De Pueblos Indígenas en Brasil
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A contínua luta dos Chiquitano pela sua terra tradicional
21/05/2014
Autor: Mario Bordignon
Fonte: Cimi- http://www.cimi.org.br
Isolados perto da fronteira do estado do Mato Grosso com a Bolívia e esquecidos há muito tempo, pelas autoridades e mesmo pela Igreja, os Chiquitano resolveram fazer ouvir sua voz. Fazendeiros e políticos chegando à região, se aproveitam do isolamento geográfico e assistencial para negar a eles os direitos originários à terra onde nasceram seus ancestrais. Estes senhores, esquecendo que quem traçou as fronteiras em território chiquitano foram espanhóis e portugueses, soltam frases como estas: "Vocês não são índios" e "Vocês são bolivianos".
Fazem de tudo para não deixar demarcar as terras deles. Mas no começo do século XXI as coisas começaram a mudar. A Fundação Nacional do Índio (Funai) começou timidamente a fazer alguns estudos das áreas. A Portal do Encantado está até delimitada. Nada foi feito ainda na área Vila Nova Barbecho e na Bahia Grande onde se encontra a aldeia Aparecida. Grandes são os sofrimentos nestas duas últimas áreas e até os direitos humanos mais essenciais são constantemente ameaçados: proibido o encanamento da água potável, o direito de ir e vir, de caçar e de ter um pedaço de chão para manter com dignidade a própria família. A Igreja se fez presente primeiro através da Pastoral da Criança e depois através do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também com uma equipe itinerante.
As lideranças começaram a frequentar as repartições públicas em Cuiabá e em Brasília para defender seus direitos à terra, à saúde e à educação. Um bom grupo de jovens está se formando nas universidades. Neste contexto aconteceu na aldeia do Portal do Encantado o Encontro de Formação de Lideranças Indígenas de Mato Grosso, entre os dias 16 e 18 de maio de 2014. Dos 2.500 Chiquitano, mais de cem participaram, além dos Bororo, Xavante, Karajá, Tapirapé, Kanela, Umutina, Kayabi, Apiaká e Munduruku, que vieram dar seu apoio à luta para a demarcação de suas terras.
O ritmo marcante do tambor, o som do pífano e a dança das bandeiras sagradas, no meio da dança do povo, deram início ao histórico encontro. A cultura chiquitana permeada pela religião trazida pelos jesuítas desde 1692 permanece forte mesmo após muito tempo sem mais a presença dos mesmos religiosos. Fazendo uso do seu direito, os anciões, dona Rosália e Lourenço, rezaram e falaram primeiro na língua nativa e depois em português. Lourenço afirmou: "Esta terra para nós é sagrada. Foi Deus quem nos deu. Ele deu terra para todos, não só para o branco. Deste Vale do Encantado saíram todos os Chiquitano e ocuparam todo este território". Depois outros fizeram uso da palavra. Segundo Síria Chiquitano: "Nós nascemos índios e morremos índios. Nós não viramos índios como dizem os fazendeiros. Quanto sofrimento. Bem falou o Dr. Roberto Vaz Curvo, nosso assessor, que a moda aqui na região era: desce o pau na bugrada". Já Antônio Chiquitano avalia que: "Nós aqui tem que ser político desde a barriga da mãe para aprender a lutar e nos defender", enquanto Alessandra sugere:"Nós somos um povo muito grande, nós temos força, temos que assumir os nossos setores e não só questionar a Funai, os prefeitos, o governo". A enfermeira Chiquitano Luzenil considerou que: "Terra, saúde e educação tem que ir juntas. Vamos também juntar nossa sabedoria indígena com o saber da universidade",
Todas as lideranças das outras etnias manifestaram cada qual do seu jeito seu apoio e solidariedade aos Chiquitano. Assim Falou Valeriano Xavante: "Eu sonhei que este bonito Vale do Encantado estava cheio de Chiquitano e todo índio de Mato Grosso cantando, dançando e gritando; Índio unido jamais será vencido". Faustino Kayabi lembrou:"Nós lutamos muitos anos até conseguir demarcar nossas terras. Ainda nos falta o Batelão. Falo para vocês: 'Não desanimem, se não é hoje é amanhã, mas o dia vai chegar'." Já no final do Encontro, Lucimar Umutina disse que: "Índio sem terra não é nada, índio é da terra, terra é do índio. Vamos juntar forças para defender nossa terra". Por último, dona Leonida Bororo concluiu: "Nós também lutamos e sofremos muito por causa da terra. Padre Rodolfo e Simão Bororo morreram e outros quatro foram baleados. Meus irmãos Chiquitano, é com muita fé e com muita luta que vocês vão conseguir a vossa terra".
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=7541
Fazem de tudo para não deixar demarcar as terras deles. Mas no começo do século XXI as coisas começaram a mudar. A Fundação Nacional do Índio (Funai) começou timidamente a fazer alguns estudos das áreas. A Portal do Encantado está até delimitada. Nada foi feito ainda na área Vila Nova Barbecho e na Bahia Grande onde se encontra a aldeia Aparecida. Grandes são os sofrimentos nestas duas últimas áreas e até os direitos humanos mais essenciais são constantemente ameaçados: proibido o encanamento da água potável, o direito de ir e vir, de caçar e de ter um pedaço de chão para manter com dignidade a própria família. A Igreja se fez presente primeiro através da Pastoral da Criança e depois através do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), também com uma equipe itinerante.
As lideranças começaram a frequentar as repartições públicas em Cuiabá e em Brasília para defender seus direitos à terra, à saúde e à educação. Um bom grupo de jovens está se formando nas universidades. Neste contexto aconteceu na aldeia do Portal do Encantado o Encontro de Formação de Lideranças Indígenas de Mato Grosso, entre os dias 16 e 18 de maio de 2014. Dos 2.500 Chiquitano, mais de cem participaram, além dos Bororo, Xavante, Karajá, Tapirapé, Kanela, Umutina, Kayabi, Apiaká e Munduruku, que vieram dar seu apoio à luta para a demarcação de suas terras.
O ritmo marcante do tambor, o som do pífano e a dança das bandeiras sagradas, no meio da dança do povo, deram início ao histórico encontro. A cultura chiquitana permeada pela religião trazida pelos jesuítas desde 1692 permanece forte mesmo após muito tempo sem mais a presença dos mesmos religiosos. Fazendo uso do seu direito, os anciões, dona Rosália e Lourenço, rezaram e falaram primeiro na língua nativa e depois em português. Lourenço afirmou: "Esta terra para nós é sagrada. Foi Deus quem nos deu. Ele deu terra para todos, não só para o branco. Deste Vale do Encantado saíram todos os Chiquitano e ocuparam todo este território". Depois outros fizeram uso da palavra. Segundo Síria Chiquitano: "Nós nascemos índios e morremos índios. Nós não viramos índios como dizem os fazendeiros. Quanto sofrimento. Bem falou o Dr. Roberto Vaz Curvo, nosso assessor, que a moda aqui na região era: desce o pau na bugrada". Já Antônio Chiquitano avalia que: "Nós aqui tem que ser político desde a barriga da mãe para aprender a lutar e nos defender", enquanto Alessandra sugere:"Nós somos um povo muito grande, nós temos força, temos que assumir os nossos setores e não só questionar a Funai, os prefeitos, o governo". A enfermeira Chiquitano Luzenil considerou que: "Terra, saúde e educação tem que ir juntas. Vamos também juntar nossa sabedoria indígena com o saber da universidade",
Todas as lideranças das outras etnias manifestaram cada qual do seu jeito seu apoio e solidariedade aos Chiquitano. Assim Falou Valeriano Xavante: "Eu sonhei que este bonito Vale do Encantado estava cheio de Chiquitano e todo índio de Mato Grosso cantando, dançando e gritando; Índio unido jamais será vencido". Faustino Kayabi lembrou:"Nós lutamos muitos anos até conseguir demarcar nossas terras. Ainda nos falta o Batelão. Falo para vocês: 'Não desanimem, se não é hoje é amanhã, mas o dia vai chegar'." Já no final do Encontro, Lucimar Umutina disse que: "Índio sem terra não é nada, índio é da terra, terra é do índio. Vamos juntar forças para defender nossa terra". Por último, dona Leonida Bororo concluiu: "Nós também lutamos e sofremos muito por causa da terra. Padre Rodolfo e Simão Bororo morreram e outros quatro foram baleados. Meus irmãos Chiquitano, é com muita fé e com muita luta que vocês vão conseguir a vossa terra".
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