De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Índios obesos, anêmicos e desnutridos
13/05/2010
Autor: Fabiula Wurmeister
Fonte: Gazeta do Povo - http://www.gazetadopovo.com.br/
Levantamento mostra que 51,3% das crianças indígenas têm anemia, enquanto 45,9% das mulheres estão com excesso de peso
São Miguel do Iguaçu - Anemia, obesidade e desnutrição são os principais problemas de saúde encontrados nas aldeias brasileiras. A situação preocupante faz parte das conclusões do primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas divulgado ontem, em Brasília. O levantamento encomendado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e realizado entre 2008 e 2009 pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em 113 aldeias traz o perfil nutricional de 6.707 mulheres com idade entre 14 e 49 anos e 6.285 crianças com até 5 anos.
Segundo a pesquisa, a nova família indígena é composta por mãe com excesso de peso, mas anêmica, com filhos também anêmicos, sem carteira de vacinação em dia, vítimas frequentes de diarreia e de problemas respiratórios. Especificamente, a anemia está presente em um terço das mulheres e em 51,3% das crianças. Na faixa entre 6 e 11 meses, 8 de cada 10 crianças sofrem de anemia, índice 16 vezes maior do que a Organização Mundial da Saúde considera normal. Já o peso se revelou um problema entre as mulheres: 15,7% têm sobrepeso, e 30,2%, obesidade. Entre as crianças, 26% têm estatura abaixo da aceitável para a idade.
No Norte do país, 66% das crianças indígenas menores de 5 anos têm anemia. Na região Centro-Oeste, o índice é de 51,5%, no Sul e Sudeste, 48,5%, e no Nordeste, 40,9%. A anemia na infância é normalmente decorrente de uma dieta pobre em ferro e provoca baixo desenvolvimento. O problema também atinge mulheres. Do grupo analisado, 32,7% estavam anêmicas. Entre as gestantes, a taxa foi de 35,2%. A situação é mais preocupante no Norte. No grupo das não gestantes, 46,9% tinham a doença - 2,1 vezes mais que no Nordeste - contra 44,8% das grávidas. Na população em geral, a taxa é de 29,4%, segundo o Ministério da Saúde.
Ainda na Região Norte, 1 em cada 5 crianças não possui sequer certidão de nascimento. "A criança que não é registrada é invisível aos olhos do Estado. Por isso, o registro civil deve ser considerado o primeiro passo em busca da cidadania e dos direitos da criança", avalia o estudo. Pesquisadores encontraram um cenário que mescla a ausência do Estado, representado pela precariedade de saneamento, escassez de recursos básicos, altos índices de doenças controláveis e dependência da população dos programas de benefícios sociais.
Destacam-se também as falhas no quadro de imunização. Os dados coletados mostram que a maioria das crianças (92,9%) recebeu pelo menos uma dose da vacina BCG, contra tuberculose. No entanto, quando foi avaliado o porcentual de crianças vacinadas na idade indicada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), no primeiro dia de vida, menos da metade das crianças que nasceram em hospitais foi imunizada. Fica claro ainda o baixo índice do uso do soro oral (56,4%), um forte aliado no combate à mortalidade infantil e de custo extremamente baixo.
O resultado total deve ser conhecido nos próximos dias. Mas, de acordo com o diretor em exercício de Saúde Indígena da Funasa, Flavio Pereira Nunes, mesmo preliminarmente é possível constatar que a situação é crítica. "Os dados deverão contribuir para o enfrentamento dos problemas identificados, considerando as particularidades regionais, locais e etnoculturais de cada povo". Entre as hipóteses para o resultado ruim estão o alto índice de diarreias e infecções, o saneamento deficiente e a introdução de alimentos mais gordurosos e com menor teor nutricional na dieta dos índios.
São Miguel do Iguaçu - Anemia, obesidade e desnutrição são os principais problemas de saúde encontrados nas aldeias brasileiras. A situação preocupante faz parte das conclusões do primeiro Inquérito Nacional de Saúde e Nutrição dos Povos Indígenas divulgado ontem, em Brasília. O levantamento encomendado pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e realizado entre 2008 e 2009 pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em 113 aldeias traz o perfil nutricional de 6.707 mulheres com idade entre 14 e 49 anos e 6.285 crianças com até 5 anos.
Segundo a pesquisa, a nova família indígena é composta por mãe com excesso de peso, mas anêmica, com filhos também anêmicos, sem carteira de vacinação em dia, vítimas frequentes de diarreia e de problemas respiratórios. Especificamente, a anemia está presente em um terço das mulheres e em 51,3% das crianças. Na faixa entre 6 e 11 meses, 8 de cada 10 crianças sofrem de anemia, índice 16 vezes maior do que a Organização Mundial da Saúde considera normal. Já o peso se revelou um problema entre as mulheres: 15,7% têm sobrepeso, e 30,2%, obesidade. Entre as crianças, 26% têm estatura abaixo da aceitável para a idade.
No Norte do país, 66% das crianças indígenas menores de 5 anos têm anemia. Na região Centro-Oeste, o índice é de 51,5%, no Sul e Sudeste, 48,5%, e no Nordeste, 40,9%. A anemia na infância é normalmente decorrente de uma dieta pobre em ferro e provoca baixo desenvolvimento. O problema também atinge mulheres. Do grupo analisado, 32,7% estavam anêmicas. Entre as gestantes, a taxa foi de 35,2%. A situação é mais preocupante no Norte. No grupo das não gestantes, 46,9% tinham a doença - 2,1 vezes mais que no Nordeste - contra 44,8% das grávidas. Na população em geral, a taxa é de 29,4%, segundo o Ministério da Saúde.
Ainda na Região Norte, 1 em cada 5 crianças não possui sequer certidão de nascimento. "A criança que não é registrada é invisível aos olhos do Estado. Por isso, o registro civil deve ser considerado o primeiro passo em busca da cidadania e dos direitos da criança", avalia o estudo. Pesquisadores encontraram um cenário que mescla a ausência do Estado, representado pela precariedade de saneamento, escassez de recursos básicos, altos índices de doenças controláveis e dependência da população dos programas de benefícios sociais.
Destacam-se também as falhas no quadro de imunização. Os dados coletados mostram que a maioria das crianças (92,9%) recebeu pelo menos uma dose da vacina BCG, contra tuberculose. No entanto, quando foi avaliado o porcentual de crianças vacinadas na idade indicada pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), no primeiro dia de vida, menos da metade das crianças que nasceram em hospitais foi imunizada. Fica claro ainda o baixo índice do uso do soro oral (56,4%), um forte aliado no combate à mortalidade infantil e de custo extremamente baixo.
O resultado total deve ser conhecido nos próximos dias. Mas, de acordo com o diretor em exercício de Saúde Indígena da Funasa, Flavio Pereira Nunes, mesmo preliminarmente é possível constatar que a situação é crítica. "Os dados deverão contribuir para o enfrentamento dos problemas identificados, considerando as particularidades regionais, locais e etnoculturais de cada povo". Entre as hipóteses para o resultado ruim estão o alto índice de diarreias e infecções, o saneamento deficiente e a introdução de alimentos mais gordurosos e com menor teor nutricional na dieta dos índios.
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