From Indigenous Peoples in Brazil
News
Degelo sob o sol de Washington
30/06/2015
Fonte: O Globo, País, p. 4
Degelo sob o sol de Washington
Após estremecimento causado por espionagem, Obama e Dilma visitam monumento a Martin Luther King, sob temperatura de 30 graus, e jantam na Casa Branca; hoje, devem firmar acordos
FLÁVIA BARBOSA
Correspondente
fiavia.barbosa@oglobo.com.br
-WASHINGTON-
A visita oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington começou ontem sob sol escaldante, na companhia do presidente americano, Barack Obama, em tour ao monumento dedicado ao líder do movimento dos direitos civis Martin Luther King Jr. Após 18 meses de relações gélidas devido à descoberta de que Dilma foi espionada pelos Estados Unidos, os dois se reencontraram e, por três minutos, observaram a estátua do ícone americano, esculpida em bloco único de pedra e guardado por trechos do célebre discurso "Eu tenho um sonho" inscritos em mármore.
Obama apontou diversas vezes para a obra, enquanto conversava com Dilma, dando explicações à presidente, que também teceu alguns comentários.
REFLEXÃO SOBRE RACISMO
Os dois foram acompanhados pela filha de Dilma, Paula Rousseff, e de uma guarda florestal. Segundo a Casa Branca, o monumento a Martin Luther King foi escolhido para que os líderes pudessem "refletir juntos sobre o trabalho em favor da igualdade e da justiça, e contra o racismo e a intolerância" A visita, disse a Presidência dos Estados Unidos, também ressalta "os muitos valores compartilhados e fortes laços que existem entre os povos americano e brasileiro".
Dilma desembarcou na Base Aérea de Andrews por i volta de 17h (horário de Brasília), com mais de meia hora de atraso. Ela seguiu direto para a Casa Branca, onde foi recepcionada por Obama. Ambos se deslocaram para o memorial na mesma limousine. Mesmo com o calor de mais de 30 graus, Dilma vestia terninho preto. Obama, de terno escuro completo, tirou o paletó na metade da visita ao monumento.
Os dois voltaram a se encontrar à noite, no Salão Azul da Casa Branca, onde Obama, acompanhado do vice Joe Biden, receberam Dilma para um jantar. À mesa de 22 lugares, sentaram-se os dois líderes e dez integrantes do primeiro escalão de seus governos.
Dilma atrasou-se cerca de 15 minutos. De entrada, foram servidos bruschetta de berinjela e salada caprese. O prato principal foi cordeiro grelhado com cuscus de couve-flor e espinafre salteado. Para sobremesa, toque tropical: bolo de banana e coco com sorvete. Vinhos branco e tinto foram degustados.
Ao sair da Blair House, residência oficial da Presidência dos EUA, ela foi hostilizada por quatro brasileiros que, vestidos de verde-amarelo e a cerca de cem metros de distância, ocasionalmente gritavam "Fora Dilma" "Vão todos pra prisão", "Destruíram o Brasil" e "Vai pra Cuba"
EM BUSCA DE ENERGIA LIMPA
Hoje pela manhã, Dilma e Obama se reunirão por duas horas e, em seguida, farão declarações à imprensa. A maior expectativa é que anunciem um compromisso conjunto de Brasil e Estados Unidos para a redução das emissões poluentes e contenção do aquecimento global.
Os dois países listarão os caminhos pelos quais buscarão alcançar uma economia mais limpa, com parcerias em campos como eficiência energética, energias renováveis, biotecnologia e redes inteligentes. A indicação de comprometimento com o desmatamento zero, numa janela até 2030, também é esperada. Essa é a principal demanda dos EUA nesta visita, porque Obama quer reforçar seu legado nacional e internacional na área ambiental.
O Brasil, por sua vez, pediu que os americanos entregassem alguns "resultados concretos" que pudessem claramente ser vendidos como agenda positiva. Ontem, Dilma foi recebida em Washington com a notícia da liberação da importação da carne brasileira in natura, que se arrastava há anos.
Hoje, Dilma e Obama deverão anunciar um cronograma de implementação do chamado "Global Entry" para viajantes brasileiros. Esse programa, embora não dispense visto, institui uma linha rápida na imigração. O benefício deverá começar para empresários.
O Globo, 30/06/2015, País, p. 4
http://oglobo.globo.com/brasil/dilma-obama-visitam-monumento-em-homenagem-martin-luther-king-em-washington-16597710
Após estremecimento causado por espionagem, Obama e Dilma visitam monumento a Martin Luther King, sob temperatura de 30 graus, e jantam na Casa Branca; hoje, devem firmar acordos
FLÁVIA BARBOSA
Correspondente
fiavia.barbosa@oglobo.com.br
-WASHINGTON-
A visita oficial da presidente Dilma Rousseff a Washington começou ontem sob sol escaldante, na companhia do presidente americano, Barack Obama, em tour ao monumento dedicado ao líder do movimento dos direitos civis Martin Luther King Jr. Após 18 meses de relações gélidas devido à descoberta de que Dilma foi espionada pelos Estados Unidos, os dois se reencontraram e, por três minutos, observaram a estátua do ícone americano, esculpida em bloco único de pedra e guardado por trechos do célebre discurso "Eu tenho um sonho" inscritos em mármore.
Obama apontou diversas vezes para a obra, enquanto conversava com Dilma, dando explicações à presidente, que também teceu alguns comentários.
REFLEXÃO SOBRE RACISMO
Os dois foram acompanhados pela filha de Dilma, Paula Rousseff, e de uma guarda florestal. Segundo a Casa Branca, o monumento a Martin Luther King foi escolhido para que os líderes pudessem "refletir juntos sobre o trabalho em favor da igualdade e da justiça, e contra o racismo e a intolerância" A visita, disse a Presidência dos Estados Unidos, também ressalta "os muitos valores compartilhados e fortes laços que existem entre os povos americano e brasileiro".
Dilma desembarcou na Base Aérea de Andrews por i volta de 17h (horário de Brasília), com mais de meia hora de atraso. Ela seguiu direto para a Casa Branca, onde foi recepcionada por Obama. Ambos se deslocaram para o memorial na mesma limousine. Mesmo com o calor de mais de 30 graus, Dilma vestia terninho preto. Obama, de terno escuro completo, tirou o paletó na metade da visita ao monumento.
Os dois voltaram a se encontrar à noite, no Salão Azul da Casa Branca, onde Obama, acompanhado do vice Joe Biden, receberam Dilma para um jantar. À mesa de 22 lugares, sentaram-se os dois líderes e dez integrantes do primeiro escalão de seus governos.
Dilma atrasou-se cerca de 15 minutos. De entrada, foram servidos bruschetta de berinjela e salada caprese. O prato principal foi cordeiro grelhado com cuscus de couve-flor e espinafre salteado. Para sobremesa, toque tropical: bolo de banana e coco com sorvete. Vinhos branco e tinto foram degustados.
Ao sair da Blair House, residência oficial da Presidência dos EUA, ela foi hostilizada por quatro brasileiros que, vestidos de verde-amarelo e a cerca de cem metros de distância, ocasionalmente gritavam "Fora Dilma" "Vão todos pra prisão", "Destruíram o Brasil" e "Vai pra Cuba"
EM BUSCA DE ENERGIA LIMPA
Hoje pela manhã, Dilma e Obama se reunirão por duas horas e, em seguida, farão declarações à imprensa. A maior expectativa é que anunciem um compromisso conjunto de Brasil e Estados Unidos para a redução das emissões poluentes e contenção do aquecimento global.
Os dois países listarão os caminhos pelos quais buscarão alcançar uma economia mais limpa, com parcerias em campos como eficiência energética, energias renováveis, biotecnologia e redes inteligentes. A indicação de comprometimento com o desmatamento zero, numa janela até 2030, também é esperada. Essa é a principal demanda dos EUA nesta visita, porque Obama quer reforçar seu legado nacional e internacional na área ambiental.
O Brasil, por sua vez, pediu que os americanos entregassem alguns "resultados concretos" que pudessem claramente ser vendidos como agenda positiva. Ontem, Dilma foi recebida em Washington com a notícia da liberação da importação da carne brasileira in natura, que se arrastava há anos.
Hoje, Dilma e Obama deverão anunciar um cronograma de implementação do chamado "Global Entry" para viajantes brasileiros. Esse programa, embora não dispense visto, institui uma linha rápida na imigração. O benefício deverá começar para empresários.
O Globo, 30/06/2015, País, p. 4
http://oglobo.globo.com/brasil/dilma-obama-visitam-monumento-em-homenagem-martin-luther-king-em-washington-16597710
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