From Indigenous Peoples in Brazil

News

Por Dilma, Lula festeja indicador do qual duvidava

13/11/2009

Autor: ANGELO, Claudio

Fonte: FSP, Brasil, p. A4



Por Dilma, Lula festeja indicador do qual duvidava

Claudio Angelo
Editor de Ciência

Que ninguém duvide: a queda no ritmo do desmate na Amazônia é a melhor notícia do ano. Ou melhor, dos últimos 21 anos, desde que o Inpe começou a monitorar sistematicamente essa vergonha nacional.
Não que 7.008 km2 sejam pouca coisa. Nunca é demais repetir a estimativa do americano Warren Dean, segundo o qual toda a produção de açúcar no Brasil de 1700 a 1850 consumiu 7.500 km2 da mata atlântica. Mas um país que já viu taxas quatro vezes maiores na Amazônia em um só ano aprendeu a comemorar o inaceitável.
Até pouco tempo atrás, a regra era os governos anunciarem o dado do Prodes num tom sombrio -um "ritual macabro", nas palavras da ex-ministra Marina Silva. Agora, o dado do desmatamento vira palanque, e justamente para a menos verde das candidatas, Dilma Rousseff. O mundo gira.
E como gira: ainda no ano passado, quando o mesmo Inpe anunciou uma alta recorde na velocidade da derrubada, Lula resolveu atirar no mensageiro. Duvidou dos dados e mandou checá-los, comparando-os a um "tumorzinho" que era tratado como câncer antes da biópsia. Não há registro de que Dilma tenha peitado o chefe e ficado ao lado de Marina e de Sergio Rezende na defesa dos números do instituto.
Mas a história não foi apenas esquecida ontem no palanque em Brasília. Ela foi ativamente reescrita. O próprio Carlos Minc fez questão de atribuir a Dilma as metas de corte de desmatamento do plano nacional do clima e o Fundo Amazônia. Tanto o fundo quanto o plano são obras de Marina Silva. O que Dilma fez foi passar o PAC por cima da Amazônia e barrar a criação de áreas protegidas.
É também de Marina grande parte do mérito pela queda na devastação. Ela estreou as políticas de comando e controle ampliadas por Minc. Produziu a resolução do Banco Central cortando o crédito a desmatadores, que Minc lutou para manter -apesar de Dilma e dos governadores da Amazônia.
Além da cabocla do Acre, os loiros de olhos azuis de Wall Street ajudaram, derrubando a economia mundial e o agronegócio brasileiro junto. Por fim, as ações do Greenpeace e do Ministério Público contra a carne ilegal provavelmente tiveram sua parcela de mérito.
Lula ganhou de todos esses atores um presentão, mas também um problema. Afinal, nos próximos dias o presidente precisa definir se apoia Minc ou os desmatadores na reforma do Código Florestal. Vai ficar feio ceder aos ruralistas agora.

FSP, 13/11/2009, Brasil, p. A4
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source