De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

“Nhanderu acha que o mundo já está muito velho e quer limpar a terra”

por Kunhã Tatá (Doralice Fernandes)

Takuá e Ka’a são filhas de Nhanderu. Ka’a é a erva mate. Quando Nhanderu andava pela terra, pegou um galhinho de cedrinho e assoprou, fazendo uma criança que brincava e urinava por todo canto. Então nasceu um brotinho de erva mate. Era uma menina, e ela já cantava com takuapu, por isso até hoje as mulheres cantam batendo o bastão de taquara no chão. Takuá e Ka’a foram embora com Nhanderu quando o mundo pegou fogo, veio a água, acabou. Mas a gente tem até hoje erva mate para fazer chimarrão e taquara para o takuapu, e para trançar a palha para peneira, balainho, tipiti. Agora nhe’e kuery, os espíritos que moram com Nhanderu, estão falando para os pajés que a terra vai acabar outra vez . Antigamente já houve a escuridão. Não amanhecia mais, assim mesmo veio a água. Nessa terra onde nós estamos agora, mais tarde ou mais cedo isso também vai acontecer. Se isso não acontecer, a gente não vai aguentar mais o calor aumentando, e vai vir chuva, e vai vir yapó ha’puá tatareve’gua, barro com fogo do céu. Nhanderu acha que o mundo já está muito velho e quer limpar a terra. Depois vem a água e limpa tudo. Aí pode começar de novo.