From Indigenous Peoples in Brazil
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Povos indígenas do Amazonas criticam nomeação de militar para coordenação da Funai
05/12/2019
Autor: Matheus Leitão
Fonte: G1 - https://g1.globo.com
Líderes dos povos indígenas Tikuna-Maguta e Kokama se manifestaram, em carta de repúdio, contra a nomeação do fuzileiro naval da reserva, Jorge Gerson Baruf, para a Coordenação Regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) no Alto Solimões, em Tabatinga (AM).
Para os representantes dessas etnias, o ex-militar "não tem qualquer preparo, capacitação ou formação profissional" para exercer as funções inerentes ao cargo.
"Os povos indígenas não foram consultados sobre a nomeação de um sujeito totalmente alheio a causa dos povos", afirmam as lideranças indígenas da região.
"Sequer conhecemos a sua conduta nem o seu posicionamento perante as demandas concretas dos povos indígenas. Os povos indígenas e a Funai não necessitam de pessoas que saibam atirar. Ao contrário, necessitam, de fato, de cabeças pensantes, capazes e preparadas que elaborem e concretizem políticas indigenistas com excelência", diz a carta.
No texto, os líderes afirmam que o presidente Jair Bolsonaro "é inimigo declarado dos povos originários" com base nos recentes atos nos quais "o governo federal interferiu" nas atividades da fundação.
Para as lideranças, a concepção do atual comando do país é "retrógrada" no que diz respeito à promoção dos direitos dos povos indígenas.
A demissão
Na última quinta-feira (28), a então coordenadora da Funai do Alto Solimões, Mislene Metchacuna Mendes, foi exonerada de seu cargo. A decisão também gerou desconforto em indigenistas do órgão ouvidos pelo blog.
A região de Alto Solimões, entre Tefé e Tabatinga (AM), é formada pela maior população indígena do país, com aproximadamente 85 mil pessoas de 18 etnias diferentes. São mais de quatro milhões de hectares de terras Indígenas demarcadas, e mais de 80 processos em fase de regularização fundiária.
Tradicionalmente esses cargos da Funai sempre foram livres de ingerência política. Mislene Mendes estava à frente da coordenação de Alto Solimões há cinco anos. Ela é filha de um líder da etnia local tikuna e sempre foi considerada como fundamental articuladora entre as atividades da fundação e os povos locais.
Além de Mislene Mendes, outros dois dos 37 coordenadores-regionais foram retirados dos cargos na quinta-feira (28).
Protestos
Os líderes indígenas também estão realizando uma série de protestos, entre eles a tentativa de ocupação do complexo da Coordenação Regional de Alto Solimões.
O grupo ameaçava obstruir a sede até que a portaria de nomeação do ex-fuzileiro naval da reserva fosse cancelada, mas a presença da Polícia Federal evitou que o local fosse tomado pelos indígenas.
"As Forças Militares de nosso país devem se restringir a cumprir sua função constitucional de patrulhar nossas fronteiras e defender a soberania do país. Para isso são formados os seus oficiais", afirmam os líderes indígenas na carta.
"É como se fosse nomeado um antropólogo, indígena ou advogado para a comandância do Exército ou da Polícia Federal. Cada qual na sua área de conhecimento e atuação. Não seremos cobaia da inteligência militar promovida por esse governo", completam.
Os representantes indígenas estipulam um prazo de sete dias úteis para a revogação da portaria de nomeação. Caso a exigência não seja atendida, os líderes ameaçam interditar a pista de pouso do Aeroporto Internacional de Tabatinga (AM).
https://g1.globo.com/politica/blog/matheus-leitao/post/2019/12/05/povos-indigenas-do-amazonas-criticam-nomeacao-de-militar-para-coordenacao-da-funai.ghtml
Para os representantes dessas etnias, o ex-militar "não tem qualquer preparo, capacitação ou formação profissional" para exercer as funções inerentes ao cargo.
"Os povos indígenas não foram consultados sobre a nomeação de um sujeito totalmente alheio a causa dos povos", afirmam as lideranças indígenas da região.
"Sequer conhecemos a sua conduta nem o seu posicionamento perante as demandas concretas dos povos indígenas. Os povos indígenas e a Funai não necessitam de pessoas que saibam atirar. Ao contrário, necessitam, de fato, de cabeças pensantes, capazes e preparadas que elaborem e concretizem políticas indigenistas com excelência", diz a carta.
No texto, os líderes afirmam que o presidente Jair Bolsonaro "é inimigo declarado dos povos originários" com base nos recentes atos nos quais "o governo federal interferiu" nas atividades da fundação.
Para as lideranças, a concepção do atual comando do país é "retrógrada" no que diz respeito à promoção dos direitos dos povos indígenas.
A demissão
Na última quinta-feira (28), a então coordenadora da Funai do Alto Solimões, Mislene Metchacuna Mendes, foi exonerada de seu cargo. A decisão também gerou desconforto em indigenistas do órgão ouvidos pelo blog.
A região de Alto Solimões, entre Tefé e Tabatinga (AM), é formada pela maior população indígena do país, com aproximadamente 85 mil pessoas de 18 etnias diferentes. São mais de quatro milhões de hectares de terras Indígenas demarcadas, e mais de 80 processos em fase de regularização fundiária.
Tradicionalmente esses cargos da Funai sempre foram livres de ingerência política. Mislene Mendes estava à frente da coordenação de Alto Solimões há cinco anos. Ela é filha de um líder da etnia local tikuna e sempre foi considerada como fundamental articuladora entre as atividades da fundação e os povos locais.
Além de Mislene Mendes, outros dois dos 37 coordenadores-regionais foram retirados dos cargos na quinta-feira (28).
Protestos
Os líderes indígenas também estão realizando uma série de protestos, entre eles a tentativa de ocupação do complexo da Coordenação Regional de Alto Solimões.
O grupo ameaçava obstruir a sede até que a portaria de nomeação do ex-fuzileiro naval da reserva fosse cancelada, mas a presença da Polícia Federal evitou que o local fosse tomado pelos indígenas.
"As Forças Militares de nosso país devem se restringir a cumprir sua função constitucional de patrulhar nossas fronteiras e defender a soberania do país. Para isso são formados os seus oficiais", afirmam os líderes indígenas na carta.
"É como se fosse nomeado um antropólogo, indígena ou advogado para a comandância do Exército ou da Polícia Federal. Cada qual na sua área de conhecimento e atuação. Não seremos cobaia da inteligência militar promovida por esse governo", completam.
Os representantes indígenas estipulam um prazo de sete dias úteis para a revogação da portaria de nomeação. Caso a exigência não seja atendida, os líderes ameaçam interditar a pista de pouso do Aeroporto Internacional de Tabatinga (AM).
https://g1.globo.com/politica/blog/matheus-leitao/post/2019/12/05/povos-indigenas-do-amazonas-criticam-nomeacao-de-militar-para-coordenacao-da-funai.ghtml
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