From Indigenous Peoples in Brazil
News
Encontro de Redes reúne comunicadores indígenas de Roraima e Amazonas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol
20/09/2024
Autor: Mayra Wapichana (CIR) e Webert da Cruz (IEB)
Fonte: CIR - https://cir.org.br
Evento promovido pelo projeto "Nossa Terra - Nossa Mãe" fortalece a comunicação indígena e incentiva a produção audiovisual nos territórios
A comunicação indígena está em plena expansão no Brasil, com jovens, lideranças e profissionais indígenas se desafiando a aprimorar suas habilidades e ampliar seus conhecimentos. Esse movimento, essencial na defesa dos territórios, também contribui para o fortalecimento da autonomia dos povos e para a gestão ambiental e sustentável.
No contexto do fortalecimento das organizações indígenas na Amazônia, a comunicação se destaca como um eixo central. Por meio das Redes de Comunicação, as comunidades têm ganhado espaço em ações estratégicas voltadas para a gestão ambiental e territorial das terras indígenas.
Com essa visão, o Conselho Indígena de Roraima (CIR), o Instituto Terra Brasilis (ITB), a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), implementam o Projeto "Nossa Terra - Nossa Mãe", com o objetivo de fortalecer os povos indígenas na conservação da biodiversidade e proteção de seus territórios.
Entre os dias 13 e 16 de agosto, o projeto realizou uma atividade fundamental no eixo de comunicação: o Encontro de Redes de Comunicação Indígena. O evento aconteceu no Centro Regional Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Normandia (RR), reunindo jovens da Rede Wakyaa de Roraima e da Rede Vozes da Mata do Sul do Amazonas (SulAM). Além de promover o diálogo entre comunicadores, o encontro celebrou a troca de saberes ancestrais, a construção coletiva de novos saberes e as estratégias de atuação dos povos indígenas na Amazônia.
Rede Wakywaa
Participaram 28 jovens da Rede de Comunicadores Wakywaa, cujo nome, em Wapichana, significa "contando a nossa história". Criada em 2020 durante a pandemia de Covid-19, a Rede se consolidou como uma referência em comunicação indígena em Roraima, sendo um importante veículo de visibilidade das lutas dos povos indígenas. A Rede abrange dez regiões: Serra da Lua, Raposa, Surumu, Baixo Cotingo, Serras, Amajari, Tabaio, Alto Cauamé, Murupu e Wai-Wai, com membros indicados pelas lideranças locais.
Entre os participantes, destacou-se Wey Marques Tenente, jovem comunicador indígena da comunidade Araçá, na região de Amajari. Conhecido como "Wey Tenente", seu talento fotográfico chamou atenção durante a oficina, onde utilizou equipamentos de alta qualidade para aprimorar suas habilidades. "Essa oficina foi muito importante, e levarei para minha comunidade os novos conhecimentos que adquiri aqui. Aprendemos muito sobre técnicas, roteiros e outros produtos", disse Wey, que também se preocupa com a gestão do território de sua comunidade.
A Rede de Comunicadores Wakywaa faz parte do Departamento de Comunicação do CIR, coordenado por Márcia Fernandes, jornalista e mestre em comunicação do povo Wapichana. Ela destacou a relevância do encontro: "A comunicação não pode se dissociar da defesa dos direitos indígenas e da proteção e gestão dos territórios. Pelo contrário, é uma ferramenta essencial para fortalecer essas lutas. Participaram jovens comunicadores e lideranças preocupadas com o presente e o futuro de suas comunidades. Esse encontro foi fundamental para a execução do projeto 'Nossa Terra - Nossa Mãe'", afirmou Márcia.
Rede Vozes da Mata
A Rede Vozes da Mata, formada por comunicadores indígenas dos povos do rio Purus e Madeira, no sul do Amazonas, tem desempenhado um papel crucial ao demarcar as telas e narrar as profundidades na Amazônia. Através da produção de narrativas, esses comunicadores criam pontes entre seus territórios e o mundo, assegurando que as lutas e as culturas indígenas ganhem visibilidade e protagonismo. A rede não apenas registra, mas também fortalece a preservação cultural e a defesa dos direitos territoriais, sendo uma ferramenta vital para a autonomia e gestão ambiental dos povos indígenas do SulAM.
O lançamento oficial da articulação de comunicadores e comunicadoras indígenas do Sul do Amazonas aconteceu no dia dos povos indígenas em abril deste ano e marcou um ponto crucial para o fortalecimento dessa luta. Foi um passo significativo na defesa dos territórios e modos de vida dos povos indígenas, consolidando a comunicação como um pilar da resistência e autonomia na região. No encontro de redes de agosto participaram 15 comunicadores e comunicadoras indígenas do Vozes.
Essa articulação foi enfatizada por Cleiton Jiahui, da Vozes da Mata, que compartilhou sua visão sobre o encontro: "Foi uma experiência muito oportuna para os dois núcleos de comunicação. A comunicação, dentro e fora dos territórios, é de extrema importância, e essa atividade conjunta foi relevante para entendermos o projeto e as narrativas que estarão dentro dos territórios e nas ações futuras. Durante muito tempo, a comunicação foi colocada em segundo plano, mas hoje é essencial frente às atuais situações, como as grandes queimadas nos biomas amazônicos, as estiagens nos rios e as mudanças climáticas globais."
Caminhada coletiva
Além das reflexões e trocas de visões compartilhadas por comunicadores como Cleiton Jiahui, o evento também foi marcado por debates, grupos de trabalho, aulas teóricas e práticas, além de trocas de experiências entre as duas Redes. O objetivo foi fortalecer as práticas já desenvolvidas pelos comunicadores e ampliar seu conhecimento técnico sobre o uso de ferramentas tecnológicas e digitais.
Um dos principais resultados do encontro foi o planejamento para a produção da série documental "Nossa Terra - Nossa Mãe", que contará as histórias, lutas e conquistas dos povos indígenas, abordando temas como a gestão territorial, a preservação ambiental, o bem viver coletivo e a autonomia dos povos.
O encontro também contou com a participação do Coletivo 105, dedicado a produções audiovisuais de impacto social, político e cultural, além de colaboradores das organizações parceiras do projeto. O Coletivo 105, em especial, estará acompanhando e apoiando a produção da série, fortalecendo e acompanhando cronogramas e resultados obtidos junto aos indígenas.
Visão estratégica
Sara Gaia, coordenadora do Programa Povos Indígenas (PPI) do IEB, destacou a importância da comunicação indígena: "O projeto 'Nossa Terra - Nossa Mãe' nos dá a oportunidade de concretizar um sonho antigo de fortalecer a comunicação a partir do olhar e da perspectiva indígena. Há anos trabalhamos para fortalecer as redes Vozes da Mata e Wakywaa em parceria com organizações indígenas do sul do Amazonas e com o CIR. A proposta do projeto inaugura um novo momento, com uma comunicação que envolve a perspectiva indígena, trazendo os comunicadores para produzir e falar tanto para fora quanto para dentro dos territórios, com planejamento e qualidade."
Ela acrescentou: "Agora, com o olhar dos comunicadores indígenas e o apoio das organizações parceiras, a comunicação se fortalece sendo uma ferramenta de luta, transformação e visibilidade das ações nos territórios."
Com o fortalecimento das Redes de Comunicação Indígena e o planejamento da série documental "Nossa Terra - Nossa Mãe", o segundo semestre de 2024 marca um novo ciclo. A partir desse período, os comunicadores indígenas de Roraima e SulAM estarão produzindo conteúdos em suas terras, destacando suas histórias, saberes e fazeres. Essa ação reforça a comunicação como um instrumento de fortalecimento cultural, resistência e gestão territorial, ampliando a visibilidade das conquistas desses povos.
https://cir.org.br/site/2024/09/20/encontro-de-redes-reune-comunicadores-indigenas-de-roraima-e-amazonas-na-terra-indigena-raposa-serra-do-sol/
A comunicação indígena está em plena expansão no Brasil, com jovens, lideranças e profissionais indígenas se desafiando a aprimorar suas habilidades e ampliar seus conhecimentos. Esse movimento, essencial na defesa dos territórios, também contribui para o fortalecimento da autonomia dos povos e para a gestão ambiental e sustentável.
No contexto do fortalecimento das organizações indígenas na Amazônia, a comunicação se destaca como um eixo central. Por meio das Redes de Comunicação, as comunidades têm ganhado espaço em ações estratégicas voltadas para a gestão ambiental e territorial das terras indígenas.
Com essa visão, o Conselho Indígena de Roraima (CIR), o Instituto Terra Brasilis (ITB), a Operação Amazônia Nativa (OPAN) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), implementam o Projeto "Nossa Terra - Nossa Mãe", com o objetivo de fortalecer os povos indígenas na conservação da biodiversidade e proteção de seus territórios.
Entre os dias 13 e 16 de agosto, o projeto realizou uma atividade fundamental no eixo de comunicação: o Encontro de Redes de Comunicação Indígena. O evento aconteceu no Centro Regional Lago Caracaranã, na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Normandia (RR), reunindo jovens da Rede Wakyaa de Roraima e da Rede Vozes da Mata do Sul do Amazonas (SulAM). Além de promover o diálogo entre comunicadores, o encontro celebrou a troca de saberes ancestrais, a construção coletiva de novos saberes e as estratégias de atuação dos povos indígenas na Amazônia.
Rede Wakywaa
Participaram 28 jovens da Rede de Comunicadores Wakywaa, cujo nome, em Wapichana, significa "contando a nossa história". Criada em 2020 durante a pandemia de Covid-19, a Rede se consolidou como uma referência em comunicação indígena em Roraima, sendo um importante veículo de visibilidade das lutas dos povos indígenas. A Rede abrange dez regiões: Serra da Lua, Raposa, Surumu, Baixo Cotingo, Serras, Amajari, Tabaio, Alto Cauamé, Murupu e Wai-Wai, com membros indicados pelas lideranças locais.
Entre os participantes, destacou-se Wey Marques Tenente, jovem comunicador indígena da comunidade Araçá, na região de Amajari. Conhecido como "Wey Tenente", seu talento fotográfico chamou atenção durante a oficina, onde utilizou equipamentos de alta qualidade para aprimorar suas habilidades. "Essa oficina foi muito importante, e levarei para minha comunidade os novos conhecimentos que adquiri aqui. Aprendemos muito sobre técnicas, roteiros e outros produtos", disse Wey, que também se preocupa com a gestão do território de sua comunidade.
A Rede de Comunicadores Wakywaa faz parte do Departamento de Comunicação do CIR, coordenado por Márcia Fernandes, jornalista e mestre em comunicação do povo Wapichana. Ela destacou a relevância do encontro: "A comunicação não pode se dissociar da defesa dos direitos indígenas e da proteção e gestão dos territórios. Pelo contrário, é uma ferramenta essencial para fortalecer essas lutas. Participaram jovens comunicadores e lideranças preocupadas com o presente e o futuro de suas comunidades. Esse encontro foi fundamental para a execução do projeto 'Nossa Terra - Nossa Mãe'", afirmou Márcia.
Rede Vozes da Mata
A Rede Vozes da Mata, formada por comunicadores indígenas dos povos do rio Purus e Madeira, no sul do Amazonas, tem desempenhado um papel crucial ao demarcar as telas e narrar as profundidades na Amazônia. Através da produção de narrativas, esses comunicadores criam pontes entre seus territórios e o mundo, assegurando que as lutas e as culturas indígenas ganhem visibilidade e protagonismo. A rede não apenas registra, mas também fortalece a preservação cultural e a defesa dos direitos territoriais, sendo uma ferramenta vital para a autonomia e gestão ambiental dos povos indígenas do SulAM.
O lançamento oficial da articulação de comunicadores e comunicadoras indígenas do Sul do Amazonas aconteceu no dia dos povos indígenas em abril deste ano e marcou um ponto crucial para o fortalecimento dessa luta. Foi um passo significativo na defesa dos territórios e modos de vida dos povos indígenas, consolidando a comunicação como um pilar da resistência e autonomia na região. No encontro de redes de agosto participaram 15 comunicadores e comunicadoras indígenas do Vozes.
Essa articulação foi enfatizada por Cleiton Jiahui, da Vozes da Mata, que compartilhou sua visão sobre o encontro: "Foi uma experiência muito oportuna para os dois núcleos de comunicação. A comunicação, dentro e fora dos territórios, é de extrema importância, e essa atividade conjunta foi relevante para entendermos o projeto e as narrativas que estarão dentro dos territórios e nas ações futuras. Durante muito tempo, a comunicação foi colocada em segundo plano, mas hoje é essencial frente às atuais situações, como as grandes queimadas nos biomas amazônicos, as estiagens nos rios e as mudanças climáticas globais."
Caminhada coletiva
Além das reflexões e trocas de visões compartilhadas por comunicadores como Cleiton Jiahui, o evento também foi marcado por debates, grupos de trabalho, aulas teóricas e práticas, além de trocas de experiências entre as duas Redes. O objetivo foi fortalecer as práticas já desenvolvidas pelos comunicadores e ampliar seu conhecimento técnico sobre o uso de ferramentas tecnológicas e digitais.
Um dos principais resultados do encontro foi o planejamento para a produção da série documental "Nossa Terra - Nossa Mãe", que contará as histórias, lutas e conquistas dos povos indígenas, abordando temas como a gestão territorial, a preservação ambiental, o bem viver coletivo e a autonomia dos povos.
O encontro também contou com a participação do Coletivo 105, dedicado a produções audiovisuais de impacto social, político e cultural, além de colaboradores das organizações parceiras do projeto. O Coletivo 105, em especial, estará acompanhando e apoiando a produção da série, fortalecendo e acompanhando cronogramas e resultados obtidos junto aos indígenas.
Visão estratégica
Sara Gaia, coordenadora do Programa Povos Indígenas (PPI) do IEB, destacou a importância da comunicação indígena: "O projeto 'Nossa Terra - Nossa Mãe' nos dá a oportunidade de concretizar um sonho antigo de fortalecer a comunicação a partir do olhar e da perspectiva indígena. Há anos trabalhamos para fortalecer as redes Vozes da Mata e Wakywaa em parceria com organizações indígenas do sul do Amazonas e com o CIR. A proposta do projeto inaugura um novo momento, com uma comunicação que envolve a perspectiva indígena, trazendo os comunicadores para produzir e falar tanto para fora quanto para dentro dos territórios, com planejamento e qualidade."
Ela acrescentou: "Agora, com o olhar dos comunicadores indígenas e o apoio das organizações parceiras, a comunicação se fortalece sendo uma ferramenta de luta, transformação e visibilidade das ações nos territórios."
Com o fortalecimento das Redes de Comunicação Indígena e o planejamento da série documental "Nossa Terra - Nossa Mãe", o segundo semestre de 2024 marca um novo ciclo. A partir desse período, os comunicadores indígenas de Roraima e SulAM estarão produzindo conteúdos em suas terras, destacando suas histórias, saberes e fazeres. Essa ação reforça a comunicação como um instrumento de fortalecimento cultural, resistência e gestão territorial, ampliando a visibilidade das conquistas desses povos.
https://cir.org.br/site/2024/09/20/encontro-de-redes-reune-comunicadores-indigenas-de-roraima-e-amazonas-na-terra-indigena-raposa-serra-do-sol/
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source