De Povos Indígenas no Brasil
News
Artista abriu as portas do ateliê para índia e as duas descobriram mundos novos
24/07/2016
Autor: Thailla Torres
Fonte: Campo Grande News- http://www.campograndenews.com.br
Artista plástica e pesquisadora de elementos indígenas, Ângela Miracema, de 49 anos, descobriu Adrielle, que desde pequena tinha vontade de pintar em tela. Após descobrir o talento e determinação da jovem, ela decidiu abrir as portas da própria casa para que a índia kadiwéu finalmente começasse a pintar. A experiência acabou apresentando às duas, mundos diferentes.
Enquanto o ateliê tem espaço de sobra, em Adrielle sobra vontade de aprender . "Eu fiquei sabendo pelo Instituto Cultural Gilberto Luiz Alves que uma índia kadiwéu talentosa tinha um sonho. Foi em maio, quando eu soube que ela faria uma visita a Campo Grande e nesse tempo eu já pesquisava sobre os pigmentos, isso me entusiasmou mais ainda em abrir as portas para ela", diz Ângela.
O primeiro encontro, foi ao lado da mãe. "Quando nós marcamos e ela veio com a mãe até aqui, houve um empatia imediata. E isso me fez ir em busca de pesquisas sobre a cultura dela. Fui atrás de livros e tive contato com materiais interessantes sobre a aldeia, que falava sobre grafismos e artes que já vinham sendo esquecidas", descreve.
E não foi só o talento da menina índia que surpreendeu artista plástica. O amor e desejo de valorizar a cultura da sua terra foi o que mais emocionou Ângela. "É impressionante, eles têm arte na veia. Fui para a aldeia cuidar de uma oficina de arte para as mulheres e eu me contaminei totalmente pelo trabalho, me apaixonei pela cultura kadiwéu e hoje mudei meu trabalho", explica.
Enquanto uma aprende com a outra, é Adrielle Virgilio de Almeida, de 18 anos, que não contém a emoção. Cheia de orgulho, ela apresenta o nome artístico Nayokolate, como prefere ser chamada.
A paixão pela arte sempre teve sentido dentro da família. A referência foi a mãe que é artesã e se dedica à cerâmica. Os grafismos que representam a etnia são fortes e inspiração para que ela não desista do sonho de levar a própria cultura para o mundo. "Minha mãe sempre viajava e eu ia com ela. Quando eu vi as telas nas casas de artesanato, eu gostava muito. Era um sonho meu fazer alguma coisa kadiwéu na tela", lembra.
Além de pintar, o sonho da jovem é levar inspiração para a Aldeia Alves de Barros, em Bodoquena, uma das quatro que compõem a Terra Kadiwéu, com objetivo de valorizar a arte e a cultura de sua etnia. "Eu achei muito forte o dia que teve uma festa na aldeia e todo mundo disse 'olha que legal', mostrando minha arte, porque no começo ninguém acreditava", conta emocionada.
Com pigmentos de resina e argila, os grafismos representam o crescimento do povo. Quando se está em contato com a tela, a família e as lutas também viram arte."Eu me inspiro na minha mãe, nas lutas que a gente sempre passou e eu fico muito feliz, quando vejo ela e meu pai felizes. E chego na aldeia e falo do meu trabalho, porque tem muita gente que não valoriza e falo que tem que valorizar no nosso trabalho as nossas tradições, que quase se foram todas, mas eu creio que a gente pode resgatar", reforça.
O choro surge entre um comentário e outro, pela oportunidade que ela conquistou. "Eu tenho nem palavras para agradecer, porque eu sempre quis fazer isso e vejo coisas boas acontecendo na aldeia que nunca tinha acontecido", explica.
Enquanto produz, ela divide os dias entre o ateliê e os trabalhos de volta à comunidade. Sempre ao lado da mãe, ajuda no processo de formalização da Associação das Mulheres Artistas Kadiwéu, que tem como objetivo incentivar e fortalecer a arte e a cultura da etnia.
Para a anfitriã em Campo Grande, o agradecimento também é real. "Eu sempre digo que foi ela que abriu as portas da aldeia para mim, me permitiu conhecer e aprender um pouco mais sobre uma etnia que até então eu não conhecia. Acho que essa oportunidade foi enriquecedora para os dois lados. E cada vez que eu a vejo pintar, o traço dela é impressionante. Na aldeia tem outros artistas com detalhes fortes, mas o dela não tem parecido", reforça Ângela, admirada.
As obras de Nayokolate estarão expostas pela primeira vez no Festival de Inverno de Bonito que vai acontecer de 28 a 31 de julho.
http://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/artista-abriu-as-portas-do-atelie-para-india-e-as-duas-descobriram-mundos-novos
Enquanto o ateliê tem espaço de sobra, em Adrielle sobra vontade de aprender . "Eu fiquei sabendo pelo Instituto Cultural Gilberto Luiz Alves que uma índia kadiwéu talentosa tinha um sonho. Foi em maio, quando eu soube que ela faria uma visita a Campo Grande e nesse tempo eu já pesquisava sobre os pigmentos, isso me entusiasmou mais ainda em abrir as portas para ela", diz Ângela.
O primeiro encontro, foi ao lado da mãe. "Quando nós marcamos e ela veio com a mãe até aqui, houve um empatia imediata. E isso me fez ir em busca de pesquisas sobre a cultura dela. Fui atrás de livros e tive contato com materiais interessantes sobre a aldeia, que falava sobre grafismos e artes que já vinham sendo esquecidas", descreve.
E não foi só o talento da menina índia que surpreendeu artista plástica. O amor e desejo de valorizar a cultura da sua terra foi o que mais emocionou Ângela. "É impressionante, eles têm arte na veia. Fui para a aldeia cuidar de uma oficina de arte para as mulheres e eu me contaminei totalmente pelo trabalho, me apaixonei pela cultura kadiwéu e hoje mudei meu trabalho", explica.
Enquanto uma aprende com a outra, é Adrielle Virgilio de Almeida, de 18 anos, que não contém a emoção. Cheia de orgulho, ela apresenta o nome artístico Nayokolate, como prefere ser chamada.
A paixão pela arte sempre teve sentido dentro da família. A referência foi a mãe que é artesã e se dedica à cerâmica. Os grafismos que representam a etnia são fortes e inspiração para que ela não desista do sonho de levar a própria cultura para o mundo. "Minha mãe sempre viajava e eu ia com ela. Quando eu vi as telas nas casas de artesanato, eu gostava muito. Era um sonho meu fazer alguma coisa kadiwéu na tela", lembra.
Além de pintar, o sonho da jovem é levar inspiração para a Aldeia Alves de Barros, em Bodoquena, uma das quatro que compõem a Terra Kadiwéu, com objetivo de valorizar a arte e a cultura de sua etnia. "Eu achei muito forte o dia que teve uma festa na aldeia e todo mundo disse 'olha que legal', mostrando minha arte, porque no começo ninguém acreditava", conta emocionada.
Com pigmentos de resina e argila, os grafismos representam o crescimento do povo. Quando se está em contato com a tela, a família e as lutas também viram arte."Eu me inspiro na minha mãe, nas lutas que a gente sempre passou e eu fico muito feliz, quando vejo ela e meu pai felizes. E chego na aldeia e falo do meu trabalho, porque tem muita gente que não valoriza e falo que tem que valorizar no nosso trabalho as nossas tradições, que quase se foram todas, mas eu creio que a gente pode resgatar", reforça.
O choro surge entre um comentário e outro, pela oportunidade que ela conquistou. "Eu tenho nem palavras para agradecer, porque eu sempre quis fazer isso e vejo coisas boas acontecendo na aldeia que nunca tinha acontecido", explica.
Enquanto produz, ela divide os dias entre o ateliê e os trabalhos de volta à comunidade. Sempre ao lado da mãe, ajuda no processo de formalização da Associação das Mulheres Artistas Kadiwéu, que tem como objetivo incentivar e fortalecer a arte e a cultura da etnia.
Para a anfitriã em Campo Grande, o agradecimento também é real. "Eu sempre digo que foi ela que abriu as portas da aldeia para mim, me permitiu conhecer e aprender um pouco mais sobre uma etnia que até então eu não conhecia. Acho que essa oportunidade foi enriquecedora para os dois lados. E cada vez que eu a vejo pintar, o traço dela é impressionante. Na aldeia tem outros artistas com detalhes fortes, mas o dela não tem parecido", reforça Ângela, admirada.
As obras de Nayokolate estarão expostas pela primeira vez no Festival de Inverno de Bonito que vai acontecer de 28 a 31 de julho.
http://www.campograndenews.com.br/lado-b/comportamento-23-08-2011-08/artista-abriu-as-portas-do-atelie-para-india-e-as-duas-descobriram-mundos-novos
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source