente da soja. Como conseqüência, os Xerente têm sido pressionados, principalmente por parte da administração do governo estadual e dos moradores não-índios das cidades circunvizinhas, para que aceitem a pavimentação de estradas que cortam seu território e interligam a maioria dos projetos citados [dados de 1999].
População
Em 1999 os Xerente contavam com uma população de quase 1.800 pessoas distribuídas em 33 aldeias. Estimativas sobre a população Xerente foram apresentadas em alguns momentos históricos da seguinte maneira: 2.200 em 1851 (Frei Rafael de Taggia); 1.360 em 1924 (Urbino Viana); 330 em 1963 (Maybury-Lewis); 700 em 1982 (Pastor Rinaldo de Mattos); 1.000 em 1987 (FUNAI).
Histórico do contato
Existem alguns relatos orais indígenas que levantam a hipótese de que os Akwe teriam em tempos imemoriais ocupado áreas próximas ao mar. Entretanto, a historiografia oficial assinala que os primeiros contatos entre os Akwe e segmentos não-indígenas remontam ao século XVII, com a chegada de missões jesuítas e colonizadores (bandeiras e entradas) ao centro-oeste brasileiro.
No século XVIII, com a descoberta de minas de ouro, intensificou-se a colonização dos territórios indígenas localizados na então chamada Capitania de Goiás. Entre 1750 e 1790 registrou-se a construção dos primeiros aldeamentos indígenas financiados pela Coroa. Visavam a abertura do território através da atração e pacificação dos diversos povos indígenas ali localizados. Parte dos Akwe (Xavante, Xerente, Acroá, Xacriabá), além dos Javaé e Karajá, entre outros, viveram temporariamente em alguns desses aldeamentos (Duro, Formiga e Pedro III, também conhecido como do Carretão), para em seguida rebelarem-se e se refugiar em regiões menos povoadas, ao norte da Capitania.
Na segunda década do século XIX, o governo da Província cria os presídios militares (indígenas) na região norte, ainda "infestada" de Xavante e Xerente, com o intuito de garantir a navegação no rio Araguaia. A resistência indígena persistia, com ataques aos presídios militares e às vilas de não-índios. Por isso, novas tentativas de aldeamento, particularmente dos Akwe, foram levadas a cabo por padres capuchinhos, contando com o apoio de intervenções punitivas das forças militares do Governo. Em um desses aldeamentos, o de Teresa Cristina - hoje município de Tocantínia - Frei Raffael de Taggia, em 1851, indicou a existência de mais de 3.000 Xavante e Xerente. Segundo a tese mais aceita, a separação definitiva desses dois grupos Akwe se deu no final do século XIX: os Xavante teriam migrado para o cerrado mato-grossense, próximo ao rio das Mortes, enquanto os Xerente permaneceram às margens do rio Tocantins.
O século XX foi marcado pela difícil sobrevivência dos Xerente junto a posseiros e fazendeiros que foram invadindo o pouco que restava de seu vasto território de ocupação tradicional. O SPI (Serviço de Proteção aos Índios) só instalou dois postos de assistência durante a década de 1940, principalmente após relatórios do etnólogo Curt Nimuendajú, que denunciavam as péssimas condições de vida dos Xerente. Nesse período chegou à região uma missão batista, que permanece entre os Xerente até os dias atuais. Registros que indicam a preocupação das autoridades sobre a demarcação de uma área para o grupo datam do final da década de 50. Em 1972, após mais de 200 anos de convivência tensa e conflituosa com diversos segmentos não-indígenas - que resultaram em mortes de ambos os lados -, os Xerente conquistariam a sua primeira área demarcada, denominada nos documentos pela Funai como "Área Grande". Mais 20 anos e muita luta foram necessários até a demarcação e homologação de outra área reivindicada pelos Xerente, a do Funil.
Modos de subsistência
Os Xerente exploravam o cerrado através da caça e da coleta, associadas a uma agricultura de coivara complementar. A amplitude territorial, portanto, foi sempre a condição básica de constituição e reprodução do grupo. Não é por acaso que a identidade masculina Xerente está associada diretamente à condição de "bom caçador", "andarilho" e "corredor". As atividades de caça, pesca e coleta, bem como da agricultura, estão intimamente associadas ao conhecimento que os Xerente possuem sobre a natureza, suas potencialidades e limites.
O ciclo de atividades dedicadas à agricultura divide-se entre a estação seca - por eles designada de "verão" - e a estação das chuvas - chamada de "inverno". A primeira, compreende os meses de maio a setembro, e a segunda, de outubro a abril. As roças localizam-se, em sua grande maioria, nas imediações das aldeias, junto a ribeirões e córregos próximos a matas-galeria. Outro tipo de roça muito utilizada pelos Xerente é feita junto à margem do rio Tocantins, em quase toda a fronteira oeste do território, ocupando cerca de 12 km de extensão. O processo de implementação da maioria das roças (derrubada, queimada, coivara, plantio e colheita) conta com a participação de um determinado segmento residencial (pais, filhos solteiros, filhas casadas e genros), ainda que, em algumas aldeias, sob a liderança do cacique, organizem-se roças de maior amplitude, que contam com a participação de diversos segmentos residenciais. No primeiro caso, a produção das roças é distribuída entre os membros de um determinado segmento residencial, e no segundo, entre os moradores de toda a aldeia.
Outros itens importantes na dieta básica dos Xerente, como mel, frutos e raízes diversas, são proporcionados pela coleta, atividade por meio da qual também se obtêm as plantas medicinais. A pesca, que já foi uma importante fonte de alimentação para os Xerente, tem declinado progressivamente com o passar dos anos, devido ao impacto de grandes obras (barragens, hidrelétricas) realizadas no rio Tocantins. A caça também tem sofrido escassez constante em virtude das pressões sobre os recursos naturais.
Em contrapartida, os Xerente têm buscado outras fontes de renda. A confecção e a venda de artesanato - cestaria, bordunas, arcos e flechas, colares, etc - apesar de muito desvalorizada pelos regionais, é uma das principais atividades desenvolvidas pelo grupo, já que a matéria-prima utilizada (fibras de buriti, sementes de capim-navalha, palhas de coco, etc) é acessível a toda população. Parte dos segmentos residenciais Xerente atualmente obtêm recursos financeiros em cargos conquistados junto à Funai (motoristas, ajudantes de postos), ao Estado (professores indígenas, agentes de saúde), ou provenientes da aposentadoria dos mais velhos.
Organização social e cosmologia
Os estudos sobre os povos Jê apontam como sua característica principal a convivência de um sistema tecnológico "simples" - adaptado às condições ambientais - com um sistema sociocultural extremamente complexo. Tais sistemas organizam-se através de um dualismo estrutural que se manifesta por uma multiplicidade de metades nos planos sociais. No caso Xerente, isto encontra expressão nos complexos rituais, grupos cerimoniais masculinos, grupos de nominação, classes de idade, times esportivos, etc., organizados a partir de relações de parentesco.
A base deste ordenamento está centrada numa divisão em duas metades sócio-cosmológicas - Doí e Wahirê - associadas respectivamente ao Sol e Lua, os heróis míticos fundadores da sociedade Xerente. A onça (huku) também faz parte da mítica Xerente, já que foi responsável por ensinar-lhes o uso do fogo. A metade Doí inclui os clãs Kuzaptedkwá ("os donos do fogo"), Kbazitdkwá ("os donos do algodão") e Kritóitdkwa ("os donos do jogo com a batata assada" ou "donos da borracha"); e a metade Wahirê, os clã Krozaké, Kreprehí e Wahirê, que tem o mesmo nome da metade. As duas metades e seus respectivos clãs possuem entre si uma rede de deveres e obrigações recíprocas. As metades, os seis clãs e as linhagens que os constituem são patrilineares, isto é, passam de pai para filho, de avô paterno para neto, ou, sobrinho-neto. Assim, cada um dos clãs Xerente possui um conjunto de nomes próprios que são passados de geração a geração, responsáveis pela identificação e distinção dos indivíduos Xerente no plano de sua organização social.
Outro mecanismo fundamental para a identificação e localização dos Xerente em seu universo sociocultural de maneira mais ampla é dado pela pintura corporal. São dois os motivos pictóricos básicos que orientam essa forma de identificação: o traço, indicando que os indivíduo pertencem a um dos clãs da metade Wahirê e o círculo, que identifica a pertença aos clãs da metade Doí. Os adultos Xerente pintam seu corpo só em ocasiões cerimoniais. As crianças, por outro lado, são pintadas cotidianamente. As pinturas entre os adultos podem estar relacionadas a várias esferas da organização social e cerimonial - classes de idade, partidos da festa, partidos da tora, casamentos, funerais, etc. As cores básicas da pintura corporal Xerente são confeccionadas com os seguintes elementos: carvão misturado com pau-de-leite faz o preto; sementes de urucum fazem o vermelho e o branco é completado com penugem de periquito ou algodão. Antes da pintura, os corpos são untados com óleo de babaçu. Os detalhes - círculo ou traços - são esculpidos em pedaços de miolo de tora de buriti, e utilizados como uma espécie de "carimbo".
Nas famosas corridas de tora de buriti, reafirmando a sempre presente divisão dual entre os Xerente, cada um dos times - Steromkwá e Htamhã - carrega uma tora esculpida e ornamentada com motivos relacionados respectivamente às figuras da sucuri e do jabuti. Um dos atributos dos pajés é o de ornamentar as toras, para solicitar a proteção dos espíritos da mata. Ressalta-se que um dos esportes mais apreciados atualmente pelos homens Xerente, além das corridas com tora de buriti, é sem dúvida alguma o futebol.
A cosmovisão Xerente está associada diretamente aos vários elementos que compõem a natureza que os cerca. Com os processos de evangelização missionária - católica e protestante - os Xerente têm incorporado e reelaborado valores destas religiões, sem, no entanto, abandonar os seus. Prova disso é a participação ativa dos pajés na vida social e política do grupo. Afora três grandes aldeamentos que ainda se mantêm (com mais de 150 pessoas cada um), atualmente, as demais aldeias Xerente contam com um número que varia de 10 a 50 pessoas. A regra de residência é uxorilocal: o genro mora na aldeia (ou no segmento residencial) do sogro. Geralmente, os Xerente não fazem restrições a casamentos interétnicos realizados com mulheres não-índias, mas desaprovam explicitamente, apesar de ocorrerem, casamentos de mulheres Xerente com não-índios. Todos os não-índios (homens e mulheres) casados com indivíduos Xerente são incorporados às redes de parentesco e conseqüentemente aos sistemas cerimonial e político do grupo, adquirindo direitos e deveres idênticos aos demais.
Política
As relações políticas - expressas em rituais, na pintura corporal e, principalmente, através de um intenso faccionalismo - baseiam-se em uma série de deveres e direitos estipulados pelas relações de parentesco. Orientam-se também pelas articulações contextuais das facções com os diversos agentes não-indígenas presentes na região (Conselho Indígena Missionário, Procuradoria da República, Governo do Estado, Prefeitura Municipal, Funai, Missão Batista, etc). As facções Xerente - agrupamentos de indivíduos (consangüíneos e afins) que dão apoio a um (ou mais) líderes indígenas - vivem em constante competição, buscando o domínio político de cada uma das aldeias, como também da comunicação e articulação com os demais agentes não-índios.
Esta dinâmica gera divisões, aumentando o número de aldeias e caciques, e, por conseguinte, novos arranjos políticos, sociais e cerimoniais são formados. Para se ter uma idéia desse dinamismo, até 1988, existiam nove aldeias Xerente. Atualmente são 33. Entretanto, tais alterações não implicam necessariamente na rejeição dos vínculos de parentesco, nem colocam em cheque a unidade interna do grupo. Os papéis políticos de maior autoridade são o de cacique, o de pajé e o de membro do conselho dos velhos (wawes).
Novas formas de liderança política vêm ganhando espaço entre os Xerente, tais como diretores de associação e professores indígenas. Em termos político-institucionais, os Xerente tiveram um vereador na Câmara Municipal de Tocantínia durante o período legislativo de 1992 a 1996. Devido à inexperiência e a pressões políticas anti-indígenas locais, houve um distanciamento muito grande entre o vereador eleito e os Xerente, levando o grupo a descrer temporariamente desse tipo de iniciativa. Entretanto, nas eleições municipais de 1996, poucos votos faltaram para eleger dois candidatos Xerente a vereador em Tocantínia. Os eleitores Xerente, mais de 600 (entre homens e mulheres), têm uma importância decisiva no quadro partidário local. Há denúncias por parte de lideranças indígenas de que o processo eleitoral (votação e, especialmente, apuração) são manipulados em seu prejuízo.
Há um temor dos moradores não-índios de Tocantínia, manifesto através de "brincadeiras", de que esse município - incrustado no território Xerente - torne-se o "primeiro município indígena do Brasil". A primeira experiência direta dos Xerente com associações indígenas - a fundação e o funcionamento da Associação Indígena Xerente de 1992 a 1995 - contou com a assessoria política e apoio econômico direto do CIMI local, em parceria com uma ONG de Luxemburgo, a BRIDDERLECH DEELEN. Em seus quase quatro anos de funcionamento, a Associação implementou uma série de projetos econômicos que contemplavam todas as aldeias, fato este que possibilitou um início de autonomia dos Xerente diante da complicada rede local de relações econômicas e políticas. A Associação fechou suas portas no final de 1995. Várias lideranças Xerente afirmam que um dos principais motivos para o fim da AIX estaria relacionado também a pressões políticas locais. A partir de 1998, os Xerente - então mais experientes em relação a essa forma organizacional - fundaram três novas associações indígenas, congregando em cada uma delas determinados núcleos de aldeias mais próximas, considerando suas relações políticas, de parentesco, cerimoniais e espaciais.
Saúde e educação
Os Xerente apresentam condições de saúde bastante razoáveis, evidentemente, quando contrastadas à situação de precariedade de vários povos indígenas no Brasil. Possuem uma taxa de natalidade próxima dos 4%, bem acima da média nacional. Doenças tais como a malária e febre amarela, responsáveis em grande medida pela redução drástica do grupo até a década de 60, encontram-se atualmente erradicadas. Hoje, as doenças de maior incidência entre os Xerente são verminoses, gripes, disenteria, bronquite, pneumonia, reumatismo, conjuntivite, escabiose e amigdalite. Nas duas cidades mais freqüentadas pelos Xerente - Miracema e Tocantínia - há registros de casos de AIDS entre não-índios, fato que deve ser visto com preocupação, já que são comuns namoros e casamentos interétnicos. Um grave problema que atinge principalmente parte dos homens adultos Xerente é o alcoolismo, que, além de causar danos morais, debilita o organismo, tornando-o mais suscetível às doenças. A assistência à saúde é realizada tanto nas aldeias indígenas como nas cidades mais próximas. Nas aldeias atuam os agentes indígenas de saúde capacitados através de cursos conveniados entre a funai, Prefeitura de Tocantínia e o Governo do Estado. Nas cidades, os Xerente recorrem ao posto do Sistema Unificado de Saúde (SUS), do governo federal, em Tocantínia, à maternidade e ao hospital de Miracema, ou ainda à equipe médica da Funai na Casa do Índio no município Gurupi.
Os Xerente já passaram por diversas experiências educacionais: catequese de capuchinhos (na segunda metade do século XIX) e dominicanos (nas três primeiras décadas do século XX). A formação bilíngue foi patrocinada pelos missionários batistas a partir da década de 50. Mais recentemente (década de 80), diversos apoios circunstanciais têm sido proporcionados por outros segmentos não-indígenas - missionários do CIMI, funcionários da Funai, antropólogos, governo do Estado do Tocantins, Universidade Federal de Goiás). O ensino escolar formal nas aldeias, ministrado por cerca de 30 professores indígenas de ambos os sexos (quase um por aldeia), restringe-se ao ciclo de 1ª a 4ª série. Após o término da 4ª série, a continuação dos estudos se torna mais difícil por problemas de locomoção ou adaptação às exigências das escolas não-indígenas, uma vez que as escolas ginasiais (que têm da 5ª à 8ª séries) e de segundo grau se localizam em Miracema e Tocantínia. Mas, ainda assim, alguns Xerente conseguem obter formação em segundo grau - cursos técnicos de magistério, administração e contabilidade. Uma outra alternativa para os alunos que terminam a quarta série é cursar o ginasial na escola agrícola (internato) de Catalão (GO). Atualmente, dois Xerente cursam o terceiro grau em faculdades estaduais (engenharia agrícola e administração de empresas).
Nota sobre as fontes
Esse verbete é, em parte, uma síntese das diversas pesquisas efetuadas sobre os Xerente durante esse século. As monografias etnográficas mais abrangentes sobre o grupo são aquelas de autoria de Curt Nimuendajú (década de 30) e de Agenor Farias (década de 80). As pesquisas empreendidas pelo antropólogo inglês David Maybury-Lewis (1956, 1963 e 1984) são voltadas ao estudo das relações políticas e sua articulação junto à estrutura social do grupo e encontram-se publicadas na coletânea Dialectical Societies (1979).
No livro O Selvagem e o Inocente (1984), o mesmo autor apresenta um relato pessoal de suas experiências de campo junto aos Xerente e Xavante, sendo, portanto, de leitura bastante acessível ao público não-especializado. O artigo Pintura corporal e sociedade, os partidos Xerente (1992), de autoria de Aracy Lopes da Silva e Agenor Farias, destaca, como evidencia o título, a importância do uso da pintura corporal em vários contextos da vida social Xerente, além de apresentar, de maneira sucinta, as teses principais contidas nos trabalhos de Curt Nimuendajú, David Maybury-Lewis e Agenor Farias. Mais recentemente, Suzana Guimarães (1996), em sua tese de mestrado, efetuou uma análise detalhada sobre o uso da escrita e oralidade entre os Xerente.
Existe ainda uma vasta documentação sobre diversas questões envolvendo este povo (relatórios de impacto ambiental, processos jurídicos, laudos antropológicos, matérias de jornais etc.) que pode ser encontrada junto à Administração Regional da Funai do Tocantins, à Procuradoria Regional da República (TO) e ao CIMI Regional. Além do autor desse verbete, dois alunos da Universidade de Brasília desenvolvem atualmente pesquisas entre os Xerente.
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