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Para evitar apagão no Sudeste, outras regiões ficam sem energia de reserva

17/02/2015

Fonte: OESP, Economia, p. B1



Para evitar apagão no Sudeste, outras regiões ficam sem energia de reserva
ONS usa sobra equivalente a 5% da eletricidade total consumida no País - o que é chamado pelo setor de 'energia girante' - para garantir a entrega imediata no momento em que técnicos percebem aumento de consumo

André Borges e Anne Warth - O Estado de S.Paulo

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem enviado a maior parte da "energia de reserva" de que o setor elétrico dispõe para as Regiões Sudeste e Centro-Oeste do País. O objetivo é garantir o suprimento no horário de pico dos maiores centros de consumo e evitar riscos de apagão, como o ocorrido no dia 19 de janeiro, quando 11 Estados e o Distrito Federal ficaram sem energia.
Por outro lado, regiões como o Sul, que hoje tem exportado grande parte da energia consumida no restante do País, têm atravessado os dias com índices bem inferiores ao volume recomendado.
Conhecida no setor como "reserva girante", essa parcela de energia corresponde a uma sobra equivalente a 5% da eletricidade total consumida no País. Na prática, essa potência fica à disposição do ONS, que pode convocar as usinas para a entrega imediata da energia no momento em que perceber um aumento no consumo.
No dia do apagão de janeiro, segundo indicam os dados do operador do sistema, a energia de reserva que estava disponível não deu conta do recado.
Para garantir o abastecimento nacional, o ONS programa diariamente uma reserva total de 2.559 megawatts (MW), potência que é dividida entre as diferentes regiões do País. Naquela data, porém, essa "gordura" limitava-se a 1.549 MW. A situação ficou muito complicada justamente no Sudeste e Centro-Oeste, que deveriam ter à disposição uma sobrecarga de 1.529 MW, mas tiveram de se virar com apenas 281 MW.
Desde então, o ONS apelou a vários expedientes para ampliar a capacidade de produção, entre eles a importação de energia da Argentina, o aumento da geração por térmicas da Petrobrás e, nesta semana, o acionamento da termelétrica de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. Todas essas medidas têm como objetivo elevar a reserva na região Sudeste, principalmente.
O presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, afirma que a Região Sudeste requer mais reservas, justamente porque é a maior consumidora de energia do País. Além disso, é a região que mais sofre hoje com a queda drástica nos níveis de seus principais reservatórios, ao lado do Nordeste.
"Essa alternativa dá mais segurança para o abastecimento no Nordeste, que está mais próximo do Norte e pode receber energia de lá, caso haja um aumento na demanda local. O Sudeste, por estar mais distante, precisa de reservas locais", explicou Mello.

Saldo. Do apagão para cá, o ONS tem concentrado grande parte da sobrecarga disponível nas duas, tendo ficado com um saldo inferior ao recomendado em uma única ocasião. Na última segunda-feira, por exemplo, a reserva girante para o Sudeste e Centro-Oeste chegou a atingir 8.176 MW, superando em mais de cinco vezes o volume recomendado.
Os especialistas afirmam que, apesar da frustração na reserva de energia em outras regiões, o intercâmbio de energia pode atenuar os riscos e garantir o abastecimento. "A realidade é que não temos outra opção. Essa é a única estratégia possível", disse João Carlos Mello.
A melhora no volume de chuvas nos últimos dias e o feriado de carnaval tendem a aliviar a carga sobre o sistema elétrico. O operador, porém, deve se manter em alerta.
No dia do apagão, havia uma expectativa de queda no consumo, devido ao feriado prolongado no Rio de Janeiro. Essa redução, no entanto, não se confirmou e tem sido apontada por fontes do setor como uma das causas do blecaute. Ao subestimar o consumo, o ONS teria colocado diversas usinas em manutenção, o que reduziu a reserva disponível.


Para especialistas, racionamento deverá ser decretado em 100 dias
Técnicos dizem que restrição ao consumo de energia deve ficar entre 10% a 20% da carga, mas há quem projete até 30%

André Magnabosco - O Estado de S. Paulo

O racionamento de energia é inevitável e seu anúncio terá de ser feito em um prazo máximo de 100 dias. Esta é a previsão de especialistas do setor elétrico diante da situação de falta de chuvas que atinge, sobretudo, o Sudeste do País.
O atual nível dos reservatórios e a previsão pluviométrica para o final do período chuvoso, até abril, mostram que o volume de água armazenada não subirá o necessário para que o Brasil tenha condições de superar o período seco, de maio a outubro. Por isso, o intervalo entre o final de abril e o início de maio é considerada data limite para um anúncio oficial de racionamento. Tenha este nome ou racionalização, termo preferido pelo governo.
A demora federal em anunciar o racionamento ou ao menos iniciar uma ampla campanha de conscientização de consumo racional agrava a situação e pode fazer com que o corte seja ainda maior.
Entre especialistas, acredita-se que a restrição deva ficar entre 10% e 20% da carga, mas há quem projete números de 5% a 30%, a depender do ritmo da atividade econômica nos próximos meses. O alívio poderia vir da desaceleração da economia brasileira e da queda na produção da indústria nacional, esta motivada principalmente pela falta de água em Estados como São Paulo e Minas Gerais.
"Se continuar a seca existente neste momento e se considerarmos as previsões de vazão do ONS, chegamos até abril", afirmou a diretora da Engenho Consultoria, Leontina Pinto, em referência a previsões recentes do Operador Nacional do Sistema elétrico.

Limites. A análise leva em conta o limite mínimo de 10% no nível dos reservatórios proposto no mês passado pelo ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. O problema é que o limite de 10% deveria ser alcançado no final do período seco, no último trimestre do ano, e não no primeiro semestre.
Para que o limite de 10% fosse respeitado, o nível dos reservatórios do País deveria chegar ao final de abril com o equivalente a 35% capacidade de armazenamento. A projeção foi feita em dezembro passado pelo diretor geral do ONS, Hermes Chipp. Na oportunidade, ele destacou que o número seria alcançado se o volume de chuvas até o mês de abril ficasse próximo a 70% da média histórica, o que não ocorreu até o momento.
O crescente risco de racionamento já foi acusado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), vinculado ao Ministério de Minas e Energia. Na semana passada, o CMSE elevou de 4,9% para 7,3% o risco de desabastecimento de eletricidade na Região Sudeste/Centro-Oeste em 2015. O número superou o limite tolerado pelo comitê, de 5%, porém nenhuma medida de corte de oferta foi anunciada.

Corte maior. "É um absurdo que o órgão de monitoramento ainda não tenha decretado racionamento. Se tivesse havido racionalização (de energia) em 2013, teríamos alcançado o objetivo de redução de consumo. Mas hoje falamos de cortes equivalentes a 10% a 20% da carga para que se tenha recuperação dos reservatórios", salientou o diretor da consultoria Thymos Energia, Ricardo Savoia. Em 2013, segundo Savoia, as projeções já sugeriam situação desfavorável ao fornecimento de energia no Brasil.
Agora, com mais de um ano de atraso, na visão dos especialistas, o governo começa a sinalizar a possibilidade de elaborar uma campanha de conscientização da população, medida que pode ser insuficiente. "A questão é que não temos mais tempo a perder. Se adiar mais um, dois, três meses, o governo aumenta o buraco", alerta o diretor da PSR, Marco Antonio Siqueira. A consultoria estima em 58% o atual risco de haver racionamento em 2015.
O anúncio de um racionamento apenas em abril coincidiria com o fim do período de chuvas e da expectativa de recuperação dos reservatórios. Caso o anúncio ocorra em abril, é possível que a adoção prática da medida seja implementada somente em junho.

OESP, 17/02/2015, Economia, p. B1

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,para-evitar-apagao-no-se-outras-regioes-ficam-sem-energia-de-reserva-imp-,1635492

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,racionamento-devera-ser-decretado-em-100-dias-dizem-especialistas-imp-,1635496
 

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