From Indigenous Peoples in Brazil
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News

G7 propõe abdicar de combustíveis fósseis

09/06/2015

Fonte: FSP, Mundo, p. A14



G7 propõe abdicar de combustíveis fósseis
Em comunicado, líderes reconhecem necessidade de acabar gradativamente com emissões de carbono até 2100
Aplaudido como avanço por ambientalistas, texto do grupo não prevê compromissos nem cronogramas

Do "Financial Times" DE SÃO PAULO

O G7, que reúne os sete países desenvolvidos mais ricos, declarou-se em consenso sobre a necessidade do mundo de abandonar gradativamente o uso de combustíveis fósseis até o fim deste século.
Reunidos na Alemanha para sua cúpula anual, líderes de EUA, Alemanha, França, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália afirmaram no comunicado final do evento que são precisos profundos cortes na emissão de gases causadores do efeito estufa e a "descarbonização" da economia ao longo do século.
O texto também ressalta uma meta de redução na emissão de gases-estufa entre 40% e 70% até 2050 ante os níveis de 2010 --a primeira ocasião em que esses países, em conjunto, apoiam metas precisas no longo prazo.
Mas o texto, embora enfatize as datas de 2050 e 2100, não propõe nenhum cronograma para o abandono dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) nem planos para reduzir as emissões.
Além disso, ao tratar de políticas oficiais de estímulo aos combustíveis sujos --um velho debate nos EUA--, ressalva que devem ser eliminados "subsídios ineficazes aos combustíveis fósseis", abrindo uma brecha para que alguns programas possam ser classificados como eficientes.
O texto é mais enfático sobre a necessidade de se apoiar o desenvolvimento de fontes alternativas e um fundo que ajude os países mais pobres a lidarem como a mudança climática. Os líderes reafirmaram o compromisso de, até 2020, mobilizar US$ 100 bilhões ao ano de fontes privadas e públicas para tanto.

NEGOCIAÇÕES
De forma geral, porém, a declaração foi bem recebida.
Ativistas do clima disseram que as decisões das democracias mais ricas estimulariam a negociação entre quase 200 países para fechar um acordo global na convenção sobre o clima marcada para dezembro em Paris.
"Pela primeira vez na história, os líderes do G7 se uniram em torno de uma meta de longo prazo de descarbonizar a economia mundial", disse Jennifer Morgan, chefe do programa de clima no World Resources Institute, importante organização ambiental dos EUA.
Isso "tornará evidente para empresas e mercados financeiros que os investimentos mais lucrativos derivarão de tecnologias que promovam o baixo uso do carbono".
O objetivo proposto pelo G7 é um desafio potencialmente imenso para empresas de petróleo, gás natural e carvão, que podem enfrentar pressão para transformar seus negócios ou investir mais em tecnologias como a captura e armazenagem de carbono.
A queima de combustíveis fósseis libera na atmosfera dióxido de carbono, um dos causadores do efeito estufa, que, segundo cientistas, está elevando as temperaturas do planeta a níveis arriscados.


Comunicado conjunto demonstra boas intenções, mas não prevê maiores ações

Luciana Coelho Editora de "Mundo"

Ao declararem, em comunicado, que "cortes profundos na emissão de gases-estufa são necessários junto com a descarbonização da economia global ao longo deste século", os líderes do G7 provocaram alvoroço.
Publicações como os jornais britânicos "Financial Times" "The Guardian" louvaram a frase como histórica.
É, afinal, a primeira vez que os líderes das sete potências desenvolvidas, em conjunto, põem a necessidade de abandonar o uso dos combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) em um futuro visível, ainda que distante.
Mas o texto não firma compromissos nem prevê mudança de atitudes. É, essencialmente, uma declaração de boas intenções para se forjar algum consenso na Conferência do Clima que ocorrerá em dezembro em Paris.
A própria palavra "descarbonização" é ambígua, como notou a agência "Associated Press" (AP). "Significa substituir combustíveis fósseis por fontes alternativas como energia solar e eólica. Mas o termo está aberto a interpretações que incluem o uso de alguns combustíveis fósseis."
Ou, também, a ideia de "compensar" o uso desses combustíveis com medidas como o plantio de florestas.
Um porta-voz do governo alemão consultado pela AP disse que a chanceler Angela Merkel referiu-se, ao usar a palavra, a reduções "substanciais" das emissões de gases-estufa nas próximas décadas e a "quase zero" até 2100. Não falou, pois, em combustíveis.
Para Carlos Rittl, secretário-executivo da rede de ONGs Observatório do Clima, há ainda uma distância entre a declaração e as ações.
"A ambição e a urgência declaradas pelos países mais ricos não correspondem aos compromissos colocados na mesa por EUA, Canadá e União Europeia e ao que o Japão tem sinalizado que fará", afirmou, citando as metas estabelecidas ou almejadas para o corte de emissões. "Alguém precisa virar esse jogo, e quem está em melhores condições de fazer isso com ganhos para a economia é o Brasil", disse à Folha.
Ulf Moslener, professor de energia sustentável na Escola de Finanças e Administração de Frankfurt, disse à AP que o comunicado é, "em boa parte, uma confirmação daquilo sobre o que já se concordou antes". "Seu valor é deixar desenvolvidos na mesma página para negociar com países em desenvolvimento."

FSP, 09/06/2015, Mundo, p. A14

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/222062-g7-propoe-abdicar-de-combustiveis-fosseis.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/222064-comunicado-conjunto-demonstra-boas-intencoes-mas-nao-preve-maiores-acoes.shtml
 

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