From Indigenous Peoples in Brazil
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Mudanças climáticas: indígenas elaboram calendários para a gestão do uso do fogo em períodos críticos
06/03/2025
Fonte: Funai - https://www.gov.br
O fortalecimento de ações preventivas é fundamental para o enfrentamento aos eventos climáticos extremos, entre eles as secas, que intensificam os incêndios florestais. Uma das medidas adotadas pelos povos indígenas para se prevenir é a gestão do uso tradicional do fogo por meio da divulgação de calendários às comunidades. A ideia é mostrar em quais períodos é recomendado redobrar os cuidados ao fazer uso do fogo para impedir que incêndios sejam provocados. É o caso do Calendário Tradicional Xerente para 2025, elaborado pela Associação dos Brigadistas Indígenas Xerente (Abix) no estado do Tocantins, na região Norte.
Segundo o cacique Pedro Paulo Xerente, o calendário é uma importante ferramenta de iniciativa dos próprios indígenas como forma de se adaptar às mudanças climáticas. "Com o calendário, é possível ter, de forma visual, uma certa recomendação das épocas em que se pode fazer uso do fogo e das épocas em que não se pode fazer uso do fogo. Diante desse cenário de mudanças climáticas, estamos tentando arrumar mecanismos para facilitar a compreensão e o entendimento da comunidade de quando fazer, por que fazer e quem acionar, caso haja necessidade", explica o cacique.
O calendário do povo Xerente estabelece que janeiro, fevereiro, março e dezembro são meses mais adequados para o uso do fogo, sobretudo em locais com mais de dois anos sem queimar. Isso porque trata-se de um período chuvoso, no qual o material orgânico está úmido. Com as queimas desses locais, antes do período crítico de seca, há a redução de material combustível, sendo esta uma das formas de prevenção aos incêndios. De abril a junho são realizadas as atividades de uso tradicional do fogo por membros da comunidade, com auxílio de brigadistas formados pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). Em julho, a utilização ou não do fogo dependerá da avaliação da comunidade e dos brigadistas e das condições climáticas. Por outro lado, de agosto a novembro é o período em que se orienta a não se fazer uso do fogo na vegetação, exceto de forma controlada.
Pedro Paulo Xerente destaca que o fogo é fundamental para garantir que os indígenas consigam fazer suas roças para assegurar sua alimentação e subsistência. "O fogo está totalmente ligado à questão cultural e à questão de subsistência, porque, diferente da sociedade não indígena, a gente não tem maquinários e não trabalha na monocultura. Nossos plantios são tipo sistemas agroflorestais, são roças de toco. Para poder limpar a área das roças, se faz uso do fogo para poder fazer o plantio", ressalta.
Diferenças regionais e outras iniciativas
A previsão de períodos críticos muda de acordo com a região do país. Em Roraima, no Norte, lideranças e comunidades indígenas desenvolveram o calendário 2025 de Queima Prescrita com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Prevfogo, vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As instituições atuam em conjunto por meio de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que viabiliza a formação e contratação de brigadistas, em sua maioria indígenas, para atuarem nas ações de prevenção e combate a incêndios florestais nos territórios onde vivem.
Voltado a orientar as atividades que utilizam o fogo, a exemplo das queimas prescritas, o calendário elaborado pelos indígenas de Roraima aponta que de janeiro a abril há um alto risco de incêndios, de modo que o uso do fogo na vegetação deve ser evitado, assim, seu uso deve ocorrer apenas de forma controlada. De maio a agosto, por outro lado, é um período chuvoso em Roraima e, portanto, o uso do fogo é permitido nesses meses, sobretudo em locais com mais de dois anos sem queimar (tempo que pode variar de um local para o outro) pelo fato de o material orgânico estar úmido. Trata-se de uma estratégia de prevenção com vistas a reduzir o material combustível e, consequentemente, os incêndios nesses locais.
De setembro a novembro, com uso tradicional do fogo, ocorrem as ações relacionadas às atividades produtivas das comunidades indígenas, período no qual é permitida a queima controlada em áreas indígenas praticada por membros da comunidade, com auxílio de brigadistas indígenas formados pelo Prevfogo. Já em dezembro, a utilização ou não do fogo depende da avaliação da comunidade, dos brigadistas e das condições climáticas.
O indígena brigadista do Prevfogo Bruno Eduardo explica como as comunidades indígenas têm acesso à programação. "O calendário de queima prescrita é repassado na educação ambiental através de palestras, reuniões e visitas. O objetivo é conscientizar as comunidades em geral sobre o uso do fogo na época correta, considerando as mudanças climáticas que ocorrem a cada ano", afirma.
Queima prescrita
A queima prescrita é uma técnica de prevenção que consiste no uso planejado, monitorado e controlado do fogo, realizado para fins de conservação, de pesquisa ou de manejo em áreas determinadas e sob condições específicas, com objetivos pré-definidos em plano de manejo integrado do fogo. Com uso do equipamento pinga-fogo, ou por meio de técnicas tradicionais (como o uso de palhas), o material seco da vegetação que se acumula no solo é queimado, antes do período crítico, com vistas, por exemplo, a reduzir o material combustível presente no local e, assim, evitar grandes incêndios por meio da criação de barreiras naturais que acabam por impedir a propagação das chamas.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/mudancas-climaticas-indigenas-elaboram-calendarios-para-a-gestao-do-uso-do-fogo-em-periodos-criticos
Segundo o cacique Pedro Paulo Xerente, o calendário é uma importante ferramenta de iniciativa dos próprios indígenas como forma de se adaptar às mudanças climáticas. "Com o calendário, é possível ter, de forma visual, uma certa recomendação das épocas em que se pode fazer uso do fogo e das épocas em que não se pode fazer uso do fogo. Diante desse cenário de mudanças climáticas, estamos tentando arrumar mecanismos para facilitar a compreensão e o entendimento da comunidade de quando fazer, por que fazer e quem acionar, caso haja necessidade", explica o cacique.
O calendário do povo Xerente estabelece que janeiro, fevereiro, março e dezembro são meses mais adequados para o uso do fogo, sobretudo em locais com mais de dois anos sem queimar. Isso porque trata-se de um período chuvoso, no qual o material orgânico está úmido. Com as queimas desses locais, antes do período crítico de seca, há a redução de material combustível, sendo esta uma das formas de prevenção aos incêndios. De abril a junho são realizadas as atividades de uso tradicional do fogo por membros da comunidade, com auxílio de brigadistas formados pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo). Em julho, a utilização ou não do fogo dependerá da avaliação da comunidade e dos brigadistas e das condições climáticas. Por outro lado, de agosto a novembro é o período em que se orienta a não se fazer uso do fogo na vegetação, exceto de forma controlada.
Pedro Paulo Xerente destaca que o fogo é fundamental para garantir que os indígenas consigam fazer suas roças para assegurar sua alimentação e subsistência. "O fogo está totalmente ligado à questão cultural e à questão de subsistência, porque, diferente da sociedade não indígena, a gente não tem maquinários e não trabalha na monocultura. Nossos plantios são tipo sistemas agroflorestais, são roças de toco. Para poder limpar a área das roças, se faz uso do fogo para poder fazer o plantio", ressalta.
Diferenças regionais e outras iniciativas
A previsão de períodos críticos muda de acordo com a região do país. Em Roraima, no Norte, lideranças e comunidades indígenas desenvolveram o calendário 2025 de Queima Prescrita com o apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Prevfogo, vinculado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). As instituições atuam em conjunto por meio de um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), que viabiliza a formação e contratação de brigadistas, em sua maioria indígenas, para atuarem nas ações de prevenção e combate a incêndios florestais nos territórios onde vivem.
Voltado a orientar as atividades que utilizam o fogo, a exemplo das queimas prescritas, o calendário elaborado pelos indígenas de Roraima aponta que de janeiro a abril há um alto risco de incêndios, de modo que o uso do fogo na vegetação deve ser evitado, assim, seu uso deve ocorrer apenas de forma controlada. De maio a agosto, por outro lado, é um período chuvoso em Roraima e, portanto, o uso do fogo é permitido nesses meses, sobretudo em locais com mais de dois anos sem queimar (tempo que pode variar de um local para o outro) pelo fato de o material orgânico estar úmido. Trata-se de uma estratégia de prevenção com vistas a reduzir o material combustível e, consequentemente, os incêndios nesses locais.
De setembro a novembro, com uso tradicional do fogo, ocorrem as ações relacionadas às atividades produtivas das comunidades indígenas, período no qual é permitida a queima controlada em áreas indígenas praticada por membros da comunidade, com auxílio de brigadistas indígenas formados pelo Prevfogo. Já em dezembro, a utilização ou não do fogo depende da avaliação da comunidade, dos brigadistas e das condições climáticas.
O indígena brigadista do Prevfogo Bruno Eduardo explica como as comunidades indígenas têm acesso à programação. "O calendário de queima prescrita é repassado na educação ambiental através de palestras, reuniões e visitas. O objetivo é conscientizar as comunidades em geral sobre o uso do fogo na época correta, considerando as mudanças climáticas que ocorrem a cada ano", afirma.
Queima prescrita
A queima prescrita é uma técnica de prevenção que consiste no uso planejado, monitorado e controlado do fogo, realizado para fins de conservação, de pesquisa ou de manejo em áreas determinadas e sob condições específicas, com objetivos pré-definidos em plano de manejo integrado do fogo. Com uso do equipamento pinga-fogo, ou por meio de técnicas tradicionais (como o uso de palhas), o material seco da vegetação que se acumula no solo é queimado, antes do período crítico, com vistas, por exemplo, a reduzir o material combustível presente no local e, assim, evitar grandes incêndios por meio da criação de barreiras naturais que acabam por impedir a propagação das chamas.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/mudancas-climaticas-indigenas-elaboram-calendarios-para-a-gestao-do-uso-do-fogo-em-periodos-criticos
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