From Indigenous Peoples in Brazil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

MPF/PA registra questionamentos da população sobre Belo Monte

29/08/2007

Autor: Helena Palmquist

Fonte: Ministério Público Federal



Realizada ontem, 28 de agosto, primeira reunião pública do Ibama sobre o projeto, em Altamira, teve participação da Eletrobrás, empresários, movimentos sociais, igreja e instituições de ensino.

Na primeira reunião pública promovida em Altamira (PA) pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para tratar do projeto do aproveitamento hidrelétrico Belo Monte, houve embate entre forças favoráveis e contrárias à construção da usina. O Ministério Público Federal acompanhou os debates e registrou os questionamentos das instituições e pessoas presentes, assim como coletou mais informações com a Eletrobrás, responsável pelo empreendimento.

As questões apresentadas pela população contribuirão para a elaboração do termo de referência, espécie de questionário que orienta e deve ser respondido pelos estudos de impacto ambiental (Eia-Rima). Também serão acrescentadas aos procedimentos administrativos que o MPF mantém para acompanhar o licenciamento de Belo Monte.

Para o procurador da República em Altamira Marco Antonio Delfino de Almeida, o processo de licenciamento já começa com uma falha grave: não foram ouvidas previamente as comunidades indígenas afetadas pelo projeto. "Nosso entendimento é de que a Constituição Federal determina a oitiva dos povos indígenas como um momento político, que deve acontecer antes do licenciamento e ser promovido pelo Congresso Nacional, e não pelo Ibama", explica. O MPF apresentou esse entendimento aos tribunais, tendo obtido decisão favorável no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que foi, no entanto, suspensa por uma medida de segurança concedida à União pela presidente do Supremo
Tribunal Federal, ministra Ellen Gracie.

Os representantes da Eletrobrás, Paulo Fernando Vieira Souto Rezende e Silviani Froelich, apresentaram os dados do projeto e as etapas do licenciamento. Silviani informou que a oitiva dos indígenas será feita após as audiências públicas, concluídos os estudos de impactos ambientais. Paulo Fernando informou que, devido à vazão do Xingu, a
produção maior de energia da usina se dará nos meses de janeiro a maio, quando o rio alcança até 32 mil metros cúbicos por segundo. De junho a dezembro, a hidrelétrica operaria com capacidade reduzida.

O Ibama garantiu que a análise dos estudos será totalmente técnica. "Se os prejuízos forem maiores que os benefícios, não tenham dúvida de que o órgão licenciador não irá conceder licença prévia ao empreendimento", disse Valter Muchagata, diretor substituto de licenciamento ambiental do Ibama que coordenou a reunião.

Dúvidas e denúncias - Entre os presentes, vários empresários tomaram a palavra para defender a hidrelétrica. "Se Tucuruí não tivesse sido construída, será que nós estaríamos na situação em que estamos hoje no
Brasil? Se não for construída Belo Monte, o que será do nosso país?", perguntou o representante da Associação Comercial e Industrial de Altamira (Asciapa). A Câmara dos Dirigentes Lojistas também tornou público seu apoio ao projeto.

Com posição oposta, representantes da Prelazia do Xingu e do Movimento em Defesa da Transamazônica e do Xingu apresentaram denúncias de que ribeirinhos e trabalhadores rurais estão recebendo propostas de agentes da Eletrobrás. "Estão chegando e perguntando se as pessoas querem uma casa na cidade, uma casa em outro lugar ou dinheiro. Isso é
que são os estudos de impacto ambiental?", perguntou Antônia Melo, do Movimento Pelo Desenvolvimento da Transamazônica e Xingu (MDTX).

Hoje, 29 de agosto, às 19h, haverá outra reunião pública sobre o assunto no município de Vitória do Xingu, que também deve ser diretamente impactado pela hidrelétrica. Durante o dia, representantes do Ibama, Eletrobrás e MPF fazem sobrevôo na volta grande do Xingu, para conhecer o sítio em que estão previstas as obras da hidrelétrica.
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source