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 Índios voltam a paralisar obras de Belo Monte

03/05/2013

Fonte: OESP, Economia, p. B6



Índios voltam a paralisar obras de Belo Monte
Regulamentação da consulta prévia e suspensão das obras é principal reivindicação dos indígenas

Fátima Lessa
Especial para o Estado
Cuiabá

Cerca de 200 indígenas afetados pela construção de hidrelétricas ocuparam ontem o principal canteiro de obras da Usina de Belo Monte no município de Vitória do Xingu, no Pará.
Eles reivindicam a regulamentação da consulta prévia e a suspensão das obras e estudos relacionados às barragens nos Rios Xingu, Tapajós e Teles Pires. A tropa de choque da Polícia Militar já esperava pelos índios, mas não conseguiu barrá-los.
Eles pertencem aos povos mundurucu, juruna, caiapó, xipaya, kuruaya, asurini, parakanã e arara. Há também pescadores e ribeirinhos.
Pelo menos 6 mil trabalhadores, nas estimativas do movimento, deixarão de atuar no canteiro. A ocupação, de acordo com os indígenas, será mantida por tempo indeterminado - ou até que o governo atenda às reivindicações.
Para justificar a invasão, os indígenas divulgaram uma carta na qual afirmam que são "agente que vive nos rios em que vocês querem construir barragens". "Vocês estão apontando armas na nossa cabeça. Vocês sitiam nossos territórios com soldados e caminhões de guerra. Vocês fazem o peixe desaparecer", diz o documento.
"O que nós queremos é simples: vocês precisam regulamentar a lei que regula a consulta prévia aos povos indígenas. Enquanto isso, vocês precisam parar todas as obras e estudos e as operações policiais nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires", diz a carta nos parágrafos finais.
"The Economist". A construção da usina de Belo Monte é elogiada pela revista britânica The Economist na edição que chegou ontem às bancas. A reportagem exalta a obra erguida no meio da floresta amazônica, diz que o impacto ambiental será menor, mas lança dúvidas sobre a viabilidade econômica do empreendimento.
Com o título "Os erros e acertos de Belo Monte", a revista diz que "após passar muito tempo para construir o terceiro maior projeto hidrelétrico do mundo, o Brasil corre o risco de receber um pequeno retorno do investimento de US$ 14 bilhões". O argumento da reportagem é que a usina custará muito mais que o previsto, o que pode prejudicar a rentabilidade do projeto. Segundo a publicação, o orçamento saltou dos originais R$ 16 bilhões para cerca de R$ 29 bilhões, equivalente a cerca de US$ 14 bilhões.
A revista cita, por exemplo, que o preço da energia de Belo Monte será comparável ao da energia eólica - fonte conhecida por ser mais cara que a hidrelétrica. O texto diz que recentes leilões de energia eólica "com centenas de concorrentes do setor privado" foram vencidos com o megawatt-hora entre R$ 90 e R$ 100. Quando o consórcio Norte Energia levou o direito sobre a energia de Belo Monte, a proposta vencedora foi de R$ 77,97 por MWh. "Desde então, o orçamento (relacionado à usina) cresceu um terço."
A revista diz que o governo "insiste que os custos são um problema da Norte Energia". "Parece falso. O grupo é quase totalmente estatal", diz a revista, lembrando que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) concedeu empréstimo de R$ 22,5 bilhões à Norte Energia em novembro, "o maior crédito da história do banco". "Se Belo Monte se tornar um elefante branco, a conta recairá sobre o contribuinte", diz a revista.
A reportagem, que visitou as obras, diz que o impacto ambiental de Belo Monte será menor do que afirmam os ecologistas. Um dos argumentos é que o método de construção é mais moderno, com menos danos à natureza. O preço dessa condição mais amigável ao meio ambiente é que essa usina será menos eficiente do que as antigas. / Colaborou Fernando Nakagawa, de Londres

OESP, 03/05/2013, Economia, p. B6

http://economia.estadao.com.br/noticias/economia-geral,indios-voltam-a-invadir-canteiro-de-obras-de-belo-monte,152580,0.htm
 

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