From Indigenous Peoples in Brazil
News
Ilha das Flores vira centro de mobilização indígena no Alto Rio Negro
13/04/2006
Autor: Ludivine Eloy
Fonte: ISA - NSA
Comunidades indígenas que vivem entre a foz do rio Içana e a cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Alto Rio Negro, no Amazonas, se reúnem na Ilha das Flores para debater a preservação dos recursos naturais da região e melhores formas de comercializar seus produtos.
Já virou rotina. As rabetas aportam na praia e as famílias desembarcam com panelas de quinhampira, mujeca, açaí, beijus e atam suas redes no barracão de sua respectiva comunidade. Mais um encontro na Ilha das Flores, no Alto Rio Negro, no Amazonas, está para começar. A reunião é realizada pela Associação das Comunidades Indígenas de Potyro Kapuamo (Acipk), cujos membros são as comunidades localizadas no trecho entre a foz do rio Içana, afluente do rio Negro, e a cidade de São Gabriel da Cachoeira, principal centro urbano da região. As comunidades são das etnias Baré, Tukano, Desana, Tariano, Arapaso, Baniwa, Kuripaco, Pira-Tapuya, Kwewana e Tuyuka. Se a Ilha das Flores é ponto de encontro das famílias indígenas desde 2002 - quando a Fundação Vitória Amazônica realizou um diagnóstico etnoambiental na região - o último encontro no local, realizado em janeiro de 2006, marcou um amadurecimento nas estratégicas para superar os desafios e problemas que prejudicam as famílias que vivem nas proximidades do local.
Além de debater a fiscalização do território, e como as comunidades podem monitorar e controlar a exploração dos recursos naturais que estão acabando - principalmente peixes e certos tipos de madeira e fibras -, a associação discutiu formas de melhorar a comercialização dos produtos agrícolas indígenas levados até São Gabriel da Cachoeira. Isto porque os moradores destas comunidades não conseguem escoar seus produtos agrícolas do jeito que eles querem, pois o mercado urbano vem sendo controlado por uma rede de comerciantes não-indígenas que desvaloriza a produção nativa.
Os membros das comunidades afirmam que têm dificuldade em sustentar seus filhos que estudam na cidade, pois não dispõem de renda suficiente, e que estão preocupados com a exploração abusiva dos recursos naturais da região. Como a principal atividade que sustenta as famílias está centrada na produção de uma grande diversidade de alimentos, a alternativa vislumbrada pelos índios é aumentar os ganhos na comercialização, abrindo uma possibilidade de maior geração de renda - o que pode também diminuir a atual pressão sobre os recursos naturais que estão se esgotando.
Durante a reunião de janeiro, um trabalho em grupo realizado com três facilitadores do Instituto Socioambiental revelou que a maioria das famílias vende seus excedentes para parentes indígenas, por meio de encomendas, ou para comerciantes que esperam no porto de São Gabriel. Estes costumam comprar quantidades reduzidas a preços baixos, deixando os produtores indígenas insatisfeitos com a falta de compradores”. O encontro permitiu entender que as dificuldades que os produtores encontram são menos devidas às quantidades e tipo de produtos oferecidos, e mais às categorias de compradores que os produtores conseguem alcançar hoje em dia na cidade. A solução que eles querem implementar é a criação de um local da Acipk, onde os produtos dos associados seriam estocados, vendidos ou beneficiados.
Diversificação da oferta
No entanto, os produtores indígenas ainda têm que conhecer a demanda urbana para se adaptar a ela. Diante das dificuldades de transporte e da potencialidade dos produtos indígenas, tanto em termos da diversidade de plantas cultivadas como da culinária, parece mais vantajoso adotar uma estratégia de qualidade e de diversificação da oferta e dos compradores a serem envolvidos na cadeia de comercialização, do que simplesmente apostar no aumento das quantidades comercializadas. Nesse sentido, a Acipk precisa investir tempo em planejamento de um negócio que seja sustentável economicamente e socialmente.
Para iniciar este estudo, os moradores das comunidades se comprometeram a anotar durante um mês os dados referentes à venda dos seus produtos na cidade (tipo de produto, quantidade, comprador, preço). Paralelamente, a Acipk, com a ajuda do ISA, poderá iniciar uma pesquisa do mercado urbano, entrevistando os vendedores e os compradores citadinos. Almejando a geração de renda para cada família, o sucesso deste projeto dependerá antes de tudo da mobilização política e da cooperação entre as comunidades indígenas, assim como da perenidade das suas parcerias com outros agentes regionais.
Já virou rotina. As rabetas aportam na praia e as famílias desembarcam com panelas de quinhampira, mujeca, açaí, beijus e atam suas redes no barracão de sua respectiva comunidade. Mais um encontro na Ilha das Flores, no Alto Rio Negro, no Amazonas, está para começar. A reunião é realizada pela Associação das Comunidades Indígenas de Potyro Kapuamo (Acipk), cujos membros são as comunidades localizadas no trecho entre a foz do rio Içana, afluente do rio Negro, e a cidade de São Gabriel da Cachoeira, principal centro urbano da região. As comunidades são das etnias Baré, Tukano, Desana, Tariano, Arapaso, Baniwa, Kuripaco, Pira-Tapuya, Kwewana e Tuyuka. Se a Ilha das Flores é ponto de encontro das famílias indígenas desde 2002 - quando a Fundação Vitória Amazônica realizou um diagnóstico etnoambiental na região - o último encontro no local, realizado em janeiro de 2006, marcou um amadurecimento nas estratégicas para superar os desafios e problemas que prejudicam as famílias que vivem nas proximidades do local.
Além de debater a fiscalização do território, e como as comunidades podem monitorar e controlar a exploração dos recursos naturais que estão acabando - principalmente peixes e certos tipos de madeira e fibras -, a associação discutiu formas de melhorar a comercialização dos produtos agrícolas indígenas levados até São Gabriel da Cachoeira. Isto porque os moradores destas comunidades não conseguem escoar seus produtos agrícolas do jeito que eles querem, pois o mercado urbano vem sendo controlado por uma rede de comerciantes não-indígenas que desvaloriza a produção nativa.
Os membros das comunidades afirmam que têm dificuldade em sustentar seus filhos que estudam na cidade, pois não dispõem de renda suficiente, e que estão preocupados com a exploração abusiva dos recursos naturais da região. Como a principal atividade que sustenta as famílias está centrada na produção de uma grande diversidade de alimentos, a alternativa vislumbrada pelos índios é aumentar os ganhos na comercialização, abrindo uma possibilidade de maior geração de renda - o que pode também diminuir a atual pressão sobre os recursos naturais que estão se esgotando.
Durante a reunião de janeiro, um trabalho em grupo realizado com três facilitadores do Instituto Socioambiental revelou que a maioria das famílias vende seus excedentes para parentes indígenas, por meio de encomendas, ou para comerciantes que esperam no porto de São Gabriel. Estes costumam comprar quantidades reduzidas a preços baixos, deixando os produtores indígenas insatisfeitos com a falta de compradores”. O encontro permitiu entender que as dificuldades que os produtores encontram são menos devidas às quantidades e tipo de produtos oferecidos, e mais às categorias de compradores que os produtores conseguem alcançar hoje em dia na cidade. A solução que eles querem implementar é a criação de um local da Acipk, onde os produtos dos associados seriam estocados, vendidos ou beneficiados.
Diversificação da oferta
No entanto, os produtores indígenas ainda têm que conhecer a demanda urbana para se adaptar a ela. Diante das dificuldades de transporte e da potencialidade dos produtos indígenas, tanto em termos da diversidade de plantas cultivadas como da culinária, parece mais vantajoso adotar uma estratégia de qualidade e de diversificação da oferta e dos compradores a serem envolvidos na cadeia de comercialização, do que simplesmente apostar no aumento das quantidades comercializadas. Nesse sentido, a Acipk precisa investir tempo em planejamento de um negócio que seja sustentável economicamente e socialmente.
Para iniciar este estudo, os moradores das comunidades se comprometeram a anotar durante um mês os dados referentes à venda dos seus produtos na cidade (tipo de produto, quantidade, comprador, preço). Paralelamente, a Acipk, com a ajuda do ISA, poderá iniciar uma pesquisa do mercado urbano, entrevistando os vendedores e os compradores citadinos. Almejando a geração de renda para cada família, o sucesso deste projeto dependerá antes de tudo da mobilização política e da cooperação entre as comunidades indígenas, assim como da perenidade das suas parcerias com outros agentes regionais.
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