De Pueblos Indígenas en Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Noticias

Grande mídia brasileira falha na cobertura da questão indígena

25/05/2004

Autor: Tadeu Breda

Fonte: Agência USP-São Paulo-SP



Pesquisa realizada na ECA com jornais de grande circulação nacional aponta que 46,5% das reportagens envolvendo a questão indígena no país não ouve os índios

"Na maioria das vezes, o índio só aparece na tevê, no rádio e nos jornais quando há conflito e problemas relacionados à terra"

O jornalismo, da forma como é feito pela grande imprensa brasileira, não contribui para o diálogo intercultural entre índios e não-índios do País. A pesquisa Diálogo Parcial - uma análise da cobertura da imprensa para a questão indígena brasileira, do jornalista Maurício Pimentel Homem de Bittencourt, além de mostrar que o tratamento da imprensa em relação à questão é inadequado, apresenta propostas para melhorar as coberturas sobre o assunto. O estudo foi apresentado na Escola de Comunicações e Artes da USP.

Bittencourt pesquisou as reportagens sobre a questão indígena publicadas nos quatro maiores jornais do país ("Folha de S. Paulo", "O Estado de S. Paulo", "O Globo" e "Jornal do Brasil") de abril a junho de 2003. "O resultado indica que em 46,5% das reportagens os jornalistas não ouviram o índio", diz. "Isso vai contra um dos princípios básicos do jornalismo, que é consultar os principais envolvidos na notícia."

Além do levantamento nos veículos de imprensa, Bittencourt fez quatro visitas a aldeias indígenas nos municípios de Dourados e Tacuru, no Mato Grosso do Sul, e no Pico do Jaraguá, em São Paulo. Também entrevistou seis "comunicadores interculturais" (profissionais que fazem a comunicação entre a sociedade brasileira e as sociedades indígenas) sobre a cobertura do assunto pela mídia. "Entre os entrevistados, o consenso foi de que, na maioria das vezes, o índio só aparece na tevê, no rádio e nos jornais quando há conflito e problemas relacionados à terra", diz o pesquisador. "Por isso, muitas coberturas acabam sendo feitas de forma sensacionalista."

Bittencourt lembra que a falta de ética de alguns jornalistas e jornais e a manipulação de interesses também foram aspectos citados pelos entrevistados. "Por não conhecer de forma aprofundada a questão indígena no Brasil, o jornalista acaba sendo manipulado, tanto por índios como por não-índios", acrescenta.

Sugestões
Baseado nisso, o pesquisador traz sugestões para que os veículos de comunicação melhorem a cobertura dos temas indígenas. "Para ser mais eficiente na construção de um diálogo entre índios e não-índios, sugiro que o jornalista pesquise a cultura da etnia e a história da região a ser abordada, e também consulte algum especialista", explica. "Como em toda reportagem, o jornalista precisa esquecer qualquer tipo de preconceito."

Bittencourt argumenta que a falta de sintonia entre a sociedade brasileira e a indígena pode ser considerada um "mal-entendido cultural" - o que é, segundo ele, extremamente prejudicial ao País. "Sem dialogar com os índios, nós deixamos de ter acesso a um patrimônio cultural, social e natural riquíssimo e único. Esse mal-entendido cultural pode ser desfeito. E a mídia, como formadora de opinião, tem um grande papel nesse processo."
 

Las noticias publicadas en el sitio Povos Indígenas do Brasil (Pueblos Indígenas del Brasil) son investigadas en forma diaria a partir de fuentes diferentes y transcriptas tal cual se presentan en su canal de origen. El Instituto Socioambiental no se responsabiliza por las opiniones o errores publicados en esos textos. En el caso en el que Usted encuentre alguna inconsistencia en las noticias, por favor, póngase en contacto en forma directa con la fuente mencionada.