From Indigenous Peoples in Brazil
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News
Podem pôr a culpa na lua cheia
30/03/2010
Autor: Marcos Sá Corrêa
Fonte: Marcos Sá Corrêa - http://marcossacorrea.com.br
Esta deveria ser uma história sobre a lua cheia de domingo. Motivos para isso não lhe faltam. Mas o parque nacional do Iguaçu tinha outros planos. O dia veio carregado de nuvens. Choveu à tarde. O sol estava quase se pondo quando o céu limpou re repente e, no ar lavado, a luz bateu de viés no cânion, fazendo a brilhou na vegetação encharcada como se inaugurasse o Oeste do Paraná naquele instante, novinho em folha.
Só deu tempo de correr para preparar a máquina fotográfica. Pegá-la só não bastava. Com equipamento digital, isso ficou mais complicado do que na era do filme e das regulagens mecânicas. Exige desligar, um a um, antecipadamene, todos os dispositivos automáticos, sob pena de encarar depois uma lua artificial boiando num cenário de opereta.
É prudente travar o espelho que desvia a imagem da lente para o sensor, para reduzir ao mínimo todos os riscos de vibração na hora de apertar o obturador. Não parece, mas aquele suave ploc-ploc que ele faz ao subir e descer sobre batentes acolchoados repercute na fotografia como um acesso de tremedeira, nas exposições mais longas. E isso implica um breve mergulho no programa da câmera.
Lá se vão, pelo mesmo caminho, o foco automático, que funciona mal no escuro, e não pára de buscar o ponto de maior contraste para trás e para frente. Ou seja, atrapalha-se e nos atrapalha. Como o olho humano, em tais circunstâncias, também não é lá essas coisas, mais vale calcular a distância de cabeça e regular a objetiva pela tabela em metros e pés que, embora muito simplificada em relação aos maus tempos do olhômetro puro, as boas marcas do ramo ainda gravam no exterior da lente, quase sempre sob uma tampa de plástico translúcido.
Se a objetiva ainda por cima tiver estabilizador, "zero" nele. Com a máquina fixa no tripé e ums cachoeira movendo-se à sua frente, ele pode cair em tentação de estabilizar até a rotação da terra, e fazer isso aos saltos. Enfim, não se pode esquecer de ajustar previamente também o registro de cores para a luz solar, porque dela é que nos virá o luar sobre as cataratas.
O resto é mera questão de gosto. Mas, como os fotômetros embutidos nas máquinas se tornaram francamente prodigiosos, não custa deixá-los prontos para medir a luz no menor ângulo possível. Assim será mais fácil assestá-lo sobre a espuma branca que as quedas produzem. Nesse caso, medindo o branco, para que ele não se torne cinza claro, que é o tom neutro do mundo no cálculo dos fotômetros, multiplica-se de cara a exposição por 2, ou no pelo menos um e meio.
Tudo isso convém no claro. Na trilha escura, onde provavelmente faltará uma terceira mão para segurar a lanterna, mesmo as operações mais simples se tornam complicadas, senão traiçoeiras. E agora pé na estrada, porque mal o sol sumiu de um lado do cânion, a margem argentina, a lua começou a passar por cima das árvores que sombreiam a margem brasileira. E só esse momento já vale a correria, com ou sem fotos.
É a mesma trilha calçada de cimento e demarcada por balaustres metálicos por onde, horas antes, passava um rio de visitantes, praticamente em fila indiana. O parque do Iguaçu está em época de enchente humana. Nesta Páscoa, espera 20 mil turistas. E são normalmente só aqueles mil duzentos metros de parque que eles geralmente visitam. Os da trilha que percorre os mirantes das cataratas.
Mas, deserto e sombrio como fica assim que os portões de ingresso fecharam, o percurso volta a ser um suvenir convincente da mata original, que há menos de um século barrava o caminho dos primeiros curiosos que vieram à Garganta do Diabo. Sob o ronco das cachoeiras, passos leves e sutís no chão de folhas recordam o tempo todo que a mata foi provisoriamente devolvida pelo anoitecer a seus legítimos donos.
Na vinda, minutos atrás, foi até preciso parar o carro para que um veado mateiro, estacionado no meio da BR-469, decidisse sem maiores pressões o rumo que pretendia seguir na tavessia do asfalto. Outro, um quilômetro adiante, corria pelo acostamento, o mesmo percurso gramado que costuma ser usado, assim a tarde refresca, para o jogging dos funcionários e guardas da polícia florestal.
Mas não se pode deixar que os bichos tomem nesta história o lugar que foi reservado para as fotografias da lua cheia. E ela não negou fogo. Estava alta, resplandescendo no salto Floriano, na chegada ao mirante, uma torre de elevador com plataformas metálicas debruçadas sobre o rio em balanço, que oscilam sensivelmente com o choque da água sobre o leito de basalto.
Aí, irmão, é preciso ter cuidado, porque pode andar por perto sua mulher, dizendo que acaba de ver um arco-íris branco, quase fantasmagórico, na névoa que as quedas lançam sobre as corredeiras rio abaixo. Miragem pura, provocada pela nossa tendência a descolorir a noite. No escuro, para nossos olhos, todos os gatos são pardos e os arco-íris, esbranquiçados. Mas, daqui a pouco, o sensor imparcial da câmera, devidamente informado de que, apesar das aparências em contrário, está debaixo da luz que vem do sol, irá devolver-lhes todas as faixas do espectro a que têm direito durante o dia.
Para isso é que servem as manipulações preventivas do equipamento. Para não deixar que as câmeras se enganem, como nós nos iludimos com o luar. Lembrou-se de aumentar a sensibilidade para ISO 800? Ótimo. Isso vai lhe custar algum ruído na imagem. Mas nem por isso deixará de ser um bom negócio, numa torre que oscila suavemente diante das cataratas. Ali, nem o tripé mais firme - no caso, um valente e surrado Gitzo Mountaineer de titânio - dará fotos de longa exposição com nitidez aceitável.
O segredo é limitar a 10, 11 segundos no máximo, o tempo que o obturador permanecerá aberto. Evidentemente, com o espelho interno recolhido como uma ponte levadiça, sem escostar em nada, tentando sentir com os pés a pausa no vai-e-vem irregular da torre metálica. E usando o disparador de cabo - aquele que você quase esqueceu ao juntar a parafernália e teve que voltar correndo para buscar. Na câmera, em si, nem se toca. E, sem o disparador, sua noite de luz cheia a essa altura estaria meio bichada, pelo menos em matéria de fotografia.
Às dez da noite, com as máquinas quase gotejando de umidade, esgotou-se arbutrariamente o assunto inesgotável. Era hora de voltar para casa. Não sem antes dar uma última paradinha no belvedere do Hotel das Cataratas, diante dos saltos - Dos Hermanos, Cabeza de Vaca, San Martín, Bosetti - que fecham na margem argentina a longa volta do rio Iguaçu pela beira do precipício.
Ali, dois casais, certamente de hóspedes do Hotel das Cataratas, aproveitavam a vista exclusiva do anfiteatro. E havia no ar um excesso de iluminação artificial, vinda do jardim para competir com o luar. Era o toque definitivo de retirada. E daria para encerrar a história por aqui, se ao ligar o carro no estacionamento e sair da vaga em marcha-a-ré, os faróis não batessem de raspão num vulto de animal, na borda do mato ralo que costeia a pista da BR-469.
Outro veado? O terceiro da noite? Foi preciso assestar os faróis em sua direção para constatar que não. Tratava-se de outro bicho. Sem dúvida, de um grande felino. Com sorte uma onça parda, com as patas dianteiras pisando o asfalto, logo ali, na frente do hotel, num ponto onde os ônibus e vans despejam durante o dia milhares de visitantes. A cena parecia à primeira vista um exagero quase inverossímil, coisa que na vida real só acontece com altas doses de luar.
Mas não era uma onça parda. Era muito mais que isso. Ali estava naquele momento, encarando o jardim, uma onça pintada, imperturbável, sob o facho dos faróis - tão perto da escada de acesso ao saguão de entrada que lembrava a onça capturada naquele mesmo jardim duas décadas atrás pelo biólogo Peter Crawshaw. Era pintada que se habituara a dormir na varanda do gerente.
A onça de domingo passado não cruzou essa fronteira. Voltou do ponto em que estava. Sem pressa, deu meia volta e o mato se fechou às suas costas como um pano de boca. O que significava sua presença naquele lugar? Nem a turma do Projeto Carnívoros do Iguaçu se arrisca por enquanto a responder. Oficialmente, nunca foram tão poucas as onças pintadas do parque. Seis ao todo, contadas por armadilhas fotográficas que elas parecem driblar sistematicamente nos pontos mais ermos das áreas intengíveis da unidade de conservação.
Escondem-se dos especialistas. E, ao mesmo tempo, nunca apareceram tanto para tantos leigos desavisados, nos locais mais implausíveis do lado mais populoso, visitado e turístico do Iguaçu. Parecem ter aprendido que ali, pelo menos, não se caça, embora haja o risco de serem atropelaas, como o macho que morreu de madrugada na BR-569, há mais ou menos um ano.
O que elas estariam querendo nos dizer com isso? Trata-se de uma despedida, aviso do triunfo definitivo do engenho humano sobre o mundo natural, como disse o crítico inglês John Berger dos zoológicos, que só viraram moda na Europa do século 19 quando ficou estabelecido que a era dos elefantes, leões e rinocerontes estava no fim?
Não é o tipo de pergunta que uma simples história sobre fotografia de luz cheia possa responder. Ver onças nos roteiros mais batidos do parque nacional do Iguaçu pode ser um bom sinal ou um mau sinal, dependendo inclusive do que daqui para a frente fizermos com ele. O certo é que, depois de cruzar sem querer com as intenções sigilosas desses animais arredios, não dá mais para conceber o mundo sem eles. Muito menos o mundo que fica dentro do parque nacional do Iguaçu.
E antes que alguém escreva para saber aonde foi parar a foto da onça de domingo, não custa lembrar que desde a primeira linha este texto deixou claro que iria tratar de fotografia na lua cheia. E, como se sabe, uma câmera regulada para esse tipo de imagem não sai por aí fotografando onça, sem primeiro recomeçar tudo outra vez. Fotografia, trocada em miúdos, é a arte de botar cada coisa no seu lugar.
http://marcossacorrea.com.br/2010/03/30/podem-por-a-culpa-na-lua-cheia/
Só deu tempo de correr para preparar a máquina fotográfica. Pegá-la só não bastava. Com equipamento digital, isso ficou mais complicado do que na era do filme e das regulagens mecânicas. Exige desligar, um a um, antecipadamene, todos os dispositivos automáticos, sob pena de encarar depois uma lua artificial boiando num cenário de opereta.
É prudente travar o espelho que desvia a imagem da lente para o sensor, para reduzir ao mínimo todos os riscos de vibração na hora de apertar o obturador. Não parece, mas aquele suave ploc-ploc que ele faz ao subir e descer sobre batentes acolchoados repercute na fotografia como um acesso de tremedeira, nas exposições mais longas. E isso implica um breve mergulho no programa da câmera.
Lá se vão, pelo mesmo caminho, o foco automático, que funciona mal no escuro, e não pára de buscar o ponto de maior contraste para trás e para frente. Ou seja, atrapalha-se e nos atrapalha. Como o olho humano, em tais circunstâncias, também não é lá essas coisas, mais vale calcular a distância de cabeça e regular a objetiva pela tabela em metros e pés que, embora muito simplificada em relação aos maus tempos do olhômetro puro, as boas marcas do ramo ainda gravam no exterior da lente, quase sempre sob uma tampa de plástico translúcido.
Se a objetiva ainda por cima tiver estabilizador, "zero" nele. Com a máquina fixa no tripé e ums cachoeira movendo-se à sua frente, ele pode cair em tentação de estabilizar até a rotação da terra, e fazer isso aos saltos. Enfim, não se pode esquecer de ajustar previamente também o registro de cores para a luz solar, porque dela é que nos virá o luar sobre as cataratas.
O resto é mera questão de gosto. Mas, como os fotômetros embutidos nas máquinas se tornaram francamente prodigiosos, não custa deixá-los prontos para medir a luz no menor ângulo possível. Assim será mais fácil assestá-lo sobre a espuma branca que as quedas produzem. Nesse caso, medindo o branco, para que ele não se torne cinza claro, que é o tom neutro do mundo no cálculo dos fotômetros, multiplica-se de cara a exposição por 2, ou no pelo menos um e meio.
Tudo isso convém no claro. Na trilha escura, onde provavelmente faltará uma terceira mão para segurar a lanterna, mesmo as operações mais simples se tornam complicadas, senão traiçoeiras. E agora pé na estrada, porque mal o sol sumiu de um lado do cânion, a margem argentina, a lua começou a passar por cima das árvores que sombreiam a margem brasileira. E só esse momento já vale a correria, com ou sem fotos.
É a mesma trilha calçada de cimento e demarcada por balaustres metálicos por onde, horas antes, passava um rio de visitantes, praticamente em fila indiana. O parque do Iguaçu está em época de enchente humana. Nesta Páscoa, espera 20 mil turistas. E são normalmente só aqueles mil duzentos metros de parque que eles geralmente visitam. Os da trilha que percorre os mirantes das cataratas.
Mas, deserto e sombrio como fica assim que os portões de ingresso fecharam, o percurso volta a ser um suvenir convincente da mata original, que há menos de um século barrava o caminho dos primeiros curiosos que vieram à Garganta do Diabo. Sob o ronco das cachoeiras, passos leves e sutís no chão de folhas recordam o tempo todo que a mata foi provisoriamente devolvida pelo anoitecer a seus legítimos donos.
Na vinda, minutos atrás, foi até preciso parar o carro para que um veado mateiro, estacionado no meio da BR-469, decidisse sem maiores pressões o rumo que pretendia seguir na tavessia do asfalto. Outro, um quilômetro adiante, corria pelo acostamento, o mesmo percurso gramado que costuma ser usado, assim a tarde refresca, para o jogging dos funcionários e guardas da polícia florestal.
Mas não se pode deixar que os bichos tomem nesta história o lugar que foi reservado para as fotografias da lua cheia. E ela não negou fogo. Estava alta, resplandescendo no salto Floriano, na chegada ao mirante, uma torre de elevador com plataformas metálicas debruçadas sobre o rio em balanço, que oscilam sensivelmente com o choque da água sobre o leito de basalto.
Aí, irmão, é preciso ter cuidado, porque pode andar por perto sua mulher, dizendo que acaba de ver um arco-íris branco, quase fantasmagórico, na névoa que as quedas lançam sobre as corredeiras rio abaixo. Miragem pura, provocada pela nossa tendência a descolorir a noite. No escuro, para nossos olhos, todos os gatos são pardos e os arco-íris, esbranquiçados. Mas, daqui a pouco, o sensor imparcial da câmera, devidamente informado de que, apesar das aparências em contrário, está debaixo da luz que vem do sol, irá devolver-lhes todas as faixas do espectro a que têm direito durante o dia.
Para isso é que servem as manipulações preventivas do equipamento. Para não deixar que as câmeras se enganem, como nós nos iludimos com o luar. Lembrou-se de aumentar a sensibilidade para ISO 800? Ótimo. Isso vai lhe custar algum ruído na imagem. Mas nem por isso deixará de ser um bom negócio, numa torre que oscila suavemente diante das cataratas. Ali, nem o tripé mais firme - no caso, um valente e surrado Gitzo Mountaineer de titânio - dará fotos de longa exposição com nitidez aceitável.
O segredo é limitar a 10, 11 segundos no máximo, o tempo que o obturador permanecerá aberto. Evidentemente, com o espelho interno recolhido como uma ponte levadiça, sem escostar em nada, tentando sentir com os pés a pausa no vai-e-vem irregular da torre metálica. E usando o disparador de cabo - aquele que você quase esqueceu ao juntar a parafernália e teve que voltar correndo para buscar. Na câmera, em si, nem se toca. E, sem o disparador, sua noite de luz cheia a essa altura estaria meio bichada, pelo menos em matéria de fotografia.
Às dez da noite, com as máquinas quase gotejando de umidade, esgotou-se arbutrariamente o assunto inesgotável. Era hora de voltar para casa. Não sem antes dar uma última paradinha no belvedere do Hotel das Cataratas, diante dos saltos - Dos Hermanos, Cabeza de Vaca, San Martín, Bosetti - que fecham na margem argentina a longa volta do rio Iguaçu pela beira do precipício.
Ali, dois casais, certamente de hóspedes do Hotel das Cataratas, aproveitavam a vista exclusiva do anfiteatro. E havia no ar um excesso de iluminação artificial, vinda do jardim para competir com o luar. Era o toque definitivo de retirada. E daria para encerrar a história por aqui, se ao ligar o carro no estacionamento e sair da vaga em marcha-a-ré, os faróis não batessem de raspão num vulto de animal, na borda do mato ralo que costeia a pista da BR-469.
Outro veado? O terceiro da noite? Foi preciso assestar os faróis em sua direção para constatar que não. Tratava-se de outro bicho. Sem dúvida, de um grande felino. Com sorte uma onça parda, com as patas dianteiras pisando o asfalto, logo ali, na frente do hotel, num ponto onde os ônibus e vans despejam durante o dia milhares de visitantes. A cena parecia à primeira vista um exagero quase inverossímil, coisa que na vida real só acontece com altas doses de luar.
Mas não era uma onça parda. Era muito mais que isso. Ali estava naquele momento, encarando o jardim, uma onça pintada, imperturbável, sob o facho dos faróis - tão perto da escada de acesso ao saguão de entrada que lembrava a onça capturada naquele mesmo jardim duas décadas atrás pelo biólogo Peter Crawshaw. Era pintada que se habituara a dormir na varanda do gerente.
A onça de domingo passado não cruzou essa fronteira. Voltou do ponto em que estava. Sem pressa, deu meia volta e o mato se fechou às suas costas como um pano de boca. O que significava sua presença naquele lugar? Nem a turma do Projeto Carnívoros do Iguaçu se arrisca por enquanto a responder. Oficialmente, nunca foram tão poucas as onças pintadas do parque. Seis ao todo, contadas por armadilhas fotográficas que elas parecem driblar sistematicamente nos pontos mais ermos das áreas intengíveis da unidade de conservação.
Escondem-se dos especialistas. E, ao mesmo tempo, nunca apareceram tanto para tantos leigos desavisados, nos locais mais implausíveis do lado mais populoso, visitado e turístico do Iguaçu. Parecem ter aprendido que ali, pelo menos, não se caça, embora haja o risco de serem atropelaas, como o macho que morreu de madrugada na BR-569, há mais ou menos um ano.
O que elas estariam querendo nos dizer com isso? Trata-se de uma despedida, aviso do triunfo definitivo do engenho humano sobre o mundo natural, como disse o crítico inglês John Berger dos zoológicos, que só viraram moda na Europa do século 19 quando ficou estabelecido que a era dos elefantes, leões e rinocerontes estava no fim?
Não é o tipo de pergunta que uma simples história sobre fotografia de luz cheia possa responder. Ver onças nos roteiros mais batidos do parque nacional do Iguaçu pode ser um bom sinal ou um mau sinal, dependendo inclusive do que daqui para a frente fizermos com ele. O certo é que, depois de cruzar sem querer com as intenções sigilosas desses animais arredios, não dá mais para conceber o mundo sem eles. Muito menos o mundo que fica dentro do parque nacional do Iguaçu.
E antes que alguém escreva para saber aonde foi parar a foto da onça de domingo, não custa lembrar que desde a primeira linha este texto deixou claro que iria tratar de fotografia na lua cheia. E, como se sabe, uma câmera regulada para esse tipo de imagem não sai por aí fotografando onça, sem primeiro recomeçar tudo outra vez. Fotografia, trocada em miúdos, é a arte de botar cada coisa no seu lugar.
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