De Povos Indígenas no Brasil

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 Leia 'Aldeia Universitária em Aquidauana' artigo de José Frazão

24/12/2010

Autor: José Frazão

Fonte: Aquidauana News - http://www.aquidauananews.com/



Arco e flecha na parede. Caça e pesca na internet. Espíritos da floresta nas cidades, afugentados pelos brancos que invadiram as matas. Índios se pintam de caneta para a guerra dos saberes. Eles não podem retroceder, por isso querem tribos preparadas para os novos tempos, sem perder sua trilha cultural.

Índios modernos e falantes se dedicam aos estudos e produzem teses e dissertações acadêmicas, sobre cultura, línguas e relações salutares das etnias; mas têm em comum uma luta maior: preparar as novas gerações para o mundo multicultural e global, tornando-as protagonistas de sua própria história, pelas suas próprias mãos.

Armados com a mais pura oralidade e enfrentando preconceito e discriminação, os índios brasileiros chegam sorrateiramente à universidade e escrevem suas histórias com as letras de 238 povos diferentes, em 180 línguas. Dessa população de meio milhão de habitantes de diversas etnias, metade desaldeada, muitos têm curso superior e cinco mil frequentam universidades.

Eles sabem que a formação correta dos jovens indígenas é preponderante na defesa dos direitos de seus povos, pela terra, pela cultura, pela liberdade, pela vida. Por isso é preciso formar professores índios, com a certeza pitagórica de que é melhor educar bem os curumins de hoje, para não castigar mais índios amanhã.

Aquidauana, portal do Pantanal sul-mato-grossense, pode considerar o dia 13 de dezembro de 2010 como o marco histórico de sua consagração como cidade universitária pantaneira e multirracial.

O feito culminante que eleva esse já reconhecido polo educacional é a instalação, nessa data, no Campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CPAQ/UFMS), do Curso Intercultural Indígena "Povos do Pantanal" - projeto diferenciado e inclusista de preparação acadêmico-pedagógica para futuros professores indígenas em nível de licenciatura, envolvendo as etnias Atikum, Ofayé, Guató, Kamba, Kinikinau, Kadwéu e Terena.

A preocupação com a educação indígena no Estado tem mobilizado diversos segmentos sociais e setores do ensino, sendo práticas oficiais os programas de formação continuada. Mas com a implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais (LDB/Lei n. 10.639/2003), a UFMS começa, em Aquidauana, a construir um projeto pedagógico voltado para a formação de cidadania no âmbito da diversidade.

O curso intercultural é mais uma ação do governo e da sociedade destinado a suprir a falta de formação docente indígena em suas escolas.

O estereótipo de que índio é incapaz, inocente, ignorante, alienado e irresponsável está sendo derrubado pela ótica de suas próprias lideranças, pois, ao mesmo tempo em que reivindicam autonomia educacional, também mostram que a função precípua da Universidade é "ser universal" dando oportunidade a todos no universo do conhecimento e do pensamento, revelando, ainda, o verdadeiro papel dos indígenas na sociedade brasileira e sul-mato-grossense.

Este curso é uma graduação que foge do modelo tradicional e padrões pré-estabelecidos: tem calendário especial, núcleo básico e multidisciplinar de três semestres destinados a todos os acadêmicos e mais cinco semestres de especialidades com habilitação em sete áreas distintas do conhecimento, para o ensino dos cursos fundamental e médio, respeitando as especificidades das diferentes etnias.

Esta é mais uma conquista da classe e também de técnicos e professores universitários abnegados, que colocam as aldeias no centro da grande aldeia global, buscando não apenas facilitar o ensino e a aprendizagem entre índios, mas também divulgar as diversidades linguísticas, culturais e filosóficas multiétnicas desses povos indígenas da região sul do pantanal.

http://www.aquidauananews.com/index.php?action=news_view&news_id=175736
 

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