De Povos Indígenas no Brasil

News

 PF prende 30 por extração ilegal

17/05/2007

Fonte: O Globo, O País, p. 9



PF prende 30 por extração ilegal
Mesmo em greve, funcionários do Ibama participaram da operação

Anselmo Carvalho Pinto
Especial para O Globo

A Polícia Federal prendeu ontem pelo menos 30 pessoas acusadas de extração ilegal de madeira em área indígena e crimes contra administração pública. No total, o juiz federal Julier Sebastião da Silva decretou a prisão de 47 pessoas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Paraná.

Entre os que tiveram a prisão decretada, estão cinco líderes dos índios trumais, que vivem no Parque Indígena do Xingu.

Eles são acusados de colaborar com os madeireiros. Segundo as investigações, o lucro com a madeira extraída da reserva e do entorno totalizou cerca de R$ 163 milhões nos últimos anos.

A Operação Mapinguari, realizada em conjunto com o Ibama - mesmo com a greve de funcionários do órgão - , começou há cerca de dez meses, depois que índios de outras etnias denunciaram a devastação de florestas. O Parque do Xingu tem 2,8 milhões hectares, onde vivem 14 grupos indígenas.

De acordo com o procurador da República Mário Lúcio Avelar, autor dos pedidos de prisão, a exploração ilegal voltou a ganhar força em Mato Grosso há cerca de um ano, após encerrada uma série de operações da PF e do Ministério Público.

- Tivemos uma queda vertiginosa na exploração logo após a Operação Curupira (2005). Estamos assistindo agora à retomada desse processo desenfreado - disse o procurador.

A Operação Curupira foi responsável pela prisão de cerca de 200 pessoas e pôs fim a um esquema de extração de madeira no noroeste de Mato Grosso.

De acordo com as investigações da PF, servidores de órgãos ambientais, como Ibama e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), emitiam autorizações para exploração florestal e guias florestais em áreas já desmatadas.

Pertencentes a integrantes da quadrilha, essas áreas ficavam em fazendas no entorno do Parque do Xingu. De posse das autorizações, o bando retirava a madeira de dentro do parque. A ação dava legalidade a um produto ilegal.

Grupo foi denunciado por grupos indígenas vizinhos
A quadrilha agia em cinco frentes: grileiros de terras invadiam áreas no entorno do parque e possibilitavam a exploração; depois, técnicos e consultores eram encarregados de obter facilidades junto a órgãos ambientais. Em seguida, empresários e madeireiros financiavam a grilagem e adquiriam a madeira ilegal. Da quarta frente faziam parte servidores do Ibama e da Sema. Por fim, os índios recebiam dinheiro em troca da permissão de retirada da madeira.

A PF informou que grupos indígenas vizinhos se revoltaram com a ação dos trumais e denunciaram o caso ao Ministério Público Federal e ao Ibama. Segundo o procurador, os trumais não só foram aliciados como se tornaram "agentes ativos e destacados na extração e comercialização de madeiras originárias do parque". O esquema era liderado por sete madeireiros e auxiliado por quatro servidores de órgãos ambientais.

O Globo, 17/05/2007, O País, p. 9
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source