From Indigenous Peoples in Brazil
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Saberes ancestrais: povos indígenas devem ter protagonismo na bioeconomia, aponta estudo
24/02/2024
Fonte: Um Só Planeta - umsoplaneta.globo.com
Trabalho realizado pelos antropólogos indígenas Braulina Baniwa e Francisco Apurinã, em colaboração com WRI Brasil, Uma Concertação Pela Amazônia e parceiros, destaca que economia dos povos originários está ligada a preservação do território
A bioeconomia é considerada uma das vertentes para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, com benefícios às pessoas e à natureza. Mas, para que a estratégia seja bem-sucedida, é imperativo que povos indígenas e comunidades locais tenham participação e protagonismo.
O tema é tratado mais a fundo pelos antropólogos indígenas Braulina Baniwa e Francisco Apurinã no recém-lançado estudo Bioeconomia indígena: saberes ancestrais e tecnologias sociais, elaborado em colaboração com WRI Brasil, Uma Concertação Pela Amazônia e parceiros.
Este trabalho enfatiza a relevância do território como o princípio fundamental de existência, da cosmovisão, do bem viver e dos conhecimentos práticos que regem a economia da floresta, e traz elementos importantes para os debates sobre políticas públicas, como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, a Política Nacional de Bioeconomia e o Plano de Transformação Ecológica.
Economia indígena
Embora a bioeconomia seja um termo relativamente novo e em construção para as populações indígenas, sua prática é desenvolvida em muitas aldeias há tempos. Para estes povos, a economia está contida na natureza.
Há décadas, muitos deles comercializam a sua produção. O WRI Brasil destaca que, embora não existam estatísticas sobre o tamanho desse mercado, a bioeconomia é a base da segurança alimentar e promove geração de renda por meio da venda de produtos extraídos e manufaturados nos territórios, ligando-os com outras populações locais e com o resto do mundo.
Alguns exemplos são o café produzido pelo povo indígena Paiter-Suruí, o cogumelo Yanomami, a pimenta Baniwa e os grafismos estampados nas indumentárias confeccionadas pelos Yawanawas. Isso sem contar itens e técnicas de tradições indígenas que se popularizaram na cultura brasileira, como a tapioca, o beiju, o açaí e o vinho do buriti.
O estudo de Baniwa e Apurinã também busca deixar claro quais são os pilares da relação indígena com a economia. Para os pesquisadores, estes pilares são:
- Produzir de modo sustentável, no ritmo das aldeias e em consonância com a natureza, visando obter ganhos suficientes para o bem viver coletivo;
- Fortalecer os trabalhos das associações de bases a partir de técnicas locais e de fora, unindo os conhecimentos indígenas e não indígenas;
- Manter a relação de alteridade, respeito e reciprocidade entre humanos e "mais-que-humanos", e buscar e consolidar parcerias, com vista a formação de indígenas para a realização de trabalhos em ambientes específicos e interculturais.
"Esses povos promovem a bioeconomia e a economia sem agredir ou prejudicar as florestas e suas paisagens bioculturais. Cultivam, manejam e comercializam seus produtos de forma sustentável, utilizando técnicas ancestrais como forma de garantir equilíbrio e manutenção do planeta visando a continuidade desta e, sobretudo, de futuras gerações indígenas e não indígenas, de humanos e 'mais-que-humanos'", diz o texto.
Economia é abundância
O sistema econômico dos povos originários é abundância, cheio de diversidade cultural e heterogeneidade, ressalta a pesquisa. Suas maiores diferenças em relação ao modelo não indígena estão no fato de que, por estar contido na natureza, não há externalidades, e que a remuneração não é necessariamente proporcional à dotação dos fatores de produção, o que significa que "é justo dar mais para quem tem menos".
O novo estudo observa que a bioeconomia traz avanços, porém é necessário dar mais protagonismo a pesquisadores e povos indígenas para que as estratégias voltadas para a transição da economia na Amazônia e no Brasil respeitem os saberes ancestrais e valorizem seus conhecimentos.
Para os pesquisadores, é imprescindível que os indígenas sejam protagonistas da sistematização e difusão de seu conhecimento, especialmente sobre os processos da bioeconomia indígena, com qualificação dessas tecnologias sociais múltiplas e diversas e seus saberes. O estudo também destaca a importância do protagonismo indígena em medidas de qualificação e quantificação dessa grande economia que passa invisível pela estatística e dos serviços ambientais e ecossistêmicos promovidos pelos povos indígenas.
"Desde o conceito à execução de planos e projetos sobre bioeconomia, os conhecimentos indígenas são insubstituíveis e devem ser os principais condutores da bioeconomia indígena, em todos os territórios e todos os biomas. São esses conceitos e modos de vida das comunidades que devem balizar a construção de legislação específica para proteger o seu conhecimento, seus territórios, bem como as políticas públicas de promoção e apoio às atividades relacionadas à bioeconomia", enfatiza o estudo.
https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2024/02/24/povos-indigenas-devem-ter-protagonismo-na-bioeconomia-aponta-estudo.ghtml
A bioeconomia é considerada uma das vertentes para o desenvolvimento sustentável na Amazônia, com benefícios às pessoas e à natureza. Mas, para que a estratégia seja bem-sucedida, é imperativo que povos indígenas e comunidades locais tenham participação e protagonismo.
O tema é tratado mais a fundo pelos antropólogos indígenas Braulina Baniwa e Francisco Apurinã no recém-lançado estudo Bioeconomia indígena: saberes ancestrais e tecnologias sociais, elaborado em colaboração com WRI Brasil, Uma Concertação Pela Amazônia e parceiros.
Este trabalho enfatiza a relevância do território como o princípio fundamental de existência, da cosmovisão, do bem viver e dos conhecimentos práticos que regem a economia da floresta, e traz elementos importantes para os debates sobre políticas públicas, como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, a Política Nacional de Bioeconomia e o Plano de Transformação Ecológica.
Economia indígena
Embora a bioeconomia seja um termo relativamente novo e em construção para as populações indígenas, sua prática é desenvolvida em muitas aldeias há tempos. Para estes povos, a economia está contida na natureza.
Há décadas, muitos deles comercializam a sua produção. O WRI Brasil destaca que, embora não existam estatísticas sobre o tamanho desse mercado, a bioeconomia é a base da segurança alimentar e promove geração de renda por meio da venda de produtos extraídos e manufaturados nos territórios, ligando-os com outras populações locais e com o resto do mundo.
Alguns exemplos são o café produzido pelo povo indígena Paiter-Suruí, o cogumelo Yanomami, a pimenta Baniwa e os grafismos estampados nas indumentárias confeccionadas pelos Yawanawas. Isso sem contar itens e técnicas de tradições indígenas que se popularizaram na cultura brasileira, como a tapioca, o beiju, o açaí e o vinho do buriti.
O estudo de Baniwa e Apurinã também busca deixar claro quais são os pilares da relação indígena com a economia. Para os pesquisadores, estes pilares são:
- Produzir de modo sustentável, no ritmo das aldeias e em consonância com a natureza, visando obter ganhos suficientes para o bem viver coletivo;
- Fortalecer os trabalhos das associações de bases a partir de técnicas locais e de fora, unindo os conhecimentos indígenas e não indígenas;
- Manter a relação de alteridade, respeito e reciprocidade entre humanos e "mais-que-humanos", e buscar e consolidar parcerias, com vista a formação de indígenas para a realização de trabalhos em ambientes específicos e interculturais.
"Esses povos promovem a bioeconomia e a economia sem agredir ou prejudicar as florestas e suas paisagens bioculturais. Cultivam, manejam e comercializam seus produtos de forma sustentável, utilizando técnicas ancestrais como forma de garantir equilíbrio e manutenção do planeta visando a continuidade desta e, sobretudo, de futuras gerações indígenas e não indígenas, de humanos e 'mais-que-humanos'", diz o texto.
Economia é abundância
O sistema econômico dos povos originários é abundância, cheio de diversidade cultural e heterogeneidade, ressalta a pesquisa. Suas maiores diferenças em relação ao modelo não indígena estão no fato de que, por estar contido na natureza, não há externalidades, e que a remuneração não é necessariamente proporcional à dotação dos fatores de produção, o que significa que "é justo dar mais para quem tem menos".
O novo estudo observa que a bioeconomia traz avanços, porém é necessário dar mais protagonismo a pesquisadores e povos indígenas para que as estratégias voltadas para a transição da economia na Amazônia e no Brasil respeitem os saberes ancestrais e valorizem seus conhecimentos.
Para os pesquisadores, é imprescindível que os indígenas sejam protagonistas da sistematização e difusão de seu conhecimento, especialmente sobre os processos da bioeconomia indígena, com qualificação dessas tecnologias sociais múltiplas e diversas e seus saberes. O estudo também destaca a importância do protagonismo indígena em medidas de qualificação e quantificação dessa grande economia que passa invisível pela estatística e dos serviços ambientais e ecossistêmicos promovidos pelos povos indígenas.
"Desde o conceito à execução de planos e projetos sobre bioeconomia, os conhecimentos indígenas são insubstituíveis e devem ser os principais condutores da bioeconomia indígena, em todos os territórios e todos os biomas. São esses conceitos e modos de vida das comunidades que devem balizar a construção de legislação específica para proteger o seu conhecimento, seus territórios, bem como as políticas públicas de promoção e apoio às atividades relacionadas à bioeconomia", enfatiza o estudo.
https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2024/02/24/povos-indigenas-devem-ter-protagonismo-na-bioeconomia-aponta-estudo.ghtml
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