De Povos Indígenas no Brasil
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PF diz que Quartiero tinha arsenal e estava 'pronto para uma guerra'
08/05/2008
Fonte: O Globo, O País, p. 5
PF diz que Quartiero tinha arsenal e estava 'pronto para uma guerra'
Armas e explosivos foram apreendidos na fazenda do prefeito em Raposa
Evandro Éboli Enviado especial
Para evitar novos tumultos e protestos em Roraima, a direção da Polícia Federal decidiu transferir ontem para Brasília o fazendeiro Paulo César Quartiero, líder dos arrozeiros e maior opositor da demarcação de Raposa Serra do Sol. Ele foi preso em flagrante anteontem, acusado de porte ilegal de arma e de fabricação de artefatos explosivos, além de formação de quadrilha. No auto de prisão em flagrante de Quartiero e outras sete pessoas, a que O GLOBO teve acesso, a PF lista um arsenal de guerra encontrado num galpão da Fazenda Depósito, de Quartiero.
- Um verdadeiro arsenal, com enorme poder de fogo.
Eles estavam prontos para uma guerra - disse o superintendente da PF em Roraima, delegado José Maria da Fonseca, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês.
No local, os agentes federais encontraram e apreenderam 149 tubos de material semelhante a papelão, contendo no interior substância similar a pólvora; sete papelotes semelhantes a estopins de bombas caseiras amarrados com arame fino, com pólvora e bombril no interior; 12 embalagens de naftalina, com a inscrição "desodor"; um tubo de PVC com alumínio e arame; um prendedor de roupa de cor azul com pedaços de alumínio e fio de metal; uma fita vedarosca; um vídeo que ensinava manuseio de arma e um manual de instrução para pistola Taurus. Foram encontrados ainda escudos com "palavras de guerra" escritas.
Um dos filhos do arrozeiro também está preso
Entre os funcionários de Quartiero detidos pela PF há um índio
Entre os sete presos pela PF em Roraima está um filho de Paulo César Quartiero, o administrador rural Renato de Almeida Quartiero, que atuou ao lado do pai na resistência à operação Upatakon 3.
Mês passado, ele se feriu nas mãos após um explosivo estourar próximo a ele. Outro dos presos é um índio, o cacique Nilo Carlos Borgeia Coelho. Ele trabalha há dez anos para Quartiero na fazenda Depósito, onde é operador de máquinas. Os outros cinco presos também são funcionários do fazendeiro.
O delegado disse que Quartiero foi transferido também por questões de segurança e falta de local para ficar detido. Ele passou a noite de terça para quarta-feira nas dependências da superintendência da PF em Boa Vista, onde não há lugar para presos.
Quartiero não tem direito a prisão especial, segundo Fonseca.
A PF informou que ele foi transferido porque, por ser prefeito e ter direito a foro privilegiado, a instância para seus advogados recorrerem seria o Tribunal Regional Federal de Brasília.
Grupo protesta contra prisão de Quartiero em frente à PF
Em Boa Vista, houve reação à prisão de Quartiero. Ontem, a cidade amanheceu com pichações: "Soltem Paulo César". No final da tarde, um grupo de cerca de 50 pessoas, maioria funcionários de arrozeiros, protestou em frente à PF. O movimento era liderado pelo pastor José Dilson, da Igreja Evangélica Bereana. Ele atacou a PF, que chamou de "Gestapo do governo Lula", e gritava ao microfone:
- Vamos lutar com todas nossas armas. Todas mesmo.
Quartiero está sendo injustiçado porque foi um dos poucos que resolveu se rebelar contra essa ditadura. A nossa polícia veste é o uniforme verde-oliva - disse o pastor, numa referência aos militares do Exército, instituição contrária à demarcação de Raposa.
O líder dos arrozeiros, em seu depoimento, recusou-se a responder a qualquer pergunta e repetia, em todos questionamentos, que só responderia em juízo. Negou-se a confirmar até se preside a Associação dos Arrozeiros de Roraima. Seu filho, também orientado por advogados, negou-se a responder. Nos autos, Renato é apontado como co-autor da fabricação e do armazenamento dos explosivos.
Opinião
Posição tomada
Preocupado com o clima de violência na região, o Supremo Tribunal Federal promete apressar o julgamento sobre a demarcação das terras indígenas em Roraima, na reserva Raposa Serra do Sol.
É realmente urgente. O ministro da Justiça, Tarso Genro, foi pessoalmente ao local, e coordenou operação da Polícia Federal que prendeu o líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero.
Quartiero teve sua fazenda invadida por indígenas. Seguranças da fazenda atacaram os invasores com armas e uma bomba caseira, do que resultaram vários feridos.
Segundo o governador de Roraima, José de Anchieta Junior, a invasão da fazenda foi um ato de terrorismo dos índios, num momento crítico em que a demarcação das terras está sob julgamento no Supremo.
Para o ministro da Justiça, os seguranças de Quartiero é que são "pistoleiros e terroristas". Mas se o ministro Tarso Genro, numa situação tão tensa, já tem posição tomada, de que modo ele poderá agir para pacificar os ânimos?
O Globo, 08/05/2008, O País, p. 5
Armas e explosivos foram apreendidos na fazenda do prefeito em Raposa
Evandro Éboli Enviado especial
Para evitar novos tumultos e protestos em Roraima, a direção da Polícia Federal decidiu transferir ontem para Brasília o fazendeiro Paulo César Quartiero, líder dos arrozeiros e maior opositor da demarcação de Raposa Serra do Sol. Ele foi preso em flagrante anteontem, acusado de porte ilegal de arma e de fabricação de artefatos explosivos, além de formação de quadrilha. No auto de prisão em flagrante de Quartiero e outras sete pessoas, a que O GLOBO teve acesso, a PF lista um arsenal de guerra encontrado num galpão da Fazenda Depósito, de Quartiero.
- Um verdadeiro arsenal, com enorme poder de fogo.
Eles estavam prontos para uma guerra - disse o superintendente da PF em Roraima, delegado José Maria da Fonseca, que assumiu o cargo há pouco mais de um mês.
No local, os agentes federais encontraram e apreenderam 149 tubos de material semelhante a papelão, contendo no interior substância similar a pólvora; sete papelotes semelhantes a estopins de bombas caseiras amarrados com arame fino, com pólvora e bombril no interior; 12 embalagens de naftalina, com a inscrição "desodor"; um tubo de PVC com alumínio e arame; um prendedor de roupa de cor azul com pedaços de alumínio e fio de metal; uma fita vedarosca; um vídeo que ensinava manuseio de arma e um manual de instrução para pistola Taurus. Foram encontrados ainda escudos com "palavras de guerra" escritas.
Um dos filhos do arrozeiro também está preso
Entre os funcionários de Quartiero detidos pela PF há um índio
Entre os sete presos pela PF em Roraima está um filho de Paulo César Quartiero, o administrador rural Renato de Almeida Quartiero, que atuou ao lado do pai na resistência à operação Upatakon 3.
Mês passado, ele se feriu nas mãos após um explosivo estourar próximo a ele. Outro dos presos é um índio, o cacique Nilo Carlos Borgeia Coelho. Ele trabalha há dez anos para Quartiero na fazenda Depósito, onde é operador de máquinas. Os outros cinco presos também são funcionários do fazendeiro.
O delegado disse que Quartiero foi transferido também por questões de segurança e falta de local para ficar detido. Ele passou a noite de terça para quarta-feira nas dependências da superintendência da PF em Boa Vista, onde não há lugar para presos.
Quartiero não tem direito a prisão especial, segundo Fonseca.
A PF informou que ele foi transferido porque, por ser prefeito e ter direito a foro privilegiado, a instância para seus advogados recorrerem seria o Tribunal Regional Federal de Brasília.
Grupo protesta contra prisão de Quartiero em frente à PF
Em Boa Vista, houve reação à prisão de Quartiero. Ontem, a cidade amanheceu com pichações: "Soltem Paulo César". No final da tarde, um grupo de cerca de 50 pessoas, maioria funcionários de arrozeiros, protestou em frente à PF. O movimento era liderado pelo pastor José Dilson, da Igreja Evangélica Bereana. Ele atacou a PF, que chamou de "Gestapo do governo Lula", e gritava ao microfone:
- Vamos lutar com todas nossas armas. Todas mesmo.
Quartiero está sendo injustiçado porque foi um dos poucos que resolveu se rebelar contra essa ditadura. A nossa polícia veste é o uniforme verde-oliva - disse o pastor, numa referência aos militares do Exército, instituição contrária à demarcação de Raposa.
O líder dos arrozeiros, em seu depoimento, recusou-se a responder a qualquer pergunta e repetia, em todos questionamentos, que só responderia em juízo. Negou-se a confirmar até se preside a Associação dos Arrozeiros de Roraima. Seu filho, também orientado por advogados, negou-se a responder. Nos autos, Renato é apontado como co-autor da fabricação e do armazenamento dos explosivos.
Opinião
Posição tomada
Preocupado com o clima de violência na região, o Supremo Tribunal Federal promete apressar o julgamento sobre a demarcação das terras indígenas em Roraima, na reserva Raposa Serra do Sol.
É realmente urgente. O ministro da Justiça, Tarso Genro, foi pessoalmente ao local, e coordenou operação da Polícia Federal que prendeu o líder dos arrozeiros, Paulo César Quartiero.
Quartiero teve sua fazenda invadida por indígenas. Seguranças da fazenda atacaram os invasores com armas e uma bomba caseira, do que resultaram vários feridos.
Segundo o governador de Roraima, José de Anchieta Junior, a invasão da fazenda foi um ato de terrorismo dos índios, num momento crítico em que a demarcação das terras está sob julgamento no Supremo.
Para o ministro da Justiça, os seguranças de Quartiero é que são "pistoleiros e terroristas". Mas se o ministro Tarso Genro, numa situação tão tensa, já tem posição tomada, de que modo ele poderá agir para pacificar os ânimos?
O Globo, 08/05/2008, O País, p. 5
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