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Lideranças do Xingu relatam preconceito de médicos nos hospitais urbanos para cuidar de indígenas com coronavírus
21/07/2020
Fonte: Jornal Extra - https://extra.globo.com/
Lideranças do Xingu relatam preconceito de médicos nos hospitais urbanos para cuidar de indígenas com coronavírus
Guilherme Caetano
Enquanto o novo coronavírus avança no Xingu, em Mato Grosso, lideranças do Parque Indígena relatam preconceito de hospitais urbanos com os indígenas.
- Eles não cuidam bem da gente. Quando a gente fica internado, não dão comida nem água para a gente beber - diz Yanama Kuikuro, liderança no Xingu.
Por causa da falta de estrutura física, os povos indígenas do Xingu têm lançado mão de todo tipo de alternativa no enfrentamento à doença. Algumas aldeias recorreram a iniciativas de financiamento coletivo a fim de tratar seus doentes. Uma delas, lançada pela Associação Yawalapiti Awapá, pede doações de R$ 1 para a construção de um hospital de campanha.
- Por motivo de preconceito do pessoal do hospital que nós estamos pensando em montar o hospital de campanha - afirma Yanama Kuikuro.
Tapi Yawalapiti, filho do cacique Aritana e futuro líder do Alto Xingu, diz que as doações são muito importantes para que eles não precisem ir até a cidade para comprar mantimentos. Assim, podem ficar isolados nas aldeias e longe da contaminação pelo coronavírus.
- Não dá para viver dessa forma. A casinha que construímos (para isolar doentes) não tem estrutura. O pessoal está ajudando com cinco reais, dez reais, e com esse dinheiro estamos comprando medicamento - afirma Tapi Yawalapiti.
A pandemia demorou a chegar no Xingu, mas agora avança rapidamente. O primeiro óbito foi de um bebê de 45 dias, Salu Kalapalo, em 13 de junho. De lá para cá, são sete mortes - a última ocorreu na manhã da última sexta-feira. As etnias kalapalo, com três óbitos, e yawalapiti, com duas, são as mais afetadas. O Alto Xingu concentra os 77 casos confirmados de coronavírus de território. Não há doentes no Baixo Xingu.
Mas o medo persiste, principalmente porque o contágio entre os indígenas é mais alto que a taxa da população brasileira: 1.479 de cada 100 mil indígenas foram infectados, ante um índice de 907 na população brasileira. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa formado por EXTRA, O GLOBO, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo.
Considerando todos os indígenas do país, são 16.057 casos confirmados, 529 óbitos e 133 povos afetados. Os dados são do Instituto Socioambiental (ISA), com levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
https://extra.globo.com/noticias/coronavirus/liderancas-do-xingu-relatam-preconceito-de-medicos-nos-hospitais-urbanos-para-cuidar-de-indigenas-com-coronavirus-24542396.html
Guilherme Caetano
Enquanto o novo coronavírus avança no Xingu, em Mato Grosso, lideranças do Parque Indígena relatam preconceito de hospitais urbanos com os indígenas.
- Eles não cuidam bem da gente. Quando a gente fica internado, não dão comida nem água para a gente beber - diz Yanama Kuikuro, liderança no Xingu.
Por causa da falta de estrutura física, os povos indígenas do Xingu têm lançado mão de todo tipo de alternativa no enfrentamento à doença. Algumas aldeias recorreram a iniciativas de financiamento coletivo a fim de tratar seus doentes. Uma delas, lançada pela Associação Yawalapiti Awapá, pede doações de R$ 1 para a construção de um hospital de campanha.
- Por motivo de preconceito do pessoal do hospital que nós estamos pensando em montar o hospital de campanha - afirma Yanama Kuikuro.
Tapi Yawalapiti, filho do cacique Aritana e futuro líder do Alto Xingu, diz que as doações são muito importantes para que eles não precisem ir até a cidade para comprar mantimentos. Assim, podem ficar isolados nas aldeias e longe da contaminação pelo coronavírus.
- Não dá para viver dessa forma. A casinha que construímos (para isolar doentes) não tem estrutura. O pessoal está ajudando com cinco reais, dez reais, e com esse dinheiro estamos comprando medicamento - afirma Tapi Yawalapiti.
A pandemia demorou a chegar no Xingu, mas agora avança rapidamente. O primeiro óbito foi de um bebê de 45 dias, Salu Kalapalo, em 13 de junho. De lá para cá, são sete mortes - a última ocorreu na manhã da última sexta-feira. As etnias kalapalo, com três óbitos, e yawalapiti, com duas, são as mais afetadas. O Alto Xingu concentra os 77 casos confirmados de coronavírus de território. Não há doentes no Baixo Xingu.
Mas o medo persiste, principalmente porque o contágio entre os indígenas é mais alto que a taxa da população brasileira: 1.479 de cada 100 mil indígenas foram infectados, ante um índice de 907 na população brasileira. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa formado por EXTRA, O GLOBO, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo.
Considerando todos os indígenas do país, são 16.057 casos confirmados, 529 óbitos e 133 povos afetados. Os dados são do Instituto Socioambiental (ISA), com levantamento da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
https://extra.globo.com/noticias/coronavirus/liderancas-do-xingu-relatam-preconceito-de-medicos-nos-hospitais-urbanos-para-cuidar-de-indigenas-com-coronavirus-24542396.html
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