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Cantareira tem melhor mês em 2 anos

28/02/2015

Fonte: OESP, Metrópole, p. E6



Cantareira tem melhor mês em 2 anos
Vazão no manancial chegou a 36,4 mil litros por segundo, três vezes maior do que em 2014; chuvas ficaram quase 50% acima da média

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

Após atingir o nível mais baixo da história no início deste mês, o Sistema Cantareira encerra fevereiro com a maior entrada de água nas represas em quase dois anos.
Desde março de 2013, o manancial que abastece 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo não registrava volume tão favorável, com 36,4 mil litros por segundo, vazão três vezes maior do que em janeiro passado e fevereiro de 2014, que foi de 8,5 mil litros por segundo. O governo ainda vai esperar o fim do próximo mês para definir a necessidade de um rodízio oficial.
O aumento da vazão foi provocado pela volta das chuvas na região dos rios e represas que formam o sistema. A pluviometria em fevereiro ficou 47,5% acima do esperado. Até esta sexta-feira, 27, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) registrava um saldo de 293,7 milímetros, ante uma média de 199,1 milímetros para o mês. Para autoridades estaduais e federais, os números indicam uma "quebra de tendência" de seca extrema no principal manancial paulista.
Hidrólogos e meteorologistas, contudo, alertam que ainda é cedo para cravar uma mudança permanente no padrão climático. Previsão divulgada pelo Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação aponta uma tendência de diminuição de chuva na Região Sudeste nos próximos três meses. A redução já ocorreu nos últimos dias de fevereiro. Nesta sexta, 27, o nível do Cantareira ficou estável pela primeira vez após 21 dias de altas consecutivas. O sistema está com 11,1%, considerando duas cotas do volume morto.

Avanço. Em um mês, o nível do Sistema Cantareira subiu 6,1 pontos porcentuais. Pela primeira vez desde abril de 2013 o sistema fecha o mês no azul, com saldo de 61,1 bilhões de litros, o que ajudou a recuperar a segunda cota do volume morto. Nesta sexta, pescadores já conseguiam tirar peixes da Represa Atibainha - o que alegavam ser difícil anteriormente.
O resultado, porém, só pôde ser alcançado por causa da redução significativa no volume de água retirado do sistema para atender a Grande São Paulo e mais 5 milhões de pessoas nas regiões de Campinas e Piracicaba. Só de janeiro para fevereiro, a queda na captação de água do Cantareira foi de 6 mil litros por segundo, volume equivalente ao que a Sabesp pretende produzir com o Sistema São Lourenço, em construção no Vale do Ribeira e com conclusão prevista para 2017. Em fevereiro, a retirada total do sistema chegou a 10,9 mil litros por segundo. Antes da crise declarada, no início de 2014, a retirada chegava a 33 mil litros por segundo. Entre os motivos que ajudaram na redução estão as chuvas na bacia de Piracicaba, que elevaram o nível dos rios que abastecem a região e diminuíram a dependência de Campinas do sistema.

Pressão. Na Grande São Paulo, a Sabesp intensificou a redução da pressão e fez o fechamento manual de até 40% da rede, conforme o Estado revelou no início do mês, o que resultou em economia de 8,5 mil litros por segundo, mais do que o dobro dos 3,5 mil litros por segundo economizados pela população, segundo a empresa.
Em depoimento na CPI da Sabesp na Câmara Municipal, o presidente da empresa, Jerson Kelman, admitiu que as manobras feitas na rede reduziram a pressão da água nas tubulações para apenas 1 metro de coluna d'água, bem abaixo do mínimo de 10 metros estabelecido pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Segundo um dirigente da Sabesp, as práticas chegam a despressurizar completamente a rede em pontos altos, deixando famílias sem água e com risco de contaminação da água por infiltração do lençol freático.


Alckmin descarta levar água do litoral sul para a capital

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou ontem o uso da água de rios da serra do litoral sul paulista para abastecer a Grande São Paulo. O motivo seria o alto custo de energia elétrica que precisaria ser empregada no processo - várias bombas trariam a água do litoral para o planalto. "Seria muito longe buscar água no litoral, além do desnível de 700 metros de altura", disse o governador, em evento no Vale do Paraíba.
Alckmin afirmou ainda que as obras do Estado para interligação dos reservatórios estão "rigorosamente em dia". Para garantir o abastecimento e aliviar o Sistema Cantareira, o governo está finalizando as obras para retirada de água do Rio São Lourenço. De acordo com Alckmin, inicialmente, serão 6,4 mil litros de água por segundo a mais no sistema. A obra está 70% concluída e foi viabilizada por meio de uma PPP.


Comércio usa água despejada por prédio
Líquido vem do lençol freático; construtora fala em contaminação e governo não vê problemas

Diego Zanchetta - O Estado de S. Paulo

A cada 15 minutos, um espigão recém-inaugurado na esquina das Ruas Augusta e Dona Antônia de Queirós, na região central de São Paulo, jorra centenas de litros de água na sarjeta. "Nem que eu tivesse uma caixa d'água de 50 mil litros daria para segurar o tanto de água que brota do lençol (freático) que está embaixo da nossa garagem", diz o gestor do condomínio Capital Augusta, José França, de 52 anos.
O edifício de fachada moderna e com pé-direito alto tem 16 andares, 160 apartamentos e um enorme subsolo usado como garagem. A água límpida e gelada é jogada na rua por meio de um cano branco que passa por baixo dessa garagem. O líquido é parecido com o de uma mina e corre como uma nascente por mais de 300 metros ao longo da Augusta, até entrar em um bueiro, na esquina com a Praça Roosevelt.
Pela manhã, alguns comerciantes usam baldes para pegar a água e lavar seus bares. Outros enchem suas caixas d'água esvaziadas à noite. "A água é limpinha, dá para lavar minha calçada e alguns carros", afirma o manobrista Leandro Cardoso, de 29 anos, que trabalha em um estacionamento na esquina das Ruas Augusta e Caio Prado.

'Vontade de chorar'. Moradores indignados com o desperdício procuraram a reportagem, após serem informados pelo governo estadual de que não havia ilegalidade no procedimento adotado pelo prédio. "Não dá nem para acreditar nisso. É dia e noite essa água jogada fora, dá vontade de chorar até", lamenta a aposentada Cleunice de Souza Antunes, de 69 anos, moradora da Rua Caio Prado.
O problema no edifício da Rua Augusta ocorre em outros da capital construídos sobre cursos d'água ou lençóis freáticos. Ao erguer a garagem subterrânea, a construção do Condomínio Capital Augusta atingiu o lençol. Para evitar o alagamento da garagem, o prédios joga a água em excesso na rua, causando um desperdício não calculado de água.
"A água é contaminada, o pessoal da construtora (Esser) falou que não dá para usar nem para regar as plantas", acrescentou o gestor do condomínio. Já o Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) informou que o prédio, se quisesse fazer o reúso da água para lavar suas dependências, por exemplo, teria de pedir autorização ao órgão.
O DAEE diz ainda que não existe desperdício, uma vez que a água drenada para as sarjetas "por vários prédios na cidade de São Paulo" acaba sendo lançada em bueiros. Aí essa água é lançada em uma rede de microdrenagem e chega a um córrego, completando seu "ciclo hidrológico", segundo o governo.
Mas essa mesma água que sai limpa do prédio entra em um córrego poluído, ou seja, ela precisa ser tratada várias vezes, o que resulta em um custo aos cofres da Sabesp, responsável pelo tratamento de efluentes na capital paulista.
Responsável pelo Capital Augusta, a Esser informou que "a água proveniente do sistema de drenagem é imprópria para o consumo e o contato humano e poderá ser reutilizada apenas caso haja interesse do condomínio e seus condôminos, que são responsáveis pelas obras necessárias para sua reutilização e tratamento". A empresa diz que o descarte de água é feito "conforme determinação da legislação".
"É um absurdo esse desperdício. Nunca vi coisa igual", afirma o jornalista Carlos Alfredo Paiva, de 26 anos, morador ao lado. Outros vizinhos já foram cobrar do gestor do prédio uma providência contra o desperdício.

Outro exemplo. Alvo de protestos de vizinhos por adotar a mesma drenagem de água na sarjeta da Rua Frei Caneca, o Condomínio Paulista Home Resort obteve autorização para fazer o reúso da água do lençol freático na lavagem semanal das dependências do prédio.

OESP, 28/02/2015, Metrópole, p. E6

http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,cantareira-tem-melhor-mes-em-2-anos,1641549

http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,comercio-usa-agua-despejada-por-predio-em-sao-paulo,1641534
 

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